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Como minimizar os riscos de crimes cibernéticos? A resposta está na educação

A segurança digital é um dos temais centrais de discussões na atualidade, principalmente após o aumento exponencial de tentativas de golpes ou crimes no ambiente online. Em meio a tantos links e aplicativos disponíveis, um clique pode se tornar algo perigoso e ser o suficiente para colocar seus dados em risco. Pensando nisso, o TechTudo reuniu alguns especialistas na área para debaterem sobre o tema no Voices 2025*, encontro realizado pela Editora Globo sobre tecnologia, comportamento digital e inovação.

Gabriela Lusquinhos, Vanessa Cavalieri e Manel Amorim, participaram do debate “Dados viram 'moeda' e os golpistas ganham rostos. Segurança digital na era do Phishing e marketing de influência”, para refletir sobre como se proteger no mundo digital. A mesa foi conduzida por Gisele Barros, coordenadora editorial do TechTudo. Confira, a seguir, os destaques do papo.

 Victor Bastos/TechTudo Voices 2025 — Foto: Victor Bastos/TechTudo

Dados viram "moeda" e os golpistas ganham rostos. Segurança digital na era do Phishing e marketing de influência

Vanessa Cavalieri, juíza na Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, iniciou o debate explicando sobre como e porque as crianças e os adolescentes são os principais alvos de crimes cibernéticos. Destacando a vulnerabilidade mundial desses indivíduos no cotidiano e que as redes sociais não são diferentes. “A principal razão é porque eles são o maior alvo de segurança no mundo… e no ambiente digital não é diferente, eles são vulneráveis”, disse a juíza.

Muitos dos infratores que cometem crimes com crianças e adolescentes nas redes sociais acreditam que podem sair impunes. Mas, sobre isso, Gabriela Lusquinhos, promotora de justiça da infância no Rio de Janeiro destacou que a internet, diferente do que muitos pensam, não é uma "terra sem lei". Portanto, assim como crimes cometidos nas ruas, os online são passíveis de punição e são rastreáveis pelos órgãos governamentais e pelas próprias plataformas.

“Há essa falsa ideia de que há uma segurança no meio digital, nós costumamos falar para o adolescente que tudo que é feito na rede social deixa rastros, deixa pisadas, e não conseguimos acompanhar isso tudo para chegar no crime”, destacou Gabriela.

Porém, ambas defenderam que é importante que os pais e a rede de apoio estejam atentos com a forma na qual as crianças ou adolescentes estão navegando nas redes sociais. Já que, muitas vezes, por verem seus filhos em seus quartos, quietos, sem saírem ou só voltarem no meio da madrugada, os pais têm a impressão de que eles estão seguros. Mas, é comum que os crimes estejam ocorrendo ali mesmo, na tela do notebook ou do celular, imperceptíveis para os pais, porém tão graves quanto outros que esses jovens poderiam sofrer nas ruas.

Sobre isso, Vanessa destacou: “É muito claro para nós que a rua é um lugar perigoso, e que o adulto precisa cuidar da criança e do adolescente na rua, mas é importante entender que o ambiente digital também é a rua, também é um ambiente perigoso”. Por isso, é importante que os pais se atentem também aos perigos digitais e se façam presentes nesse ambiente.

Vanessa apontou, ainda, que os próprios donos das grandes empresas são uma forma de visualizar os perigos do mundo online, quando a criação de seus filhos é observada. “Não há nenhuma ética no mercado e a prova de que não tem ética dentro das big techs é que os filhos dos titãs das grandes big techs não usam telas”, afirma.

Para estar presente também na vida virtual de seus filhos, Manel Amorim, influenciador digital conhecido como Manelzin, destacou ser essencial a aproximação em tom de amizade, não a proibição direta da utilização da internet, como forma de não afastar ainda mais aqueles jovens. É importante que os pais entendam o universo, não que somente proíbam. Assim, esses jovens podem se sentir confiantes o suficiente para contar possíveis problemas que ocorram.

“Eu acho que a principal forma de ajuda que a gente pode dar para crianças e adolescentes na internet é que os pais se tornem amigos”. Destaca o influenciador, explicando como desse modo é mais fácil para os pais tomarem providências em caso de crimes cibernéticos.

Por outro lado, Gabriela Lusquinhos destacou que, por mais que seja importante esse elo entre pais e filhos, somente isso pode não bastar. Afinal, muitas vezes esses jovens ainda não têm maturidade para lidar com tantas informações vindas das suas redes sociais. Sendo assim, o ideal pode ser não proibir, mas sim adiar o acesso à internet, para que o jovem passe a acessar a internet de forma mais assídua apenas após os 16 anos, idade na qual o indivíduo poderá ter capacidade de identificar possíveis perigos naquele ambiente.

