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Ao enfraquecer dólar, juro alto e Trump levam inflação para dentro da meta

O índice DXY, que mede as oscilações do dólar em comparação com seis moedas de países desenvolvidos, com destaque para o euro, que representa quase 60% do índice, já se desvalorizou mais de 6% em 2025.

No caso do real, moeda que, em razão do mercado altamente líquido de taxas futuras de câmbio, costuma se valorizar e desvalorizar mais do que a de outras economias emergentes, a valorização ante o dólar, até novembro, é de 15%.

Estima-se que a cotação do dólar influencia cerca da metade dos quase 400 itens, entre bens e serviços, que compõem o IPCA. As oscilações da moeda americana impactam diretamente os bens industriais — principalmente eletroeletrônicos, que são típicos bens "comercializáveis", ou seja, podem ser substituídos por importações e, por isso, seus preços pressionam, para baixo ou para cima, os preços dos produtos produzidos internamente.

Mas as variações do dólar também impactam outros bens, com peso considerável no IPCA, como é o caso dos alimentos, cuja cadeia produtiva, do cultivo ao consumo em feiras e supermercados, inclui fertilizantes, transporte e logística, itens afetados pelo dólar.

Não é por coincidência que o segmento de serviços apareça como o mais resistente às variações das taxas de juros e de câmbio o Copom de olho no aquecido mercado de trabalho.

A demanda por serviços — e, em consequência, seus preços — é tipicamente mais dependente da renda, que vem sendo alimentada, em boa parte, pelos gastos públicos em programas sociais.

Não foi diferente em outubro, com os serviços trazendo freios a quedas mais acentuadas da inflação. Além de serem "comercializáveis", são menos afetados pelas condições financeiras e de crédito, assim como pelas oscilações do dólar.