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Chefes da BBC renunciam após críticas a documentário sobre Trump

Após a BBC ser criticada na imprensa britânica por um documentário sobre Donald Trump e acusada pela Casa Branca de espalhar fake news, o diretor-geral da emissora, Tim Davie, e a CEO da BBC News, Deborah Turness, anunciaram neste domingo (09/11) que vão deixar seus cargos.

No centro da polêmica está um programa sobre Trump veiculado pela BBC às vésperas da reeleição dele nos Estados Unidos, em novembro de 2024, com a reprodução de trechos de um discurso de 2021 do republicano a apoiadores momentos antes da invasão do Capitólio.

"Como todas as organizações públicas, a BBC não é perfeita, e temos que ser sempre abertos, transparentes e responsáveis", declarou Davie em um comunicado publicado no site da emissora.

"Embora não tenha sido o único motivo, o atual debate em torno da BBC News compreensivelmente contribuiu para a minha decisão. No geral, a BBC tem trabalhado bem, mas houve alguns erros e eu, como diretor-geral, tenho que assumir a responsabilidade."

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Já Turness afirmou em nota aos funcionários que a polêmica em torno do documentário sobre Trump "chegou a um estágio onde está causando danos à BBC – uma instituição que eu amo".

"Embora erros tenham sido cometidos, quero que fique absolutamente claro que as alegações recentes de que a BBC News é institucionalmente enviesada são errôneas."

A BBC está sob escrutínio permanente da imprensa britânica por ser uma empresa pública de comunicação, financiada por uma taxa de 174,5 libras esterlinas (R$ 1.224,75) cobrada de cada domicílio britânico.

Um dos apresentadores da BBC, Nick Robinson, disse que a preocupação com os padrões editoriais da emissora é "genuína", mas que temia estar em curso "uma campanha política por pessoas que querem destruir a organização".

Então diretor-geral da BBC, Tim Davie, nos escritórios do Serviço Mundial da BBC, em Londres, Reino Unido, em 28 de abril de 2022. — Foto: Reuters

Crise começou com denúncia à imprensa britânica

A crise de imagem na BBC foi deflagrada com a publicação na imprensa britânica de partes de um dossiê crítico à emissora elaborado por Michael Prescott, que no passado prestou consultoria à empresa pública de comunicação.

Prescott aponta que, no caso da reportagem sobre Trump, duas falas proferidas em momentos distintos do discurso de 2021 foram juntadas na edição para sugerir que o presidente teria incentivado a invasão do Capitólio. "Nós vamos marchar até o Capitólio e eu estarei lá com vocês [...]. E nós lutaremos. Nós lutaremos à beça", diz o trecho.

A edição da BBC também não incluiu um trecho em que Trump, que não aceitou a derrota eleitoral para Joe Biden, dizia a apoiadores que queria que eles protestassem de forma "pacífica e patriótica".

Prescott também criticou a redação árabe da BBC, acusando-a de ter um viés anti-Israel na cobertura da guerra na Faixa de Gaza e de trabalhar com colaboradores que manifestaram visões antissemitas. Também disse que a emissora adotou uma posição militante em relação a questões de gênero, recusando-se a cobrir "qualquer história que levantasse questões difíceis".

Reagindo ao dossiê de Prescott na sexta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, referiu-se à BBC como "100% fake news" e a chamou de "máquina de propaganda".

As denúncias também repercutiram entre conservadores britânicos. Um deles, o ex-premiê Boris Johnson, disse que Davie tinha que "se explicar ou renunciar [ao cargo]", e acusou-o de adotar um "viés esquerdista" à frente da emissora.

Sede da BBC em Londres. — Foto: Reuters

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