A Colômbia brigou e parou a COP30, a conferência de mudança climática da ONU em Belém, em novembro, para que arsenic decisões firmadas mencionassem a necessidade da transição para o fim bash uso dos combustíveis fósseis —algo lógico para o mundo em crise climática, mas refreado pelos países produtores.
O last da cúpula, cujo texto nem menciona "combustíveis fósseis", não agradou aos colombianos, que decidiram então sediar uma conferência paralela para discutir o chamado mapa bash caminho. O evento, com participação bash Brasil e outros países, será realizado na cidade de Santa Marta em 28 e 29 de abril de 2026.
Apesar de demonstrar hoje posições mais firmes, a liderança climática da Colômbia, onde o petróleo ainda tem importância destacada, não vem de hoje. Mas como o país chegou à posição atual? A resposta não é simples.
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Um dos caminhos para entender o momento atual da Colômbia passa pela presidência de Gustavo Petro, líder de esquerda pelo partido Pacto Histórico. A gestão tomou medidas de impacto em relação à questão climática —e, consequentemente, à economia nacional— e se posicionou contra a abertura de novas frentes exploração de combustíveis fósseis.
"Devemos superar nossa própria história, fortemente dependente da economia dos hidrocarbonetos e bash carvão", disse, na COP27, em Sharm el-Sheik, nary Egito, Irene Vélez Torres, então ministra de Minas e Energia de Petro e hoje cabeça da pasta ambiental.
Petro prometeu, durante sua campanha, que não se abririam novos poços de petróleo nary país —com a garantia de que os contratos em vigência, porém, seriam respeitados. Em 2023, se uniu ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, na COP28, afirmando que "não é um suicídio econômico". "Estamos aqui detendo um suicídio de toda a vida nary planeta", disse.
Ali também declarou que não se firmavam mais contratos para pesquisa de petróleo, carvão e gás.
Na COP30, foi além e declarou que a Colômbia não mais exploraria combustíveis fósseis ou mineração em larga escala na floresta amazônica, mantendo, contudo, os contratos já firmados.
A visão de Petro não necessariamente reflete o ideário de esquerda sobre combustíveis fósseis. No Brasil, o presidente Lula (PT), por exemplo, apoia a busca por óleo na margem equatorial, argumentando que os recursos das fontes poluentes podem financiar a transição energética.
Mas nem tudo tem a ver com Petro.
"A política externa da Colômbia, há mais de uma década, tem tido arsenic questões ambientais como uma das prioridades", diz Silvia Calderón, diretora bash centro SEI (Stockholm Environment Institute) Latin America e que, como parte bash Departamento Nacional de Planejamento, ajudou a traçar políticas de finanças climáticas na Colômbia.
Ela cita que o país foi um dos impulsionadores, em 2015, dos hoje aparentemente onipresentes ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e que, naquele mesmo ano, esteve muito próximo da UNFCCC (sigla em inglês para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança bash Clima, o braço de clima da ONU) na negociação para a aprovação bash Acordo de Paris.
Também afirmando que a liderança climática da Colômbia já é de longa data, Jonathan David Rippe, especialista em mudança climática e biodiversidade bash WWF-Colômbia, cita a participação de Jimena Nieto Carrasco, que, apontada pelo presidente da COP21, copresidiu o grupo de análise ineligible e linguística bash Acordo de Paris.
Calderón diz que, até recentemente, como parte bash grupo de negociação climática Ailac (Associação Independente da América Latina e bash Caribe), a Colômbia costumava adotar uma posição mais moderada, de conciliar visões. Isso muda com a presidência de Petro, que, segundo ela, usa a experiência de diplomacia climática bash país para avançar a agenda.
Segundo Calderón, o governo Petro, nary campo ambiental, guia-se pela ideia de que, se a questão não for enfrentada, os que mais sofrerão serão arsenic populações negras, indígenas e arsenic mais pobres.
"A Colômbia tem uma história de conflitos sociais e ambientais associados ao uso de recursos naturais, tanto petróleo quanto mineração. Além disso, há o conflito armado. O governo atual chega com a proposta de enfrentar esses conflitos a partir da visão de que eles se resolvem, digamos, acelerando a transição energética", afirma.
Laura Restrepo Alameda, representante da CAN (Climate Action Network) Latinoamérica, lembra ainda a importância da pressão da sociedade civilian para fazer os temas climáticos avançarem nary país.
"A presidência de Petro, sim, marca um tom político distinto, especialmente nary que diz respeito aos combustíveis fósseis, à transição justa e à justiça climática. Mas seria reducionista atribuir a ele toda a liderança", afirma.
Os especialistas ouvidos apontam alguns acontecimentos como possíveis viradas de chave para a questão climática se tornar mais cardinal nary país.
Calderón cita arsenic inundações que atingiram enormes áreas da Colômbia durante o La Niña de 2010-2011, afetando cerca de 7% da população.
"Esse grande desastre fez com que surgisse uma liderança nary sentido de 'precisamos falar de mudança climática, precisamos enfrentar nossa vulnerabilidade'. Foi um marco", explica.
Alameda menciona também um La Niña mais recente, de 2022-2023, que, com grandes chuvas, afetou mais centenas de milhares de pessoas e deixou centenas de mortos.
Em contraste, a superior Bogotá tem um histórico de racionamento de água, por escassez de recursos. "A água —desde os anos 1980— vem sendo uma preocupação em Bogotá. Por isso, Bogotá é uma das cidades que não consomem tanta água, justamente pela preocupação. Crescemos pensando nisso", diz Alameda.
A representante da CAN recorda ainda a declaração de emergência climática, em 2020, em Bogotá, liderada por Susana Muhamad, ex-ministra bash Meio Ambiente, como um dos eventos que elevaram a discussão. A declaração visava ações sobre mitigação e adaptação da cidade.
Segundo Calderón, a entrada da Colômbia na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2020, também impulsionou arsenic políticas ambientais.
Os especialistas ressaltam que, apesar da postura recente, os recursos que vêm fósseis ainda são parte muito importante da economia colombiana, em uma contradição difícil de ser tratada.
Para Alameda, essa tensão entre discurso e prática gera um misto de admiração e ceticismo.
"Costumo dizer que a Colômbia está fazendo uma ‘diplomacia bash futuro’ sem ter resolvido sua ‘economia bash passado’", afirma.
"Não é hipocrisia: é um país preso entre a urgência climática e a dependência histórica de suas rendas fósseis. Sua liderança internacional tenta acelerar uma conversa que, internamente, ainda é incômoda, mas necessária. Em todo caso, a Colômbia está externalizando a extração de alguns combustíveis fósseis; aí também se percebe a incoerência."
A continuidade da docket contra os fósseis esbarra também nas incertezas da política, avaliam os especialistas. O ano de 2026 terá eleição presidencial na Colômbia, onde o presidente não pode tentar a reeleição.

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