A história se repete?
A explicação para essas ondas é uma só: a taxa de câmbio valorizada. De certa forma encoberta pela espetaculosa — e arriscada — contração do gasto público, a política de controle das cotações do dólar, adotada pelo governo de Javier Milei, está produzindo os efeitos previstos na derrubada da inflação.
Mas o problema é que, no médio prazo, segurar a cotação do dólar também tem um efeito previsto, sob a forma de crise cambial. A história econômica argentina, nos últimos 50 anos, tem sido uma sucessão de fracassadas tentativas de dolarizar a economia.
Nesse longo período de tempo, a Argentina experimentou mais de uma dezena de planos de estabilização monetária. Desses, quatro pareciam que iam dar certo, mas sucumbiram em até um ano e meio. Só o Plano Cavallo, que decretou a paridade da moeda local com o dólar e a tornou conversível, permitindo a circulação do dólar, resistiu por mais tempo.
Concebido e executado pelo ministro da Economia do presidente peronista Carlos Menem, Domingo Cavallo, o plano durou 10 anos, de 1991 a 2002. Mas terminou na maior moratória de dívida externa de um país até então na história, e com grande confusão política e econômica. De dezembro de 1999, quando Meném deixou o governo, a maio de 2003, quando assume outro peronista, Nestor Kischner, a Argentina teve cinco presidentes.
Começo promissor, fim melancólico
O começo desses planos em que a moeda é artificialmente valorizada ante o dólar é promissor, com derrubada da inflação. Mas o fim é melancólico e traumático, com o esgotamento das reservas em dólares, moratória de uma dívida externa tornada incontrolável, desarranjos econômicos e crise social.
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