Lula e Donald Trump

Crédito, Getty Images

    • Author, Julia Braun
    • Role, Da BBC Brasil em Londres
  • 25 julho 2025, 11:20 -03

    Atualizado Há 3 minutos

Segundo a publicação britânica, trata-se de uma das maiores interferências americanas na América Latina desde a Guerra Fria.

"Raramente desde o fim da Guerra Fria os Estados Unidos interferiram tão profundamente em um país latino-americano", disse a revista no artigo intitulado "A chocante agressão de Trump ao Brasil".

Segundo a reportagem, Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são "inimigos ideológicos", e apoiadores do presidente americano criticam há muito tempo a investigação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, sobre desinformação nas redes sociais.

"No entanto, o gatilho para o ataque de Trump parece ter sido a cúpula do Brics, um grupo de países emergentes, que o Brasil sediou nos dias 6 e 7 de julho", afirma a The Economist, em referência à reunião que aconteceu no Rio de Janeiro.

Bolsonaro é réu no processo que tramita no STF por tentativa de golpe de Estado e, desde a aplicação das medidas, está usando tornozeleira eletrônica e impedido de usar redes sociais.

Apoio a Lula

"Se atrair a ira de Trump deveria fortalecer a direita brasileira antes das eleições gerais do ano que vem, o plano está saindo pela culatra", diz o texto.

"Brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula", afirma. "O índice de aprovação de Lula, que vinha caindo, melhorou. Ele agora lidera o grupo de potenciais candidatos para a corrida eleitoral do ano que vem."

Também segundo a revista, o Congresso brasileiro, que estaria sendo controlado por partidos de direita, "se uniu em torno de Lula e está cogitando tarifas retaliatórias" aos EUA.

Print da reportagem da revista The Economist

Crédito, Reprodução

Legenda da foto, 'Se atrair a ira de Trump deveria fortalecer a direita brasileira antes das eleições gerais do ano que vem, o plano está saindo pela culatra', diz Economist

A reportagem da revista britânica também trata da importância das vendas brasileiras aos EUA, como o comércio de café, carne e suco de laranja — e ressalta o impacto que as tarifas americanas terão em regiões onde o ex-presidente Jair Bolsonaro tem mais apoio.

"O impacto provavelmente recairá desproporcionalmente sobre empresas sediadas em regiões que são redutos de Bolsonaro", diz.

"É revelador que a confederação de agricultores do Brasil, geralmente leal a Bolsonaro, tenha condenado a 'natureza política' das tarifas de Trump. Até mesmo Bolsonaro tentou se distanciar. Ele afirma que as tarifas 'não têm nada a ver conosco'", afirma o texto.

Segundo a Economist, os brasileiros estão particularmente enfurecidos com os ataques dos EUA ao Pix.

"O Pix estimulou a concorrência no setor bancário brasileiro, antes decadente, ao oferecer infraestrutura de baixo custo para que empresas iniciantes possam fornecer serviços financeiros com facilidade", diz a publicação.

"Essa concorrência crescente também prejudicou empresas de pagamento americanas como Visa e Mastercard."

A Economist diz que algumas das reclamações sobre práticas comerciais desleais do Brasil "têm mérito".

Segundo a revista, o país é uma das economias mais fechadas do mundo, e a indústria nacional recebe constantes estímulos do governo federal e de governos locais, afirma.

O texto, porém, reconhece que essa provavelmente não é a "real preocupação" de Trump.

"O governo brasileiro tenta contatar a Casa Branca desde maio para negociar um acordo comercial, mas seus apelos têm sido ignorados."