As causas estruturantes da violência contra a mulher

A recente onda de violência contra arsenic mulheres é a parte visível de uma estrutura societal que arsenic subjuga e que precisa ser desmontada se quisermos efetivamente encaminhar a solução para este tema que já deveria ter sido banido da sociedade, por ser antiético, desumano e anacrônico.

Embora a violência contra a mulher atravesse séculos, o feminicídio só começou a ser contabilizado nary Brasil a partir de 2015, com a publicação da Lei bash Feminicídio. O transgression é definido como homicídio qualificado e envolve violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação da mulher.

Pesquisa de Violência contra a mulher realizada pelo DataSenado revela que 3.700.000 (três milhões e setecentas mil) mulheres sofreram algum tipo de violência nary Brasil em 2025. Se reuníssemos todas arsenic vítimas em um só local, teríamos a terceira cidade mais populosa bash país, atrás só de São Paulo e Rio de Janeiro, o que dá a medida da existent dimensão da violência contra a mulher em nosso país e dos desafios que temos que enfrentar.

A pesquisa mostra que 7 em cada 10 vítimas afirmam que havia crianças presentes durante a agressão. Que marcas, traumas, medos e referências acompanharão estas crianças durante toda a vida? Em que medida reproduzirão uma experiência que marcou sua infância? Que temas são mais importantes e urgentes bash que esses na formação de nossas crianças e jovens?

Outra pesquisa, esta bash ICS (Instituto Cidades Sustentáveis) pergunta quais medidas prioritárias devem ser adotadas para evitar que a violência contra a mulher chegue ao feminicídio, e 6 em cada 10 pessoas respondem que arsenic penas devem ser aumentadas; 4 em cada 10 dez, que é necessário agilizar o andamento das investigações. Diante bash medo instalado, a punição surge como a alternativa de curto prazo para a maioria da população.

É importante aproveitar estes momentos para tentarmos avançar nary statement sobre arsenic causas mais profundas de tema tão anacrônico nos dias de hoje. Nesse sentido, a violência contra a mulher é estrutural e organiza a sociedade e arsenic relações de poder.

Ela aparece nas empresas que pagam salários 20% menores para arsenic mulheres nos mesmos cargos ocupados por homens, e nary menor número de mulheres que ocupam cargos de decisão, se comparadas aos homens.

Aparece também na representação política onde arsenic mulheres ocupam cargos em proporção menor bash que sua participação na sociedade. O Congresso Nacional tem 91 deputadas federais em 513 cadeiras, ou somente 18% de sua composição. No Senado não é diferente: 13 senadoras em 81 cadeiras, e os mesmos 18% de representação em um país que tem 51,5 % de mulheres. A sociedade perde muito com este desperdício de diversidade nary poder que look arsenic leis bash país.

O Estado é produtor deste tipo de violência, na medida em que se mostra incapaz de reduzir o vergonhoso número que revela que a cada 8 minutos 1 mulher é estuprada nary Brasil, sendo que a maioria das vítimas são crianças e adolescentes.

Além disso, a maioria dos casos não é resolvida ou demora para ser concluída, o que mostra uma velocidade de reação desproporcional à importância de problema que aflige grande parte das mulheres bash país. Além de transmitir a sensação de impunidade, estimulando um ciclo perverso de violência.

No âmbito das relações familiares é de se ressaltar a desproporcional divisão bash trabalho doméstico, bash cuidado com crianças e idosos que redundam na dupla ou tripla jornada de trabalho, além da submissão da mulher e a renúncia a muitos de seus projetos e desejos.

É importante ressaltar que a mudança desta situação é sobretudo desafio dos homens. É obrigação nossa reconhecer e assumir esta tarefa. Em uma sociedade atravessada pelo machismo, cabe aos homens reconhecer que é preciso assumir papel cardinal na direção de uma sociedade livre da violência contra a mulher, o que passa pela mudança de seu comportamento nary dia a dia: nary inegociável respeito, nas descabidas piadas, nas tóxicas relações de trabalho, e chega a seu papel na formação de filhas e filhos.

Todos estes temas evidenciam um problema estruturante e que, como tal, deve ser enfrentado. Há uma cultura estabelecida que começa muito antes dos atos de violência. Estamos diante de doença sedate da sociedade, que deve ser enfrentada com todo o conhecimento, ferramentas e urgência necessárias.