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Brasileiros detidos nos Estados Unidos denunciam fome, maus-tratos e precariedade

Entrevistados contaram que recebem apenas uma garrafa de água mineral por dia e que têm dificuldade para obter cuidado médico apropriado e manter contato com famílias e advogados.

Imigrantes brasileiros detidos nos Estados Unidos conversaram com a agência de notícias Deutsche Welle de dentro de um centro de detenção no estado de Louisiana e denunciaram condições desumanas: comida e água insuficientes, ambiente insalubre e tratamento agressivo.

"Alimentação muito ruim. Muito, muito, muito, sabe? A gente tenta se manter o mais forte possível, porque a alimentação não é boa, sabe? A gente procura os oficiais aqui de dentro [para pedir] ajuda, sabe? Eles não estão nem aí para a gente, não estão nem aí porque a gente não sabe falar inglês. Eu já perdi muitos quilos aqui dentro e, a cada dia, só vou perdendo, porque o alimento que eles dão não sustenta. Então, para mim, é muito difícil estar neste lugar aqui dentro. Eu choro todos os dias, sabe? Choro todos os dias", contou um deles.

Brasileiro preso em centro de detenção nos EUA denuncia condições precárias sem revelar identidade — Foto: Deutsche Welle

Até 28 de março, havia ao menos três brasileiros no centro de detenção. Um relatório da organização Robert F. Kennedy Human Rights, de 2021, já tinha exposto as condições do local. O texto diz que o centro oferecia regularmente alimentos expirados.

Os brasileiros também contaram que só têm acesso a uma garrafa de água mineral por dia. A alternativa é água da torneira, com gosto de cloro e coloração amarelada.

"Dia após dia... mas, para sobreviver neste lugar aqui... Todo mundo que chega aqui prefere ir embora para o Brasil a tentar ficar brigando pelo caso. Porque estar neste lugar aqui parece um inferno. Eles tratam a gente de qualquer jeito. É complicado estar numa situação dessas, em que era para a gente ser tratado pelo menos com certa humanidade, e ser tratado igual a um cachorro", reclama outro.

Parte dos entrevistados relata ter dificuldade para obter cuidado médico apropriado e manter contato com famílias e advogados.

"Eu quero minha liberdade, porque eu não sou bandido. Eu não sou bandido para ser tratado igual a um animal, igual a gente está sendo tratado aqui dentro desses centros de detenção. E não é só aqui, não, onde eu estou; é em vários outros centros de detenção. As pessoas não têm o poder que eu tenho hoje de falar o que está acontecendo".

O centro de detenção de Pine Prairie é operado pelo grupo com fins lucrativos GEO, cujo valor das ações aumentou com a eleição de Trump. Só no ano passado, a empresa lucrou 31,9 milhões de dólares.