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Braskem deve liberar documentos da exploração em Alagoas, diz Renan Calheiros

Braskem deve liberar documentos da exploração em Alagoas, diz Renan Calheiros Braskem deve liberar documentos da exploração em Alagoas, diz Renan Calheiros

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que a Braskem (BVMF:) deveria liberar espontaneamente todos os documentos relacionados à exploração de minérios em Alagoas. Segundo ele, a Justiça precisa prever uma medida cautelar para que a ação seja tomada “imediatamente”.

O congressista classificou como “tragédia” a situação de possível desabamento de mina em Maceió (AL). Declarou que a culpada pelo cenário de tensão não pode ser a “guardiã das provas que podem elucidar a responsabilidade na alta gestão sobre o que aconteceu”. Ele se manifestou em seu perfil no X (ex-Twitter).

Renan Calheiros defende a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para “averiguar com base nos documentos a responsabilidade jurídicas nas reparações”. Em entrevista ao Poder360, o senador declarou que conseguiu 45 assinaturas em setembro para a abertura das investigações no Senado.

O congressista afirmou que a semana será intensa para que os líderes partidários enviem os nomes que integrarão a CPI. Segundo Renan, caso não haja a decisão, a alternativa será acionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para que designe a escolha ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), deve se reunir nos próximos dias com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tratar do assunto.

“ANISTIA” À BRASKEM

Renan disse que a Braskem recebeu uma “anistia” em um acordo celebrado em julho de 2023 pela Prefeitura de Maceió e o Ministério Público. O trato possibilitou o pagamento de R$ 1,7 bilhão, “reconhecido e declarado pelo município como suficiente para sua reparação integral”, segundo o documento.

O senador afirmou que a “anistia” faz com que nenhum substituto do prefeito possa reabrir a discussão das indenizações.

No sábado (2.dez.2023), o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), disse que é “urgente desarmar os palanques” e unir a cidade para cuidar da população. O senador defende que é preciso tomar providências para solucionar o problema.

“[O acordo] está para homologar ainda na 1ª Instância, por isso essas providências adicionais de averiguar a reparação, a responsabilidade jurídica”, disse Renan. “As partes estão todas erradas: 1º, porque o Ministério Público não representa ninguém. Eles não ouviram as representações que existem das vítimas em nenhum momento, não ouviram os outros municípios e não ouviram o Estado”, disse.

Renan afirmou que os terrenos foram entregues à Braskem e que o agravamento da mina 18 demonstra a “ineficácia” do tratamento que a empresa estava apresentando para solucionar os problemas. Declarou que, dada a demora para apresentação dos documentos, será inevitável que alguém peça medidas cautelares contra a companhia.

“A CPI é para averiguar a responsabilidade jurídica para as reparações. Saber o que a Braskem já fez e está fazendo, porque ela pode dar informações que parecem não ser verdadeiras”, disse. “Pelo acordo, quem faz o monitoramento é a Defesa Civil do município através da Braskem. Ou seja, é a empresa que fornece as informações. O próprio Estado teve que entrar na Justiça para receber informações em relação à mina 18”, afirmou.

Calheiros declarou que a reparação das vítimas está em 1º lugar. “Os bairros viraram fantasmas na capital do Estado. Uma mineração irresponsável que não observaram a distância, cavaram as minas em áreas densamente povoadas, não guardaram a distância entre uma mina e outra. Havendo a fissura, essa mina 18 pode atingir diretamente o ecossistema lagunar”, disse.

APELO À BRASKEM

Calheiros disse em seu perfil do X (ex-Twitter) que a empresa precisa disponibilizar de maneira espontânea os documentos referentes à “tragédia”.

“Essa entrega deve ser feita perante as autoridades do MP [Ministério Público] Federal, PF [Polícia Federal], Judiciário, na sede da empresa, para que possam salvaguardar e selecionar TUDO que é crucial para o cabal esclarecimento dos fatos”, declarou o senador.

Leia a íntegra do que escreveu o senador:

“Eu faço um apelo à Braskem neste momento de calamidade: disponibilize de maneira espontânea TODOS os documentos referentes à tragédia de Alagoas, de TODOS os anos.

“Essa entrega deve ser feita perante as autoridades do MP federal, PF, Judiciário, na sede da empresa, para que possam salvaguardar e selecionar TUDO que é crucial para o cabal esclarecimento dos fatos.

“Caso a Braskem não tome a iniciativa, alguma medida cautelar, no sentido de cautela, deve ser tomada imediatamente.

“A culpada pela tragédia não pode ser a guardiã das provas que podem elucidar a responsabilidade na alta gestão sobre o que aconteceu.

“A custódia tem de ser do Estado.

“Foi por isso que propus a CPI da Braskem, uma CPI técnica e objetiva, para averiguar com base nos documentos a responsabilidade jurídica nas reparações”.

ENTENDA O CASO

Na 4ª feira (29.nov), a Prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na cidade por 180 dias. A causa é o risco iminente de colapso de uma mina da Braskem, localizada na região da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. No dia seguinte, o mapa de risco foi ampliado e, com isso, moradores da região do Bom Parto foram incluídos no programa de realocação.

Segundo o governo do Estado, as minas são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração, mas que estavam sendo fechadas desde que o SGB (Serviço Geológico do Brasil) confirmou que a atividade realizada pela Braskem provocou o fenômeno geológico na região.

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), criou um gabinete de crise para acompanhar a situação e os possíveis desabamentos. Caso o cenário se confirme, grandes crateras podem se formar nas áreas afetadas.

Dantas criticou a relação da Braskem com a Prefeitura de Maceió. Afirmou que o acordo fechado entre ambos está prejudicando a população das regiões afetadas.

O governo informou que o monitoramento na região foi reforçado depois de 5 abalos sísmicos registrados só em novembro. Segundo o coordenador-geral da Defesa Civil do Estado, coronel Moisés Melo, uma ruptura pode causar efeito cascata em outras minas.

“Não sabemos a intensidade, mas é certo que grande parte da cidade irá sentir. E temos outros problemas. Se houver uma ruptura nessa região podemos ter vários serviços afetados, a exemplo do abastecimento de água de parte da cidade e também do fornecimento de energia e de gás. Com certeza, toda a capital irá sentir os tremores se acontecer essa ruptura dessas cavernas em cadeia”, disse.

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