Em 2019, a taxa de juros caiu, o que impactou o câmbio. A taxa básica de juros (Selic) começou trajetória de queda em 2019 - foi de 6,5% para 4,5%. Isso espantou o capital estrangeiro do país. A saída de dólares elevou o preço da moeda americana e levou o BC a interferir.
A queda da Selic gerou uma grande saída de recursos, que estavam aqui para se aproveitar do diferencial de juros. Esse diferencial deixou de existir, e com isso o fluxo ficou muito negativo. O BC entrou para atender a essa saída de recursos.
Silvio Campos Neto, sócio e economista sênior da Tendências Consultoria
Situação é diferente da atual. A saída de recursos devido à queda dos juros fez com que o fluxo cambial do país em 2019 ficasse negativo em US$ 44,7 bilhões. Saiu mais dólar do que entrou. Hoje, apesar da alta do dólar, o fluxo ainda é positivo em US$ 8 bilhões, compensado pela atividade comercial.
Entre 2020 e 2021, atuação ocorreu devido à pandemia. No período, as intervenções do BC foram necessária para contrapor os impactos da pandemia, diz José Ronaldo de Castro Júnior, professor de economia do Ibmec-RJ.
A gente teve uma instabilidade muito grande com a pandemia. Houve uma flutuação mais expressiva naquele momento que justificava tecnicamente esse tipo de intervenção. Não vejo viés político, acredito que o BC tem atuado de forma muito técnica.
José Ronaldo de Castro Júnior, professor de economia do Ibmec-RJ
Volatilidade é outro fator que leva a atuação do BC. Um dos fatores que levam à atuação do BC no câmbio é a volatilidade da moeda, ou seja, variações muito bruscas nos preços. Para Castro Júnior, do Ibmec-RJ, essa situação ocorreu fortemente em 2020 e na época das eleições. Em 2022, o BC vendeu US$ 3 bilhões em setembro, véspera das eleições presidenciais, US$ 1 bilhão em outubro, e US$ 9 bilhões em dezembro. Tudo em contratos de recompra.
O BC pode interferir no câmbio agora?
Interferir no câmbio não resolve o problema, mas pode ter algum efeito. A avaliação dos economistas é que interferir no câmbio agora não solucionará o problema. Isso porque a alta do dólar se deve a uma maior percepção de risco do mercado, devido ao cenário fiscal do país. O mercado avalia que está mais arriscado investir no país, porque há dúvidas se o governo conseguirá conter a alta da dívida pública. Para Neto, apesar disso, uma atuação do BC poderia reduzir a pressão sobre a moeda.
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