A democratização de produtos e serviços financeiros no Brasil graças a investimentos em tecnologia e às novas plataformas digitais nos últimos anos tornou acessível para o varejo produtos antes exclusivos de grandes aplicadores.
Carlos Ambrósio, diretor geral da Avenue
Dólar em espécie tem compra e venda mais acessível. O novo marco cambial, definido pela Lei 14.286 de 2021, flexibilizou a negociação de dólares no Brasil. Uma das principais mudanças é a permissão da compra e venda de moeda estrangeira entre pessoas físicas, desde que não seja de forma profissional e até o limite de US$ 500.
Fundos internacionais ficam mais acessíveis no varejo. A Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários, em vigor desde 2023, ampliou de 20% para 100% a parcela dos recursos que fundos de investimentos disponíveis no Brasil podem aplicar em ativos no exterior. A medida estimulou mais gestoras de recursos a lançarem produtos para clientes do varejo, com aplicações iniciais a partir de R$ 5 mil para produtos antes exclusivos de investidores ou profissionais com mais de R$ 1 milhão disponível.
Certificados de ações de empresas dos Estados Unidos podem ser comprados e vendidos na Bolsa brasileira. Os BDRs (do inglês "Brazilian depositary receipts") representam a forma mais simples para o brasileiro investir parte de sua carteira em companhias do exterior. Da mesma forma com que pode comprar ações de empresas brasileiras, é possível investir nos BDRs de companhias como Apple, Microsoft e Amazon, a partir de R$ 100.
ETFs permitem investir em cesta de ações das Bolsas americanas. Os "exchange traded funds" (fundos negociados em Bolsa) são fundos de investimentos cujas cotas, como o nome indica, são negociadas no mercado de capitais. Alguns dos ETFs mais populares do Brasil reproduzem índices acionários das Bolsas de Nova York, como o S&P 500, que reúne as ações das maiores empresas dos Estados Unidos. Na prática, quando investe nesse produto, o aplicador está comprando uma participação em cada uma dessas companhias.
Bitcoin e ouro acompanham variação do dólar. A criptomoeda e o metal mais negociados no mundo são cotados na moeda americana nos mercados internacionais. Ao aplicar nesses ativos, a pessoa tem uma forma de colocar parte da carteira na divisa dos Estados Unidos.
Contas no exterior permitem acesso do brasileiro a mercados americanos. Instituições financeiras passaram a oferecer no Brasil a possibilidade de abrir contas em corretoras e bancos sediados nos Estados Unidos. Por meio dessas plataformas, o investidor brasileiro pode operar diretamente nas Bolsas e nos mercados de renda fixa mesmo residindo no Brasil.
Motivos para investir no exterior
Investimento em ativos internacionais reduz volatilidade da carteira. No Brasil, a maioria dos ativos, como ações, títulos públicos e privados, além fundos, está sujeita às mesmas fontes de oscilações: reformas política, taxas de juros locais, inflação e situação fiscal do país.
Ao incluir ativos internacionais, o investidor diminui a exposição da carteira ao risco doméstico e suaviza a volatilidade da carteira.
Luis Ferreira, diretor de investimentos do EFG International para Américas
Dólar pode ajudar a preservar poder de compra. Em cenários de desvalorização cambial, que se refletem no aumento da inflação, o investidor brasileiro que possui dólares em seu patrimônio estará, em parte, protegido. Ao mesmo tempo que a moeda americana se valoriza em relação ao real, gerando inflação, os dólares em seu patrimônio também se valorizam, atenuando a perda.
A alocação em ativos dolarizados é importante para a manutenção do poder de compra local e globalmente. O consumo de produtos internacionais, como iPhones, assinaturas de serviços digitais, entre outros, está intrinsecamente ligado ao dólar.
Rodrigo Aloi, chefe de pesquisa e estratégia da HMC Capital
Investidor pode acessar setores e empresas limitados no mercado brasileiro. Vários tipos de investimentos que acompanham o dólar, como BDRs, ETFs e fundos internacionais, permitem que o brasileiro possa ter uma parte da carteira alocada em empresas de inteligência artificial, segurança cibernética, inovação e biotecnologia, ativos que são escassos ou ausentes no Brasil.
Apesar dos avanços recentes, o Ibovespa continua altamente concentrado em commodities, setor financeiro, utilidades públicas e consumo interno. Isso limita o potencial de retorno e reduz a diversificação de um portfólio de investimentos, resultando em maior volatilidade e menor rentabilidade.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad
Fatia internacional da carteira pode variar de 15% a 50%. Segundo gestores de recursos, essa recomendação depende de pessoa para pessoa, considerando renda, patrimônio e objetivos de consumo e de aposentadoria.
A proporção ideal de investimentos internacionais varia, mas uma alocação conservadora, como 1%, 2% ou 5%, pode ser insuficiente.
Rodrigo Aloi, chefe de pesquisa e estratégia da HMC Capital
De forma geral, um percentual mínimo em torno de 15% já proporciona ganhos relevantes de diversificação, mesmo para investidores com perfil mais conservador, considerando a exposição da cesta de consumo do brasileiro ao dólar.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad
Não existe um percentual previamente definido, mas certamente não faz sentido ter 100% em reais. Uma referência seria até 25% em dólares para perfis conservadores, de 25% a 35% para perfis moderados e a partir de 35% para horizontes de longo prazo.
Luis Ferreira, diretor do EFG International para Américas
Investidor deve evitar exposição especulativa ao dólar. Por ser bastante volátil, a moeda americana pode provocar perdas para o aplicador que assume riscos em dólar apenas para seguir uma onda de mercado, sem considerar o perfil de seu patrimônio, alerta o sócio gestor da Journey Capital, Rogê Rosolini
É muito difícil ganhar em dólar com posições especulativas. Já uma estratégia de investimentos em carteira de ações no exterior, por exemplo, faz mais sentido, poque são mercados com mais respeito ao acionista, mais governança e maior diversidade de opções de empresas.
Rogê Rosolini, sócio gestor da Journey Capital
Juros altos no Brasil desafiam apetite por ativos internacionais. Como o rendimento da maior parte dos títulos de renda fixa no Brasil acompanha a taxa básica de juros do país, que está em 15%, o maior patamar desde 2006, o investidor brasileiro tem no mercado doméstico um forte concorrente em relação à aplicação em dólar. Por isso, o crescimento da demanda por fundos e outros produtos globais se desacelerou na comparação com 2021, por exemplo, quando a Selic estava em 2%, diz o presidente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), Carlos André.
Juros elevados no Brasil impactam negativamente a aplicação do conceito de diversificação de investimentos com alocações internacionais. Carlos André, presidente da Anbima
Novo curso certifica profissionais para investimentos internacionais. Apesar da concorrência imposta pelos elevados ganhos da renda fixa doméstica atualmente, a busca dos brasileiros por ativos internacionais não deve retroceder, afirma o presidente da Anbima. Foi por isso, destaca, que a entidade lançou neste mês uma certificação específica para profissionais do mercado que pretendem aperfeiçoar o atendimento a clientes que buscam investir no exterior.

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