Árabes aprofundam impasse na COP30 após encontro entre Trump e sauditas

O governo americano não enviou uma delegação para Belém. Mas, entre os negociadores, ficou evidente que houve um tom mais duro por parte da diplomacia saudita a partir da quinta-feira, com as delegações árabes se recusando sequer a sentar à mesa para negociar ou ouvir as posições dos demais governos sobre a proposta de um mapa do caminho para a redução do consumo de petróleo no mundo.

Num encontro com empresários sauditas e parte do governo de Riad, Trump zombou da agenda climática e sugeriu que os autores de teorias sobre mudanças climáticas deveriam ser alvo de "investigações".

Arrancando aplausos dos participantes, Trump também afirmou que haveria uma "pequena conspiração" sendo organizada pelos ambientalistas.

Na declaração entre os dois governos, ficou estabelecida uma parceria em temas estratégicos, entre eles o de energia. Nenhuma referência às mudanças climáticas ou transição energética foi feita.

Em Belém, os sauditas alegam que os países árabes estão entre as economias que menos emitem CO2 por habitante, e que o problema estaria em quem consome e importa o petróleo, uma tese questionada.

Não seria a primeira vez que as posições entre os dois governos convergem para frear um acordo climático.

Há um mês, foram os sauditas e americanos que manobraram uma resistência contra qualquer acordo que estipulasse na ONU uma taxa marítima suplementar por conta do uso de diesel nos navios de transporte de mercadorias.

Nos últimos dois dias, a cúpula da ONU tem admitido em reuniões fechadas com diplomatas que os sauditas se transformaram no maior obstáculo para qualquer referência à transição para reduzir o uso de combustíveis fósseis na economia mundial.