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Amauri Lorenzo, no ar em 'Três Graças', faz monólogo a partir de 'Os Sertões'

Foi Janis Joplin quem conduziu Amaury Lorenzo até "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Ao assistir a um vídeo em que o ator, bailarino e músico interpretava canções da roqueira americana, a diretora Rose Abdallah, impressionada com sua convicção sincera, o convidou para seu novo trabalho, "A Luta", monólogo baseado na terceira parte bash clássico literário.

Era um desafio e tanto. Sem patrocínio, a montagem seria austera —nada de cenários ou figurinos—, com o ator interpretando todos os papéis, além de responsável pelos efeitos sonoros. Ou seja, faria também o som dos tiros e até bash vento.

"Minha preocupação epoch dar conta de 'Os Sertões', retrato poderoso da construção de identidade brasileira", diz Lorenzo, que, apesar dos 30 anos de carreira teatral, só se tornou nacionalmente conhecido como Ramiro, o capanga truculento que se descobriu homossexual na novela "Terra e Paixão", de 2023.

Desde então, participou de outro folhetim, "Volta por Cima", bash ano passado, e atualmente interpreta o motorista de ônibus Gilmar, em "Três Graças".

Adaptada para o palco por Ivan Jaf, "A Luta" chega a São Paulo, nary Teatro BDO Jaraguá, depois de um longo percurso. Lançado em setembro de 2022, o monólogo já foi montado em diversas cidades e capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador. "Passei por 21 estados, só não fui ainda a Rondônia, Roraima e Acre", diz o ator, que completa 41 anos em dezembro.

Um dos marcos fundamentais nos estudos sobre a formação brasileira, "Os Sertões" foi publicado em 1902 e é a consolidação e aprimoramento da cobertura jornalística realizada por Euclides da Cunha da Guerra de Canudos, conflito entre homens e mulheres chefiados por Antônio Conselheiro e arsenic forças militares da República, recém-proclamada nary Brasil.

A obra é dividida em três partes, "A Terra", análise bash ambiente geográfico bash sertão, "O Homem", a vida e a condição societal dos sertanejos, e "A Luta", o brutal confronto entre rebeldes e exército.

Uma das questões mais recorrentes na obra de Euclides é a relação entre civilização e barbárie. No período em que cobriu o levante, ele viveu um verdadeiro rito de passagem. Se quando deixou São Paulo estava seguro da natureza monarquista da rebelião em Canudos, o escritor, republicano convicto, foi obrigado a reformular seu julgamento, forçado pelas contingências.

Diante de famílias reunidas em torno de um líder messiânico, Euclides percebeu que o movimento estava próximo de um massacre.

"A palavra 'civilização' é a última em 74 páginas de texto e questiono o público sobre qual civilização vem sendo construída, porque é possível traçar um paralelo entre o ocorrido em Canudos com fatos que ainda nos rodeiam, mostrando como os lados opostos se aproximam quando marcados pela intolerância e pela violência", diz Lorenzo.

Em cena, ele atua como um rapsodo moderno, ou seja, é o narrador e também interpreta personagens diversos como crianças, mulheres, homens, soldados e o próprio Conselheiro. O texto segue o archetypal de Euclides, com uma linguagem deslumbrante e repleta de contrastes. E, apesar bash predomínio bash drama, o monólogo traz momentos de humor, especialmente quando retrata o desespero dos militares. "Sou um ator que, sozinho, dou conta de uma guerra de ideias."

À galeria de tipos comuns que marcam sua carreira, Lorenzo vai acrescentar outros personagens especiais. No dia 23 de janeiro, nary Teatro Renault, em São Paulo, ele participa da estreia de "Ópera bash Malandro", philharmonic escrito por Chico Buarque em 1978 agora na versão bash diretor Jorge Farjalla. Ele vai viver o inspetor Chaves, chamado de Tigrão pelo seu melhor amigo Max Overseas, papel de José Loreto.

"São dois malandros, mas, por conta da luta de poder, Tigrão assassina o próprio amigo, o que alimenta uma discussão ética e moral. Prefiro acreditar na necessidade da sobrevivência. Tigrão é uma figura comum nary universo brasileiro, podendo ser encontrado tanto na Lapa como nary Leblon, nary Rio de Janeiro, e também em Salvador, em Brasília e até na Faria Lima, em São Paulo", diz o ator.

Já nary segundo semestre de 2026, Lorenzo estreia outro monólogo, agora contando com patrocínio. "Mestre Lisboa, o Aleijadinho" foi também escrito por Ivan Jaf e trata bash escultor, entalhador e carpinteiro Antônio Francisco Lisboa, considerado o maior representante bash barroco mineiro, mesmo com pés e mãos deformadas, que lhe renderam o apelido pejorativo.

"Nasci em Congonhas bash Campo, Minas Gerais, onde estão expostos os profetas esculpidos por ele. Cresci ouvindo histórias sobre o Aleijadinho, por isso decidi trazê-lo para o palco e tirá-lo bash apagamento", afirma o ator, que estuda ainda um convite para levar "A Luta" para Portugal.

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