Alimentos voltam a ficar mais caros após quatro meses de queda

Tubérculos impedem nova deflação dos produtos alimentícios. Os preços da batata-doce (10,44%), batata-inglesa (8,56%), mandioca (6,01%) e inhame (2,64%) aparecem entre as principais vilões do IPCA. O óleo de soja e alguns tipos de pescado também ficaram mais caros no mês passado.

Queda de preço dos alimentos consumidos em casa surpreende. "A deflação da alimentação na leitura do IPCA de outubro surge na contramão do que era esperado", afirma Júlio Barros, economista do Daycoval. Contribuíram para o recuo os preços do arroz (-2,49%), do leite longa vida (-1,88%) e das frutas (-0,69%).

Avanço foi puxado pelos preços da alimentação fora de casa. Diferentemente da deflação apresentada pelos alimentos nos últimos meses, o subgrupo registra variação positiva em todo o período. Em outubro, a alta de 0,46% representa uma aceleração na comparação com a taxa de setembro (+0,11%). O resultado foi impactado pelo aumento de preços dos subitens lanche (de 0,53% para 0,75%) e da refeição (de -0,16% para 0,38%).

Sazonalidade abre caminho para altas mais expressivas dos alimentos. A avaliação dos analistas indica que a temporada de deflação dos alimentos está com os dias contados. "Os fertilizantes e a energia elétrica, que foram importantes na redução do índice no mês de outubro, podem apresentar algum revés devido às chuvas", diz José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School.

Festa de fim de ano e 13º salário têm potencial inflacionário. A remuneração extra e as compras para as ceias tendem a aumentar a procura por alimentos e pressionar os preços. "O incremento de renda aumenta as possibilidades de consumo e traz dois efeitos: de maior demanda pela sazonalidade e de renda pelo pagamento do 13º salário", explica Souza Filho ao destacar a elevação recorrente dos preços no fim do ano.