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Colômbia assina contrato para comprar 17 caças Gripen em acordo que pode beneficiar o Brasil

O governo da Colômbia assinou neste sábado (15) contrato com a fabricante sueca Saab para a compra de 17 caças Gripen E/F.

Em abril, a Folha mostrou que, após anos de debate, os colombianos decidiram pelo Saab Gripen E/F como seu novo avião de combate. A escolha é importante para o Brasil, que também optou pelo modelo em 2014 e possui uma linha de montagem implantada pela Saab na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP).

Segundo comunicado da Saab, o contrato prevê a entrega de 15 caças Gripen E, com um assento, e dois Gripen F, com dois assentos. Além disso, estão inclusos equipamentos e armas associados, treinamento e outros serviços.

A fabricante sueca e o governo colombiano também anunciaram a assinatura de dois acordos de compensação que estabelecem o marco para diversos projetos militares e sociais, em áreas como aeronáutica, cibersegurança, saúde, energia sustentável e tecnologia de purificação de água.

Nas redes sociais, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que os aviões de combate são "armas dissuasórias para alcançar a paz". A declaração não cita diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas ocorre em meio a uma escalada de tensão no Pacífico oriental e no mar do Caribe.

Trump tem ordenado ataques a barcos com supostos narcotraficantes nas costas da Colômbia e da Venezuela, que resultaram em críticas públicas de Petro. A tensão no norte da América do Sul vem numa crescente, com a ampliação da presença militar americana na região e a possibilidade de uma ação militar contra o país comandado por Nicolás Maduro.

Os Saab Gripen E/F devem substituir na Colômbia os antigos supersônicos israelenses Kfir, cujo desenho foi roubado pela inteligência de Tel Aviv do modelo francês Mirage-5 quando Paris decidiu vetar a venda do caça ao Estado judeu, nos anos 1970.

Bogotá opera cerca de 10 dos 24 Kfir originais. Seus modelos mais capazes são os brasileiros A-29 Super Tucano, dos quais há 24 unidades.

A escolha também dá uma garantia a mais ao projeto tecnológico do Gripen brasileiro, evitando a subutilização do parque instalado no país. Quanto mais clientes, mais aviões, mais manutenção e afins. Devem ser favorecidas, além da Embraer, as mais de 60 empresas brasileiras envolvidas no projeto.

Além disso, a Força Aérea Brasileira estará em posição de ajudar no treinamento dos pilotos colombianos. Até aqui, 14 aviadores brasileiros estão aptos a voar os oito Gripen já entregues à FAB, e um deles foi formado inteiramente no Brasil, sob instrução sueca.

No projeto brasileiro, 15 dos 36 aviões serão montados no Brasil. Devido ao histórico de soluços orçamentários nos primeiros anos da parceria, além de questões naturais do desenvolvimento de um novo modelo de avião, a frota que deveria estar completa em meados desta década só deverá ser finalizada perto de 2030.

O Brasil agora quer comprar mais 14 caças, na forma de um aditivo no contrato original, algo na casa dos R$ 4 bilhões. As discussões estão paradas na prática, mas avançaram politicamente, com a Suécia anunciando a aquisição de quatro aviões de transporte C-390 da Embraer —as partes não usam o termo venda casada, mas na prática essa é a intenção.

Em uma entrevista à Folha, o presidente da fabricante Saab, Micael Johansson, disse que a ideia é usar a linha de montagem implantada pela Saab na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP) para fornecer aviões na região.

A ampliação do centro brasileiro visa desafogar a linha na Europa, que já prevê o aumento de demanda tanto do governo sueco quanto de outros países devido à nova configuração geopolítica do continente, com Donald Trump ameaçando deixar os europeus sozinhos, o que levou a anúncios seguidos de aumento do gasto militar.

Para a Saab, o contrato é uma vitória importante, que veio na sequência da escolha do Gripen como novo caça tailandês e a eliminação do F-35 americano da lista de escolhas em Portugal, aumentando as chances suecas. Novamente, a conta fica para Trump: os portugueses estão irritados com a política hostil da Casa Branca ante a Europa e a aliança militar Otan.

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