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Com tampa de privada na mão, presidente Mujica fez preleção improvisada para time da segunda divisão do Uruguai

Em uma manhã cinza e chuvosa de 2012, nos arredores de Montevidéu, os jogadores de um pequeno time de futebol da segunda divisão uruguaia faziam um treino, quando viram um senhor em um Fusca azul, segurando uma tampa de vaso sanitário. Tratava-se do presidente do país, José "Pepe" Mujica.

O diretor técnico do modesto Huracán del Paso de la Arena convidou, então, o chefe de Estado a entrar e discursar para os atletas, que tinham chances de subir para a divisão principal.

"Lá estava ele, com o assento do vaso sanitário debaixo do braço. Nos apresentamos e dissemos que o grupo estava treinando bem na nossa frente. Perguntamos se ele poderia conversar um pouco com eles, compartilhar um momento durante o treino matinal. E, bem, ele aceitou o convite de bom grado, entrou e foi recebido com aplausos. Havia muita alegria no grupo. Ele se apresentou a todos e conversou com os meninos", contou o diretor Carlos Rodado a uma rádio, ne época.

"Ele conhece as origens da instituição, que é um time de bairro, que exige muito sacrifício, onde muitas vezes não tem todos os recursos e a logística necessária para competir profissionalmente. Mas ele sabe que com muito trabalho e atitude você pode alcançar todos os seus objetivos na vida, principalmente uma pessoa como ele, que também é de origem humilde e chegou a ser presidente."

O episódio ilustra os hábitos simples que marcaram a vida de Mujica, inclusive no período em que ocupou a Presidência do Uruguai — mesmo chefe do Executivo, ele mesmo usava seu velho Fusca 1987 para comprar um item doméstico.

Entre 2010 e 2015, ele recusou se mudar para o palácio presidencial para viver em um sítio perto da capita com a mulher e companheira de 40 anos, Lucía Topolansky. Nunca se desfez de seu Fusca, declinando uma proposta milionária feita por um xeque árabe pelo veículo.

No poder, doava cerca de 90% do seu salário, equivalente a cerca de R$ 25 mil na época, a projetos sociais.

"Pobres são os que querem sempre mais, que não se satisfazem com nada", afirmou. "Esses são pobres, porque entram em uma corrida infinita. E não terão tempo suficiente na vida."
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