Logo, se você quer estar com seus investimentos preparados para o ano eleitoral, precisa pensar no assunto desde já.
Na coluna de hoje eu explico como funciona o mecanismo de altas e baixas dos ativos em período eleitoral e mostro como os investidores podem se preparar, sejam eles conservadores, moderados ou arrojados.
Quais investimentos são mais afetados pelas eleições?
Há exceções, mas, em geral, quanto mais arriscados são os investimentos, mais eles tendem a ser afetados pelos fatos (e boatos) relacionados às eleições.
A Bolsa de Valores e o câmbio tendem a ser as opções mais prováveis de serem afetadas pela disputa eleitoral. Isso acontece porque esses ativos são muito sensíveis às decisões de política econômica.
No caso, grandes investidores, de modo geral, acreditam que uma mudança de governo tende a favorecer as ações das empresas na Bolsa brasileira.
Não importa se você concorda com isso ou não. Basta que os grandes investidores acreditem nisso para influenciar o mercado. Se eles acharem que o candidato da direita — seja ele qual for — vai ganhar, começam a comprar ações, e isso é suficiente para a Bolsa subir.
Já se eles acreditarem que Lula será reeleito, a tendência é que comprem menos ações ou até vendam, gerando uma performance fraca ou negativa na Bolsa. Em menor grau, o mesmo raciocínio pode ser aplicado aos preços das cotas dos fundos de investimento imobiliário (FIIs).
Renda fixa não está 100% protegida
Nem todos os investimentos de renda fixa estarão livres de instabilidade nesse período.
Entre os três tipos de aplicações de renda fixa, dois podem gerar ganhos ou perdas significativas: os prefixados e os indexados à inflação.
Já os pós-fixados não tendem a sofrer qualquer impacto eleitoral em 2026. Os pós-fixados são o Tesouro Selic (um tipo de título do Tesouro Direto) e títulos privados (como CDB, LCA e LCI) com rentabilidade medida como um percentual do CDI.
Quais títulos de renda fixa sobem e quais descem?
Grandes investidores acreditam, em sua maioria, que uma mudança de governo aumentaria a probabilidade de queda na taxa básica de juros, a Selic, a partir de 2027.
Nesse caso, se houver mudança de governo, os títulos prefixados ou indexados à inflação podem gerar ganhos excepcionalmente altos.
Inversamente, em caso de reeleição de Lula, esses títulos tendem a oferecer somente a remuneração prevista, desde que o investidor os mantenha na carteira até a data de vencimento.
Os pós-fixados tendem a ser afetados somente a partir de 2027. Mas, por suas características, esse tipo de título raramente fica no vermelho. Se for o Tesouro Selic, a chance de perda, em qualquer ocasião, é a menor que existe no país.
Quais investimentos não são afetados?
Além dos pós-fixados, as criptomoedas tendem a sofrer pouco impacto, pois são ativos negociados mundialmente, de modo que os fatos no Brasil acabam tendo relevância mínima na variação dos preços.
Mesmo que os preços dos criptoativos sejam definidos em dólar, eles são tão voláteis (instáveis) que seria preciso haver uma variação muito grande na taxa de câmbio brasileira para gerar um impacto significativo nesse tipo de ativo.
Outros investimentos internacionais, como a Bolsa americana ou de qualquer outro país, tendem a ser mais afetados pela taxa de câmbio. A reeleição do Lula, em tese, tende a pressionar o dólar para cima, enquanto uma mudança de governo, sempre em teoria, pode puxar a moeda americana para baixo.
No entanto, é possível que as eleições tenham pouco impacto no câmbio, pois o dólar está em um período de grandes mudanças internacionais, de modo que fatos no Brasil podem ter impacto limitado no preço da moeda americana em reais.
Além disso, é incerto que as políticas de Lula pressionem o dólar para cima. Em diversos períodos de 2025, o real esteve entre as moedas que mais se valorizaram no mundo.
Tudo é probabilidade, nunca certeza
No mundo dos investimentos, todas as projeções trabalham com probabilidade, nunca com certezas. Quanto mais arriscado é o investimento, menos previsível ele é.
Veja que eu sempre uso a expressão "tende a". A Bolsa tende a ser mais afetada, mas pode não ser, pois há diversos outros fatores que influenciam esse mercado. Por exemplo, decisões do governo americano, a taxa de juros nos Estados Unidos e o preço das commodities no mercado internacional, entre outros.
Já na renda fixa a previsibilidade é maior. Os títulos prefixados e indexados à inflação podem ser afetados, mas a tendência é que isso ocorra em menor grau do que na Bolsa.
O único tipo de investimento do qual é praticamente certo dizer que não será afetado pela disputa eleitoral em 2026 são os pós-fixados. A partir de 2027, eles podem sofrer impacto, mas não há necessidade de mexer neles antes disso. Nessa modalidade, não faz diferença se você se antecipar ou não.
Carteira conservadora
Quanto mais conservador você for, mais você deve se concentrar em investimentos de renda fixa pós-fixados.
Nos prefixados e nos indexados à inflação, só entre se tiver certeza de que não precisará fazer resgate antes da data de vencimento. Assim, não importa o que ocorra durante as eleições, no fim você receberá exatamente o valor previsto. Especialmente se o título for do Tesouro Direto.
Quanto aos investimentos que você já tem, não mexa se forem prefixados ou títulos de inflação, pois o resgate antes do vencimento pode gerar perdas.
Carteira arrojada
Se você é arrojado e conhece todos os riscos, precisa comprar ou vender ações antes do restante do mercado.
Como não sabemos quem vai ganhar as eleições, acaba sendo uma aposta. Se você acredita em uma mudança de governo, deve comprar antes que os demais passem a acreditar no mesmo.
Por exemplo, se acha que Lula vai perder, deve investir antes de algum adversário ultrapassá-lo nas pesquisas. Mas lembre-se de que, se fizer isso, e Lula vencer, você pode ter um prejuízo significativo.
Por conta disso, eu nunca decido comprar ou vender um ativo só por causa da eleição. O que faço é comprar mais dos ativos dos quais eu já gosto (por motivos externos à eleição) quando o preço deles cai.
Assim, mesmo que o resultado eleitoral gere uma queda no preço das minhas ações, ao menos eu estou com papéis de empresas nas quais confio e das quais espero um bom retorno a longo prazo.
Carteira moderada
A carteira moderada nada mais é, neste caso, do que um meio termo entre a conservadora e a arrojada.
Para saber qual é o seu nível ideal de exposição ao risco, defina qual valor você pretende alocar em operações mais arrojadas. Para isso, basta pensar o seguinte: "Se eu perder metade desse valor, vou ficar muito abalado?" Se a resposta for "sim", reduza o valor e pense novamente nessa pergunta. Faça isso até chegar a um valor que lhe deixe confortável.
Alguma dúvida?
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Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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1 semana atrás
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