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Com escândalo do Master, ainda é seguro investir em CDB de outros bancos?

O FGC vai salvar muita gente

Quando um banco quebra, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) paga aos clientes o que a instituição financeira ficou devendo, até o limite de R$ 250 mil por pessoa física.

Essa cobertura inclui investimentos como: conta corrente, poupança, CDB, RDB, LCI, LCA, e LC, entre outros.

Sendo assim, quem possui um total de até R$ 250 mil na conta corrente ou em títulos do Banco Master cobertos pelo FGC vai receber os valores em breve (em geral, entre 30 e 60 dias).

Mas quem possui valores acima de R$ 250, só será reembolsado até esse limite. O restante tem grande chance de ser perdido, pois dependerá dos valores que restaram como ativos do banco.

Primeira lição

A primeira lição dessa história é algo que eu costumo repetir frequentemente nas minhas colunas: nunca mantenha em CDB, LCA ou LCI um valor acima da cobertura do FGC (R$ 250 mil por conglomerado financeiro).

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Se, hoje, você tiver mais do que isso em algum banco médio ou pequeno, está correndo o risco de, em caso de liquidação ou insolvência da instituição financeira, perder milhares de reais.

Vai ter dinheiro para todo mundo?

A indenização aos clientes do Banco Master provavelmente será a maior da história do FGC, num valor aproximado de R$ 41 bilhões, de acordo com o próprio fundo.

Isso corresponde a 28% dos R$ 148 bilhões que o FGC possui em caixa atualmente, segundo as demonstrações financeiras mais recentes do fundo, de setembro.

Portanto, os clientes do Master podem ficar tranquilos. Mas basta quebrar mais dois bancos desse tamanho para que o FGC fique praticamente sem caixa para novas indenizações.

Sendo assim, voltamos à pergunta: ainda é seguro investir em CDB, LCA e outros papéis garantidos pelo fundo?

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FGC tem dinheiro para 5,7% dos clientes

Mesmo antes do caso Master, muita gente já questionava se era seguro contar com a cobertura do FGC, pois existem no país R$ 2,6 trilhões em ativos que exigiriam ação do fundo em caso de calote, de acordo com dados do próprio fundo.

Como o caixa atual da instituição é de R$ 148 bilhões, só daria para pagar 5,7% do valor total coberto.

Agora, com a indenização aos clientes do Master, a tendência é de que sobre pouco mais de R$ 100 bilhões no FGC, ou 3,8% do volume que exigiria cobertura.

Com isso, os questionamentos aumentam, mas minha visão é de que os títulos cobertos pelo FGC continuam seguros.

Por que CDBs ainda são seguros?

Mesmo com o FGC tendo menos de 6% dos valores que se propõe a cobrir, eu ainda considero que os ativos garantidos pelo fundo continuam seguros.

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O motivo é que, se um dia houver uma quebradeira de bancos tamanha que o FGC não dê conta, o Estado brasileiro, acredito eu, acabará entrando para salvar todos aqueles que teriam direito à cobertura.

O FGC foi criado justamente porque o governo não queria mais continuar salvando sozinho os bancos e seus clientes. Na ocasião, os bancos Econômico e Nacional haviam acabado de quebrar, e o governo lançara o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro).

Nesse contexto, o governo, por meio do CMN (Conselho Monetário Nacional), determinou que os bancos criassem um fundo, com recursos próprios, para que o governo não precisasse mais atuar em situações semelhantes à do Econômico e do Nacional.

Minha leitura é de que, se um dia o FGC não der conta de salvar quem tem direito à cobertura, o governo não teria alternativa — como não teve em 1995 — a não ser estabilizar o sistema financeiro com dinheiro público.

Deixar os clientes sem o reembolso geraria um medo tão grande na população em relação a títulos privados que poderia causar uma corrida aos bancos, seguida de uma crise sistêmica de grandes proporções.

Sendo assim, ficaria mais barato, para o governo, salvar os investidores de alguma forma do que dar brecha para uma crise de confiança no sistema financeiro nacional.

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Minha opinião é apenas uma opinião

Lembre-se de que minhas palavras não têm força de lei. Eu apenas acredito que o cenário mais provável, em caso de incapacidade do FGC de salvar a todos, é o de um resgate por parte do governo. Por isso, não deixarei de investir em títulos como CDB, LCA e LCI se estiverem pagando bem (e sempre respeitando o limite de R$ 250 mil por instituição financeira).

Mas posso estar errado. Se você quiser ter 100% de certeza de que não vai levar calote nos seus investimentos, deve investir apenas em títulos públicos, ou seja, no Tesouro Direto.

Alguma dúvida?

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Opinião

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