“Acho que a ideia é adiar, porque quando a gente fala em proibir, até mesmo com os filhos, é preciso ter muita sabedoria em como falar”, afirma a promotora

Vanessa Cavalieri complementa, ao mencionar que é necessário entender que estar nas redes sociais requer maturidade e responsabilidade. “Por que a gente só permite que uma pessoa só dirija a partir de certa idade? Porque é perigoso… Então, você precisa ter uma certa idade para reduzir esse risco, continua sendo perigoso, mas fica menos pior quando já se tem maturidade”

Os perigos reais das redes sociais

Os participantes da mesa destacaram que os perigos com relação à Internet não são somente físicos, mas também psicológicos. Já que adolescentes e crianças com horas de imersão online são levados a desenvolver depressão. “O SUS no ano passado atendeu mais crianças com depressão e tendência suicida do que adultos”, destacou Vanessa Cavalieri.

Gabriela Lusquinhos explica que os perigos vão desde misoginia, a mutilação e até crimes sexuais, mas não se aprofunda nos casos pela gravidade das situações. Principalmente com relação ao Discord, rede social de conversação muito utilizada para jogos. “Qualquer pessoa com o celular na mão pode acessar o Discord, e acontecem atrocidades lá, que eu não vou nem falar aqui para ninguém perder o sono” afirma.

O influenciador Manelzin complementou, evidenciando também a presença exacerbada da disseminação de preconceito no universo digital, algo que tem sido cada vez mais comum. “De uns 2 anos para cá o aumento de crimes como misoginia, racismo, transfobia e homofobia nos jogos aumentaram muito” afirmou.

Responsabilidade com relação a influenciadores

Atualmente, é muito comum que os influenciadores divulguem golpes e jogos de azar não regularizados nas suas redes sociais, e é justamente isso que o influenciador Manelzin destacou, para mostrar a importância de que os influenciadores tenham responsabilidade com o que indicam aos seus seguidores. Ele defende que não somente as leis devem ser respeitadas, mas que também é importante haver um senso de consideração com os seguidores.

“A responsabilidade que o influenciador deveria ter é a mesma que a TV tem, que o jornal tem, que as rádios tem. Você não vê uma propaganda golpista sendo divulgada no jornal”, afirma.

Através de outro ponto de vista com relação aos influenciadores, Gabriela Lusquinhos destacou o surgimento dos influenciadores mirins e o impacto que a exposição causa em suas vidas. Ela evidencia como esses jovens têm sua infância roubada, ao produzir conteúdos que não são adequados à idade, somente para algum adulto lucrar com isso. Logo, não há avaliação sobre algo ser ou não uma boa referência de juventude, os jovens são explorados por adultos, muitas vezes sem ganhar um centavo para estarem presentes na plataforma.

Com isso, ocorre o afastamento dos locais nos quais as crianças deveriam realmente ocupar. “O que a gente tem visto agora é uma antecipação de etapa desses influenciadores mirins, eles acabam se afastando da escola para estar nesse lugar”, afirma.

Como minimizar os riscos?

Em primeiro lugar, Gabriela Lusquinhos, fala sobre como é importante educar os indivíduos, tanto os jovens, quanto os responsáveis e a rede de apoio na totalidade. Desse modo, as pessoas estarão capacitadas para identificar perigos online. “A educação, em momentos como esse, eu acho que é de grande valia para a gente poder proteger essas crianças”, afirma.

Além disso, a promotora também explica que é necessária uma rede de apoio para proteger esses jovens, composta não somente pela família, mas também pelos profissionais essenciais no desenvolvimento desses indivíduos. Logo, profissionais como os de saúde e, principalmente, os presentes nas escolas, devem ser informados sobre o assunto. Desse modo, ela espera que seja possível minimizar os perigos presentes no universo digital.

“A gente entende que a rede de proteção é fundamental para efetivamente proteger e é importante que a rede esteja alinhada, ajustada e não furada”, afirma, para destacar a importância de que todos estejam alinhados o suficiente para saber como proteger as crianças e os adolescentes ao seu redor.

O VOICES 2025 foi um evento gratuito, ocorrido no dia 10 de dezembro, no Museu de Arte do Rio (MAR), que contou com a presença de diversos especialistas brasileiros e internacionais. Neste encontro, foram abordados diversos temas, como inteligência artificial (IA), comportamento digital, inovação e empreendedorismo. O TechTudo esteve presente com uma trilha de mesas onde criadores de conteúdos, advogados, professores, pesquisadores e colunistas debateram sobre tendências para dispositivos tech, golpes online e segurança digital, além de conteúdos sobre inteligência artificial.

*O Voices é uma iniciativa da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio, com patrocínio da Prefeitura do Rio e Secretaria Municipal de Educação, apoio da Zapt, patrocínio das trilhas por Claro Empresas e Insper e parceria da Play9.

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