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Como andaimes de bambu contribuíram para o incêndio mais mortal em décadas em Hong Kong

Até a última atualização desta reportagem, as autoridades haviam confirmado as mortes de 44 pessoas. Outras 45 estavam internadas em estado grave. Além disso, mais de 200 estavam desaparecidas. O incêndio já é mais mortal em Hong Kong das últimas três décadas.

A causa do fogo está sendo investigada, mas as autoridades acreditam que as chamas se espalharam rapidamente por telas de construção verdes e andaimes de bambu que estavam sendo usados em obras de reforma do complexo.

"Temos motivos para acreditar que os responsáveis ​​da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas", disse Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong .

Por décadas, em meio aos arranha-céus da antiga colônia britânica, o bambu foi o material dominante nas obras: barato, disponível e flexível, amarrado com cordas de náilon.

A técnica nasceu na China continental, onde o bambu é associado à graça e à força moral. Relatos indicam que ele já era usado em andaimes e ferramentas na construção da Grande Muralha.

Hoje, os andaimes metálicos substituíram o bambu em grande parte do território chinês. Hong Kong, porém, mantém cerca de 2.500 montadores de andaime de bambu registrados, segundo dados oficiais. O número de profissionais que trabalham com estruturas metálicas é aproximadamente três vezes maior.

Equipes que escalam fachadas altas para cobrir prédios em poucos dias são uma cena comum no centro financeiro do território.

As estruturas de bambu são usadas com telas verdes que evitam que detritos caiam nas ruas. É o padrão adotado no complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, onde ocorreu o incêndio.

O líder de Hong Kong, John Lee, afirmou que uma força-tarefa vai investigar a causa da tragédia.

“A unidade independente do Departamento de Edificações vai examinar se as paredes externas atendem ao padrão de resistência ao fogo”, disse ele. “Se houver irregularidades, vamos responsabilizar de acordo com a lei.”

As chamas se espalharam por várias torres e apartamentos, e uma enorme coluna de fumaça tomou o céu de Hong Kong — Foto: AP Photo/Chan Long Hei

Lee disse que o governo fará inspeções em projetos em andamento para revisar se as telas usadas nos andaimes cumprem as normas de resistência ao fogo e outros critérios de segurança.

Em março, o governo determinou que 50% dos novos contratos de obras públicas passem a usar andaimes metálicos.

Até agora, a maior parte das medidas estava voltada para a segurança dos trabalhadores. Entre 2019 e 2024, houve 22 mortes envolvendo montadores de andaimes de bambu, segundo dados oficiais.

Mesmo assim, em julho, o secretário do Trabalho, Chris Sun, afirmou que “o governo não tem intenção de proibir o uso de andaimes de bambu neste momento”.

Em outubro, um grande andaime de bambu pegou fogo na Torre Chinachem, no distrito comercial central. As telas de proteção e os postes de bambu queimaram, deixando janelas destruídas e a fachada danificada.

A Associação pelos Direitos das Vítimas de Acidentes de Trabalho afirmou, no Facebook, que houve pelo menos outros dois incêndios em andaimes de bambu neste ano.

Segundo o Código de Práticas para Segurança de Andaimes de Bambu, do Departamento do Trabalho, as telas e lonas instaladas nessas estruturas devem ter propriedades retardantes de fogo reconhecidas.

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