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Antes de morrer, Mujica disse que queria ser enterrado na chácara em que morava, ao lado da cachorra

Mujica morreu aos 89 anos nesta terça-feira (13). Desde 2024, ele lutava contra um tumor no esôfago e havia dito que o órgão estava "muito comprometido". Nesta semana, a esposa de Mujica afirmou que o ex-presidente estava recebendo cuidados paliativos.

Em janeiro deste ano, durante entrevista ao jornal Búsqueda, Mujica falou sobre o tratamento contra o câncer e revelou que a doença havia se espalhado. Na ocasião, ele disse já ter começado a se despedir dos amigos.

"Meu ciclo acabou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso", afirmou.

Na mesma entrevista, Mujica contou que estava organizando os detalhes de seu sepultamento e reafirmou seu desejo de ser enterrado onde morava, ao lado de Manuela.

"Vou morrer aqui. Há uma grande sequoia lá fora. Manuela está enterrada lá. Estou preenchendo a papelada para que possam me enterrar lá também. E é isso", afirmou.

Manuela ganhou notoriedade durante o governo de Mujica, entre 2010 e 2015, por acompanhar o ex-presidente em entrevistas, eventos oficiais e atos protocolares. A cadela, que tinha três patas, se tornou um símbolo do estilo de vida simples de Mujica.

Manuela morreu em junho de 2018, aos 22 anos.

Quem foi Pepe Mujica

Quem foi Pepe Mujica

A morte de Mujica foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, visto como um dos herdeiros de Mujica.

"É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo", escreveu Orsi.

Em abril de 2024, Mujica anunciou que estava com um tumor no esôfago, com o órgão “muito comprometido”. Ele também afirmou que seu quadro de saúde era "duplamente complexo", já que sofria de uma doença imunológica há mais de 20 anos que havia afetado os rins.

Mujica foi ícone pop da esquerda e referência de vida simples; conheça trajetória

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José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, tornou-se membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros. O grupo se notabilizou, antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres.

Durante sua atuação na clandestinidade, Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Escapou duas vezes da prisão até ser recapturado definitivamente, em 1972.

Seu período na prisão ao longo da ditadura foi marcado por torturas e condições precárias, sendo mantido por longos períodos na solitária.

Ele era um dos presos considerados “sequestrados” pelo regime — e seria executado sumariamente caso os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha. Ao todo, passou 14 anos de sua vida atrás das grades.

Em 1985, Mujica foi libertado após a promulgação de um decreto de anistia. Entrou para a política institucional, ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994.

Cinco anos depois, chegou ao Senado e, em 2005, com a chegada à Presidência de seu correligionário Tabaré Vázquez (1940–2020), foi nomeado ministro da Agricultura.

Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai — Foto: Secretaria de Comunicação do Uruguai

Mujica foi eleito sucessor de Vázquez e assumiu a Presidência em 2010, governando até 2015. Em sua gestão, o gasto social saltou de 60,9% para 75,5% do total do gasto público.

Em conformidade com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Em 2012, ele propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabou se concretizando no país.

Ao lado da mulher, Lucía Topolansky, Mujica chamou atenção como um chefe de Estado de vida simples: morava em um sítio nos arredores da capital e dirigia diariamente seu próprio Fusca, ano 1987, até a sede do Executivo, na Praça Independência.

Após deixar a Presidência, voltou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19.

Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Acredita-se que doava 90% do salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza.

Durante a maior parte da vida, declarou-se ateu. Em uma entrevista de 2012, sintetizou sua crença: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”.

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