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Alemanha elaborou 'plano secreto de guerra' contra a Rússia

O documento de 1,2 mil páginas foi traçado há cerca de dois anos e meio por membros do alto escalão do Exército Alemão, revela uma matéria do jornal americano The Wall Street Journal desta quarta-feira (26).

De acordo com a reportagem, oficiais do exército alemão acreditavam, a princípio, que a Rússia estaria pronta para atacar a Otan a partir de 2029.

No entanto, uma série de eventos recentes de sabotagem, espionagem e invasão do espaço aéreo europeu, atribuídos a Moscou, levantam a suspeita de que um ataque por parte do país de Vladimir Putin possa ocorrer antes mesmo desse prazo.

Um cessar-fogo com a Ucrânia, que vem sendo pressionada pelos Estados Unidos, também pode dar tempo e recursos para a Rússia preparar uma agressão a aliados da Otan, acrescentam analistas ouvidos pelo WSJ.

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Caso ocorra uma guerra entre Rússia e as potenciais ocidentais, a Alemanha teria um papel primordial pela localização geográfica, já que, com os Alpes formando uma barreira natural, as tropas da Otan teriam de cruzar o país para chegar à Europa Oriental.

Além de detalhes logísticos envolvendo linhas férreas, rodovias, portos e caminhos pelos quais tropas e suprimentos seriam transportados, o plano também delineia como soldados e veículos seriam protegidos, alimentados e hospedados nesse deslocamento.

Ainda de acordo com o WSJ, o OPLAN DEU também serviria para dissuadir a Rússia de uma eventual intenção de atacar os territórios da Otan.

"O objetivo é prevenir a guerra deixando bem claro para nossos inimigos que, se eles nos atacarem, não serão bem-sucedidos", disse um oficial de alto escalão e um dos autores do plano ao jornal.

Governo da Alemanha quer alcançar meta de 260 mil militares na ativa. — Foto: Federico Gambarini/dpa/picture alliance via DW

A reportagem destaca como um dos principais desafios do plano justamente a mentalidade que foi adotada pela Alemanha após a Guerra Fria e a reunificação do país, em 1990.

Um "otimismo pacífico" acabou fazendo com que Berlim deixasse de lado o investimento em infraestruturas de uso dual, que haviam sido pensadas para o caso de o Alemanha ficar no meio a um conflito global, como entre americanos e soviéticos.

Um dos exemplos de estrutura de uso dual foram as autobahns, cuja construção previa a sua conversão para uma pista de pouso de aeronaves de grande porte.

Para isso, os guarda-corpos podiam ser facilmente removidos, assim como a divisão central das faixas. Além disso, havia tanques subterrâneos de combustível e estruturas para a montagem instantânea de torres de controle aéreo.

No entanto, após os anos 1990, esses projetos foram deixados de lado – e muitas das estradas mais recentes não possuem essa função de uso dual.

Segundo o WSJ, o governo alemão acredita que 20% das rodovias e 25% das pontes precisam de reformas para permitir a passagem de veículos de grande porte. Para os portos do Mar do Norte e Báltico, estão sendo calculados investimentos de 15 bilhões de euros (R$ 93 bilhões), dos quais 3 bilhões somente para projetos que permitam o uso dual de infraestrutura.

O plano de guerra da Alemanha também cita a necessidade de que sejam facilitadas as parcerias com o setor privado caso a ameaça russa se concretize.

Empresas já vêm sendo acionadas para treinamentos, como foi o caso da Rheinmetall, especializada em logística, que assinou um contrato de 260 milhões de euros para dar suporte às tropas alemãs e da Otan, diz a reportagem.

Nos últimos meses, a Rheinmetall efetuou, em 14 dias, a construção completa de um acampamento para 500 soldados, com alojamento, cinco postos de combustíveis, um refeitório e vigilância por drones, uma espécie de "cidade construída do nada em 14 dias e desmontada em sete", contou uma fonte da Rheimetall ao jornal americano.

A operação, no entanto, revelou também as limitações da infraestrutura alemã: não houve capacidade para acomodar todos os veículos e o terreno era irregular, obrigando a empresa a transportar soldados de um lado para o outro.

Mesmo assim, as forças armadas alemãs têm sido otimistas quanto à implementação do plano, ressalta o Wall Street Journal.

"Considerando que começamops do zero no início de 2023, estamos muito satisfeitos com o ponto onde estamos hoje. É um projeto muito sofisticado", disse um dos coautores do OPLAN DEU ao jornal.
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