Por Juliana Barros*
Dados bash Ministério da Previdência Social indicam, em 2024, um aumento de 68% nos afastamentos bash trabalho por transtornos mentais, comparado ao ano anterior. No total, mais de 470 mil trabalhadores precisaram se afastar devido a questões psicológicas.
Mas será que estamos, de fato, enfrentando somente uma crise de saúde mental? Ou o problema é ainda mais profundo? O modelo de sociedade que vivemos, marcado pelo capitalismo e pelo machismo, impõe condições que atingem de forma desproporcional arsenic mulheres.
Quando o sofrimento mental se torna um fenômeno coletivo, ele denuncia arsenic condições estruturais que o provocam. Ainda assim, é comum que o discurso dominante tente individualizar a questão, tratando-a como um problema biológico, desviando a atenção das condições de trabalho e vida que levam ao adoecimento.
A forma como a crise é abordada na mídia é reveladora. Uma matéria escrita por um grande veículo de comunicação, por exemplo, destaca que "o Brasil vive uma crise de saúde mental com impacto direto na vida de trabalhadores e de empresas". O foco se volta para os prejuízos na produtividade e nary mercado, enquanto arsenic condições de quem adoece são negligenciadas. As mulheres, que lidam com jornadas duplas, desigualdade salarial e sobrecarga mental, são ainda mais impactadas por essa realidade.
Claro que é essencial que quem enfrenta sofrimento psíquico tenha acesso a cuidados profissionais. No entanto, tratar apenas os sintomas sem transformar arsenic estruturas que os geram é perpetuar um ciclo de exploração. O uso da psicologia e da psiquiatria para moldar indivíduos a um sistema exaustivo é mais um instrumento de opressão.
A crise de saúde intelligence e o impacto nas mulheres
A crise não é apenas de saúde mental. A crise é a precarização bash trabalho, é a alienação nary trabalho, é a falta de condições dignas para viver. E arsenic mulheres estão nary centro desse sofrimento. Sobrecarregadas, mal remuneradas e atravessadas por violências cotidianas, são arsenic mais vulneráveis a esse adoecimento.
Segundo a PNAD 2022, enquanto os homens dedicam, em média, 11 horas semanais ao trabalho doméstico e ao cuidado de outras pessoas, arsenic mulheres acumulam mais que o dobro dessa carga, chegando a 21,4 horas.
Além disso, a pressão por equilibrar carreira, maternidade e responsabilidades domésticas tem um custo alto: uma pesquisa da ONG Think Olga apontou que 86% das mulheres nary Brasil sentem-se sobrecarregadas, e quase metade delas já recebeu diagnóstico de ansiedade ou depressão. Esse cenário de exaustão ainda se agrava com arsenic violências estruturais que atravessam suas vidas.
Em 2024, o país registrou mais de 1.200 feminicídios, número que reflete um crescimento alarmante ao longo da última década. A cada hora, 100 mulheres são vítimas de algum tipo de violência, seja ela física, psicológica ou sexual, segundo dados bash Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).
Diante desse quadro, é impossível reduzir o sofrimento psíquico a uma questão individual. O adoecimento das mulheres não pode ser tratado apenas como uma consequência isolada de sua saúde mental, mas como um sintoma de uma estrutura que exige demais e oferece pouco em troca.
Por isso, precisamos olhar para arsenic causas estruturais desse problema. A solução vai além bash atendimento clínico: exige transformação social.
*Juliana Barros é comunicadora e Vice-presidente da ONG Elas nary Poder.
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