Bolsonaro fala em vencer com ajuda de Trump e diz que Eduardo estaria preso no Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (30) em Fortaleza que irá vencer com a ajuda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu a presença do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior dizendo que, no Brasil, ele estaria preso.

Bolsonaro também afirmou que Google e Meta "estão do lado certo", em uma referência aos embates de big techs com Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Na última quarta (28), o Departamento de Estado da gestão Trump anunciou que vai restringir o acesso aos EUA de estrangeiros que o governo avaliar como responsáveis por censurar empresas ou cidadãos americanos. Embora o anúncio não cite Moraes, bolsonaristas avaliam que o ministro e outros integrantes da Polícia Federal e do Judiciário brasileiro devem ser atingidos.

"Nós venceremos com a ajuda de Deus e também a ajuda de outro país lá do norte. Enganam-se aqueles achando que só nós temos condições de reverter esse sistema. Precisamos de ajuda de terceiros e tem vindo na hora certa", disse o ex-presidente, no 2º Seminário Nacional de Comunicação do PL, no Ceará.

O ex-presidente está inelegível até 2030 devido a condenação na Justiça Eleitoral, mas tem insistido de que vai concorrer no próximo ano. Ele também responde a processo relacionado à trama golpista de 2022 e, se condenado, pode receber penas somadas de mais de 40 anos de prisão.

Em Fortaleza, Bolsonaro disse ainda ter construído uma relação de "amizade" com o presidente americano, mas "sabendo o meu lugar". Também defendeu a ida do seu filho Eduardo para os EUA.

"Dói para um pai ser afastado de um filho, mas estou feliz por estar fora do Brasil. Para mim, um garoto, mas um homem de 42 anos de idade, que abandona tudo aqui para lutar por nós lá de fora. Ele não poderia estar aqui. Se estivesse aqui, não seria um passaporte, seria, com toda certeza, uma prisão", afirmou.

Eduardo deixou o país em março, alegando perseguição e medo de ter seu passaporte apreendido. À época, ele ainda não era investigado.

Nos últimos dias, Moraes determinou a abertura de inquérito para investigar o deputado licenciado por possíveis crimes de coação, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.

"Nós não tememos as acusações, o problema é quem vai nos julgar", criticou Bolsonaro.

O ex-presidente disse ser "o político mais perseguido da história do Brasil" e defende que "tentaram de tudo" contra ele.

"Queriam botar na minha conta a morte da Marielle Franco, a questão dos presentes sauditas, vacina, baleia, dezenas e dezenas de acusações. Ficaram agora na fumaça do golpe. Eu fui pra Disney para dar um golpe", ironizou.

Bolsonaro disse também que os problemas do Nordeste, como a falta de oportunidade de emprego, que fazem as pessoas migrarem para os estados do Sul e Sudeste, ocorrem pelas escolhas políticas da população.

Segundo o ex-presidente, a esquerda domina a região "há 20 anos ou mais". "A origem dos problemas são as nossas escolhas. Aqui deveria ser a região melhor do Brasil, tendo em vista o que a esquerda prega. Acaba sendo o contrário."

Ele afirmou que, hoje, Santa Catarina é o "melhor estado" porque "o PT nunca passou por lá".

Anistia na pauta

O deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara dos Deputados, também esteve no evento.

O parlamentar disse ter se encontrado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na quinta (29) para falar sobre o projeto de anistia dos réus dos ataques de 8 de janeiro de 2023.

"O projeto da anistia será pautado nas próximas semanas com um texto que ele [Hugo Motta] está construindo. Então, nós vamos votar e as pessoas voltarão aos seus lares e às suas famílias. E as pessoas que depredaram patrimônio público responderão pelos seus crimes", afirmou o líder do PL.

No Ceará, o ex-presidente se reuniu com vereadores, deputados estaduais e federais cearenses sobre as eleições de 2026.

Bolsonaro conversou também com o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que deixou o PDT também na quinta-feira (29) com destino ao União Brasil. Ele é o pré-candidato apoiado pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT) para disputar o Governo do Ceará, contra a reeleição do governador Elmano de Freitas (PT).