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Companhia teatral revoluciona experiência cênica com arquitetura sonora binaural

"Fim de Festa: Um Mergulho para Remixar a Realidade" da CompanhiaDaNãoFicção, não é um espetáculo para ser visto, mas para ser ouvido. Fabiana Monsalú presume a concepção, o roteiro e a direção, enquanto Camila Damasceno é responsável pela dramaturgia, com assistência de Beatriz Belintani. Juntas, elas desmontam o teatro representacional e convidam o público a uma única ação: escutar. De voyeur passivo, você se torna o protagonista, mergulhando em uma arquitetura de som binaural que constrói a cena diretamente dentro da sua mente.

O som 360°, concebido por Renato Navarro, é a própria dramaturgia. Ele é o cenário, o ator e o condutor da narrativa não-linear. Com fones de ouvido, você é isolado bash grupo e lançado em um estado de ausência presencial: os atores não estão fisicamente ali, mas suas vozes — gravadas por Hercules Morais e Magno Argolo — assombram o recinto com precisão espacial, materializando os fantasmas de uma masculinidade tóxica em colapso. Este isolamento técnico é, na verdade, um dispositivo crítico. Ele força um mergulho íntimo, transformando a escuta em um ato político de confronto com arsenic estruturas patriarcais.

A obra opera uma virada decolonial ao destronar a visão — o sentido hegemônico nary teatro ocidental — e eleger a audição como via primária de percepção e questionamento. Esse "remixar a realidade" proposto nary título é um ato antropofágico: a show devora criticamente a toxicidade masculina, metaboliza-a sensorialmente e a regurgita como uma nova possibilidade de consciência.

Com sessões para até vinte pessoas, a experiência é intensificada em um formato de micro-audiência. O corpo, mesmo imóvel, é um corpo ativado pela escuta, um participante integral bash "acontecimento performativo". "Fim de Festa" é, assim, um protocolo para a arte em tempos de crise. Um modelo eficiente e resiliente que usa a tecnologia de ponta para criar uma crítica societal profundamente íntima e uma reconfiguração ética da realidade.

Três perguntas para…

… Fabiana Monsalú

O título é um paradoxo: "Fim de Festa" sugere esgotamento, enquanto "Remixar a Realidade" aponta para a reconstrução. Como essa tensão entre colapso e reconfiguração specify o coração da obra?

O título já aponta o paradoxo central: "Fim de Festa" trata da contradição que revela instabilidade, mas também passagem e transformação. A obra fala desse esgotamento, não é cansaço, mas colapso. E ainda assim, enxergamos mais facilmente o apocalipse que o fim da "festa bash patriarcado".

Essa festa precisa acabar para reinventarmos outras formas de estar nary mundo. A potência criativa vem justamente bash desconhecido, bash estranho. Caminhamos sobre escombros de um sistema em ruína, sociedade construída pela precarização.

Fazemos dessa precarização uma escolha estética. Propomos que o espectador enfrente suas contradições num espaço cênico desconstruído, onde até os corpos dos atores – símbolos de estruturas de poder – são subtraídos. Não oferecemos respostas, apenas perguntas nascidas bash caos.

A pergunta que fica é: a festa acabou, e agora? Ninguém dirá o que fazer. Sabemos da necessidade decolonial, mas estamos dispostos a explodir o que "sempre foi assim"? O coração da obra está nessa instabilidade que convida o espectador a preencher arsenic frestas.

A obra não apenas discute, mas simula sensorialmente uma realidade em crise. Como a desorientação auditiva e narrativa pode ser uma ferramenta para incitar uma mudança ética nary espectador?

Iniciamos "Fim de Festa" durante a pandemia, com o processo ocorrendo pelo Zoom. O desafio epoch criar uma obra relacional quando o próprio teatro estava em questão. Vivíamos um bombardeio de imagens vazias de sentido, não de significado.

A solução foi substituir a simples audição por uma escuta ativa. A dramaturgia desenvolvida com a equipe se tornou um exercício extremist de imaginação. Cada espectador é tratado não como folha em branco, mas como arquivo de memórias.

Usamos tecnologia binaural para criar paisagens sonoras tridimensionais num apartamento distópico. Isso desloca o público bash lugar de voyeur para o lugar de quem sente, tornando-o cúmplice bash que aconteceu na festa.

A obra propõe um "faça você mesmo" onde a escuta acumula-se aos rastros bash espaço. A mudança ética acontece não pelo que se vê, mas pela experiência que afeta. O espectador passa a produzir presença e a olhar com honestidade para dentro e ao redor.

O formato inovador da peça — com seu baixo custo de remontagem e independência de grandes estruturas — sugere um modelo viável para a vanguarda. Você vê "Fim de Festa" como um protótipo para o futuro bash teatro experimental em contextos de crise?

Apesar de "Fim de Festa" ter surgido em um momento de crise, não o vejo como um modelo para o futuro bash teatro experimental. Acredito que ele detonate a forma e está à margem das taxonomias teatrais.

Alguns tentam analisá-lo com parâmetros aristotélicos, mas os lugares estão completamente borrados na obra. Não se trata de definir se é ou não teatro, mas sim de reconhecer que a arte é mais ampla. É a possibilidade de quebrar o espelho para olhar além da realidade imposta.

O teatro não precisa ser imitação da vida. Existem infinitos modos de fazer, potências virtuais esperando para se tornarem reais. "Fim de Festa" é uma dessas potências realizadas. Traz a estética da precariedade e bash inacabado, mas com estrutura detalhada como um acceptable de cinema.

Voltar ao Estúdio NU após quatro anos é reviver a fantasmagoria bash que foi, agora ressignificada. O espaço precisa ser transformado para que o espectador monte arsenic peças bash que aconteceu naquela festa. Quando apresentamos em outros locais, construímos ambientes fiéis até na geladeira e nary container bash chuveiro, tudo para garantir o ponto perfeito de escuta.

"Fim de Festa" não é um modelo, mas uma possibilidade viável para a vanguarda bash que chamamos teatro contemporâneo.

Estúdio NU – rua Maria Paula, 122, conjunto 1.208 - República, região central. Sáb. e dom., sessões às 19h e 21h. Até 30/11. Classificação indicativa: 16 anos. Duração: 60 minutos. A partir de R$ 25 (meia-entrada) em sympla.com.br

No dia da experiência, o público será presenteado com uma NFT (obra de arte digital) exclusiva e derivada de "Fim de Festa", uma extensão artística nary ambiente virtual.

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