A CMPC anunciou em 2024 um investimento bilionário histórico no Rio Grande do Sul — o maior que o Estado já recebeu de uma empresa privada, que chega a R$ 27 bilhões, segundo números atualizados pela empresa. O megaempreendimento, chamado Projeto Natureza, contempla diversas iniciativas no Estado, incluindo uma nova fábrica de celulose em Barra do Ribeiro e um terminal portuário de celulose em Rio Grande.
De acordo com o diretor-geral de Celulose da CMPC no Brasil, Antonio Lacerda, o projeto avança de acordo com o cronograma no Rio Grande do Sul. São duas frentes principais para que a iniciativa saia do papel de acordo com o previsto: a estrutura no Porto de Rio Grande e os preparativos para a indústria que será instalada em Barra do Ribeiro. Lacerda informou que as ações seguem o previsto, durante o evento Indx, reunião-almoço promovida pela Federação da Indústria do Rio Grande do Sul (Fiergs) nesta terça-feira (22).
"O investimento (no terminal) em Rio Grande é de R$ 1,2 bilhão. No momento, estamos fazendo estudos de impacto ambiental e trabalhando junto aos governos estadual e federal para que a concessão do terminal aconteça o mais rápido possível. Não existe nenhum delay, nenhum atraso em relação a isso. Está de acordo com o plano", afirmou à reportagem.
Conforme o executivo, a celulose produzida pela CMPC é escoada, principalmente, por hidrovias. A proposta da empresa por meio do terminal em Rio Grande e com outras intervenções logísticas no Estado, como intervenções em estradas, é a de facilitar o tráfego de pessoas e produtos pelo Estado. Outros R$ 160 milhões serão destinados a projetos de infraestrutura em Pelotas.
A maior parte do investimento histórico, entretanto, tem como destino a construção da fábrica em Barra do Ribeiro. Embora as obras iniciem em 2026, a cidade já está sendo preparada por um projeto de desenvolvimento sustentável para receber o empreendimento. Afinal, o município de 12.225 habitantes na Região Centro-Sul deverá receber cerca de 12 mil trabalhadores apenas durante a construção do complexo industrial.
O projeto está sendo discutido em uma comissão que envolve a CMPC e a prefeitura de Barra do Ribeiro, com reuniões semanais às sextas-feiras. Algumas obras estão no horizonte. "Temos a (estrada) RS-709, que liga a BR-116 a Barra do Ribeiro e ela tem uma rótula no final que vamos remodelar. Tem também uma rótula próxima ao cemitério em que vamos fazer a duplicação da rua. Também vão ter ciclovias", projeta Lacerda.
O dirigente da CMPC ressalta que os principais afetados pelo projeto, os cidadãos de Barra do Ribeiro, deverão ser ouvidos. "Vamos ter que fazer com que a população entenda que a obra vai beneficiar toda a cidade. A população vai ser consultada para que possamos fazer com que essas obras tenham a menor intervenção possível na vida das pessoas, criando prosperidade e desenvolvimento", afirma.
O primeiro caderno do Mapa Econômico do RS em 2025, publicado pelo Jornal do Comércio em 30 de junho, registrou que a movimentação já tem trazido novos empreendimentos e investimentos para a cidade da Região Centro-Sul. "Os primeiros setores a começarem a aquecer são comércio e construção. Algumas novas lojas já chegaram à cidade e investidores e empresários têm nos procurado na prefeitura", relatou à época de produção da matéria o prefeito de Barra do Ribeiro, João Feijó, que também acompanhou o Indx na Fiergs nesta terça-feira.
Empresa considera Rio Grande do Sul estratégico na produção de celulose
A escolha em investir no Rio Grande do Sul levou em consideração a competitividade do Estado no setor de celulose, garantiu Antonio Lacerda. "É aqui onde o eucalipto melhor se desenvolve no Brasil e onde temos a melhor produtividade, o que também se traduz em competitividade. Também tem a questão da mão de obra, que é mais preparada e qualificada aqui do que em muitas regiões do País. Isso faz com que tenhamos uma maior retenção de pessoas e mais atratividade, o que para nós é fundamental", considera.
A CMPC é uma empresa chilena presente em oito países do mundo. No Brasil, possui plantas industriais em diversos estados, mas a produção de celulose é concentrada no território gaúcho. Ela gerencia, hoje, mais de 500 mil hectares de terra no Rio Grande do Sul, dos quais mais de 200 mil hectares estão com áreas preservadas. Parte deles é em área própria da indústria e outra porção de terceiros.
Enquanto os custos de produção no Brasil já são mais baixos do que na maioria dos países, devido à produtividade da silvicultura nacional, o Rio Grande do Sul possui dados ainda mais interessantes. Principalmente, ao considerar que, conforme apresentado por Lacerda, 43% dos custos de produção de celulose são ligados à madeira.
"Tem lugares no Brasil onde se produz 30 a 35 metros cúbicos de madeira por ano. Quer dizer, a árvore cresce e essa floresta produzirá no futuro entre 30 e 35 metros cúbicos de madeira por ano. Aqui no Rio Grande do Sul, a média da CMPC chega a 42 metros cúbicos de madeira por hectare por ano. Então, além do Brasil ser muito competitivo, o Rio Grande do Sul é o mais competitivo do Brasil", avalia o executivo.
A tendência estimada por Lacerda, aliás, é a de que a silvicultura e projetos derivados do plantio de espécies como eucalipto, pinus e acácia negra cresçam. "O setor florestal movimenta mais de R$ 200 bilhões no Brasil e isso tende a crescer, até pela competitividade que a produção de celulose tem aqui no Brasil, especialmente, comparado com outros países do mundo", apontou durante a palestra na Fiergs.
CMPC se prepara para impactos do "tarifaço" de Trump
A guerra comercial provocada pelas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil e outros países tem gerado preocupações do setor agroflorestal. No caso da CMPC, a empresa está estudando maneiras de ser menos impactada pelas taxas.
"No curto prazo, como temos fábricas de celulose no Chile, o plano é atender o máximo possível os clientes dos Estados Unidos por lá. E os clientes que eram atendidos aqui do Brasil, onde a celulose ia para os Estados Unidos, a gente vai mandar para a China. Vamos fazer uma troca. Mas isso não é sustentável no médio e longo prazo, em especial com a nova fábrica, onde temos o claro objetivo de também atender clientes dos Estados Unidos", considerou Lacerda.
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