Mulheres chorando

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Megaoperação no Rio de Janeiro foi destaque na imprensa internacional

Há 25 minutos

O jornal britânico The Guardian disse que se trata do "pior dia de violência da história do Rio".

"A operação policial realizada antes do amanhecer [de terça-feira (28/10)] — a mais sangrenta da história do Rio — desencadeou intensos tiroteios dentro e ao redor das favelas do Alemão e da Penha, que abrigam cerca de 300 mil pessoas", afirmou o jornal.

E destacou que o número de armas apreendidas sinaliza que o grupo está fortemente armado.

"Mais de 80 pessoas foram presas e pelo menos 93 fuzis automáticos foram apreendidos. As armas são um sinal do poderoso arsenal que os traficantes de drogas do Rio acumularam desde que começaram a dominar as favelas no final da década de 1980", afirma a reportagem.

O jornal britânico Financial Times também destacou a operação "mais letal da história da cidade" em uma reportagem.

"A operação nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade, evidencia o crescente problema do crime organizado no Brasil e em toda a região", afirma o texto.

"A ação ocorreu dias antes de o Rio de Janeiro sediar eventos relacionados à COP30, a cúpula climática que acontecerá no porto amazônico de Belém no próximo mês."

O jornal também destacou que "o aumento do consumo de cocaína na Europa e nos EUA impulsionou a expansão dos cartéis de narcotráfico sul-americanos, cujas conexões transnacionais alarmaram as autoridades".

A reportagem também lembra que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, priorizou o combate ao fluxo de narcóticos da América Latina, com ataques a barcos no litoral do continente.

"Autoridades do governo Trump informaram seus homólogos brasileiros no início deste ano que Washington estava considerando designar o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo como organizações terroristas", diz o Financial Times.

O jornal americano The New York Times destacou a declaração do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, de que a operação foi contra "narcoterroristas".

"A declaração do governador ecoou um termo que se tornou central na campanha contínua do presidente Trump contra o narcotráfico na América Latina", diz a reportagem do New York Times.

"No Brasil, isso foi visto por alguns como uma tentativa de Castro, um aliado de extrema-direita do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de obter vantagens políticas com a questão do crime organizado, um importante tema de debate entre os conservadores."

O jornal também lembrou que EUA e Brasil estão em um processo de negociação do tarifaço imposto pelo governo Trump, e que essas conversas são lideradas pelo secretário de Estado, Marco Rubio — a mesma autoridade americana encarregada de lidar com as operações contra traficantes na América Latina.

O New York Times também destacou os amplos efeitos da operação no cotidiano da cidade.

"A violência de terça-feira se espalhou para outras áreas da periferia operária do Rio; membros de gangues retaliaram usando ônibus para bloquear ruas. Universidades cancelaram aulas, empresas de ônibus retiraram suas frotas e importantes vias, incluindo uma que leva ao aeroporto internacional da cidade, foram fechadas", noticiou.

O jornal espanhol El País destacou que a violência foi grande até mesmo para uma cidade que já está "acostumada à violência".

"O Rio de Janeiro, destino turístico, antiga capital e lar de seis milhões de pessoas, é simultaneamente uma cidade de grande desigualdade e acostumada à violência, mas os níveis de força empregados na terça-feira foram extraordinários até mesmo para os moradores locais", escreveu o jornal espanhol.

"O enorme contingente policial foi recebido com intenso tiroteio por membros do Comando Vermelho, que chegaram a lançar granadas de drones contra os policiais."

O jornal afirma que "o derramamento de sangue no Rio ocorreu justamente quando o Brasil se prepara para sediar a COP30, a cúpula global sobre mudanças climáticas, que começa na próxima semana em Belém, na Amazônia, a mais de 3 mil quilômetros de distância".

O El País também afirma em sua reportagem que "a polícia brasileira é considerada uma das mais letais do mundo".

"Cerca de 10% das mortes violentas são atribuídas a policiais. A polícia do Rio, tanto municipal quanto estadual, destaca-se nacionalmente há anos por seu alto índice de mortalidade. O uso crescente de câmeras corporais tem contribuído para a redução de mortes em confrontos armados com criminosos", afirma a reportagem.