No caso do Chile, porém, há particularidades: a votação acontece em meio a um sentimento de frustração dos eleitores de esquerda e um aumento do conservadorismo no país.
Entre os principais nomes em disputa está a candidata da esquerda, Jeannette Jara (Partido Comunista do Chile), apoiada pelo atual presidente Gabriel Boric —a lei local não permite reeleição. Do outro lado, está o candidato de ultradireita, José Antonio Kast (Partido Republicano do Chile).
Na esteira, mas ainda com chances de angariar votos para um possível segundo turno, estão: Evelyn Matthei, que já foi mais conservadora, mas hoje é considerada de centro-esquerda, além de Francisco Parisi e Johannes Kaiser, que vão da extrema direita à direita.
Trata-se de uma disputa de opostos. Jara, ex-ministra do Trabalho de Boric, quer, entre muitas propostas que visam aumentar o Estado, implementar um salário mínimo para a população, um preço máximo para medicamentos e a criação da Empresa Nacional de Lítio, importante matéria-prima para a economia chilena e fundamental nas discussões sobre transição energética.
Do outro lado, Kast, que tem uma trajetória ampla na política e disputa pela 3ª vez a presidência, defende a mão dura para combater o crime organizado, a restrição de imigração no país e um corte nos gastos públicos, com planos de parceria público-privada para setores como saúde e educação.
Eleições no Chile — Foto: Gui Sousa/Arte g1
O resultado, se confirmado, levaria ao segundo turno —e é neste cenário que tudo pode mudar: Jara, de esquerda, perderia em todas as disputas, de acordo com a pesquisa.
No confronto direto entre Jara e o ultradireitista Kast, este venceria por 47% a 39%, segundo a pesquisa. A avaliação é a de que, mesmo que os candidatos de direita não se unam, os eleitores o farão.
O cenário complexo pode ser explicado pelo contexto social. As eleições no Chile – que também irão renovar a Câmara dos Deputados e metade do Senado – são as primeiras que ocorrem depois que um dos maiores planos políticos do país foi para o ralo.
Os candidatos presidenciais do Chile, Franco Parisi, Jeannette Jara, Marco Enriquez-Ominami, Johannes Kaiser, Jose Antonio Kast, Eduardo Artes, Evelyn Matthei e Mayne-Nicholls — Foto: REUTERS/Pablo Sanhueza
A revolução que nunca existiu
O Chile explodiu em manifestações no dia 18 de outubro de 2019 – tanto que o movimento ficou conhecido como “estallido social” (explosão social, na tradução). Foram os maiores protestos desde o processo de redemocratização do país, que começa em 1988 quando a população chilena votou pelo fim do regime comandado pelo general Augusto Pinochet.
Em pouco tempo, as reivindicações nas ruas convergiram para um ponto só: era preciso escrever uma nova Constituição. Mesmo com o fim da ditadura militar, o país ainda segue a Constituição de 1980, promulgada por Pinochet.
O atual presidente Gabriel Boric foi eleito nesta onda de renovação e tinha como uma das missões concluir esse processo. Porém, depois de duas propostas – a primeira capitaneada pela esquerda e a segunda, pela extrema direita – não houve consenso e as tentativas foram rejeitadas em plebiscitos. Após o fracasso, Boric descartou o plano.
Essa sombra marcou a gestão do atual presidente e a consequência na sociedade chilena pode explicar o cenário eleitoral: eleitores conservadores que não querem que um novo “estallido social” aconteça.
Além disso, essa será também a primeira votação presidencial com uma nova lei eleitoral, cujo objetivo é incentivar a população a ir às urnas.
Em 2022, o presidente Boric promulgou a legislação que mantém o registro eleitoral automático dos chilenos a partir dos 18 anos e incluiu o voto obrigatório. O grande desafio do Chile é justamente mostrar ao eleitor, em todo esse contexto, que o voto é importante.

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6 horas atrás
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