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Corridas de rua triplicam em relação a 2023 e Maratona de Porto Alegre pode bater no teto

A popularização da corrida é um fenômeno que atinge diversos segmentos de Porto Alegre e impulsiona a economia da cidade com novas fontes de renda para setores do turismo. O esporte também desponta como um dos mais populares da Capital pela sua praticidade e se consolidou ainda mais após as enchentes. Em 2025, de acordo com a prefeitura de Porto Alegre, foram 49 provas de corrida de rua até o momento, e a expectativa é ultrapassar os 90 eventos até o final do ano, com mais de 150 mil corredores nas ruas. O número é três vezes maior que o de 2023, quando 30 competições reuniram 55.269 atletas.

O aumento significativo se reflete no recorde de público da 40ª Maratona Internacional de Porto Alegre, com cerca de 25 mil pessoas. O presidente do Clube dos Corredores de Porto Alegre (Corpa) e diretor-geral da principal corrida do Estado, Paulo Silva, credita o aumento dos praticantes do esporte à logística, que não exige grandes equipamentos nem um local específico.

“Há pouco tempo, se fazia uma corrida no final de semana e não cabia outra, porque não tinha público. Hoje, se tiver duas ou três, tem adesão. Melhorou para todos, sejam os praticantes, os organizadores ou os patrocinadores”, comenta. Silva também entende que “se a pessoa conseguir correr regularmente por seis meses, não para mais, porque vê todos os benefícios” do esporte. No entanto, como professor de Educação Física, salienta que é preciso procurar orientação e fazer os exames médicos antes de se lançar às ruas.

Sobre a Maratona de Porto Alegre, o diretor revela o objetivo de atingir a marca de 30 mil pessoas, mas entende que esse pode ser o teto da organização, priorizando a qualidade. “Na maratona do ano que vem, nos 5 km, nos 10 km e na meia maratona, no sábado, as vagas serão limitadas. Chegamos à conclusão neste ano que com 18 mil ficou apertado. Teremos ‘somente’ 17.500 vagas”, explica. A margem para o percurso de domingo — 42,195 quilômetros — é maior, e pode aumentar de 7 mil para 12,5 mil inscritos.

O fundador e organizador do grupo de corrida Salve Corre, Luis Felipe Cagliari, assim como Silva, entende que o crescimento da corrida ocorreu após a pandemia por conta da “vontade das pessoas de estarem juntas, buscarem saúde e valorizarem suas próprias vidas”. Ele conta que criou o coletivo com o intuito de ser um “movimento muito mais cultural do que esportivo”, e o classifica como “uma porta de entrada que estava faltando em Porto Alegre”.

O primeiro encontro foi em abril de 2024, pouco antes das enchentes, com 20 pessoas. Hoje, o Salve Corre conta com mais de 200 adeptos semanais, todas às quintas, com pontos de largada distintos. “O trajeto varia. Fazemos em outros bairros além do Centro, que é o principal, para explorar a cidade, ver o que ela tem de bom e, infelizmente, às vezes ver o que ela tem de ruim também. Acho que faz parte, é necessário e não podemos ignorar”, infere o organizador.

Grupo de corrida de rua Salve Corre reúne mais de 200 praticantes do esporte semanalmente | Salve Corre/Divulgação/JC

Grupo de corrida de rua Salve Corre reúne mais de 200 praticantes do esporte semanalmente Salve Corre/Divulgação/JC

Quanto ao impacto na economia, o diretor do Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre (Shpoa), Roberto Snel, destaca que o turismo da cidade é baseado essencialmente em negócios, feiras e eventos, escopo no qual a Maratona de Porto Alegre, por exemplo, está consolidada como um dos principais atrativos e começou a gerar olhares de outros criadores de corridas de rua.

Com aproximadamente 16 mil leitos na cidade, Snel revela que os meios de hospedagem, durante os pequenos eventos, possuem um aumento de 20% a 30% na ocupação, concentrado nas proximidades de cada corrida. Entretanto, na Maratona Internacional, o cenário é bem mais significativo: “Representa um incremento que sempre foi entre 70% a 80% e que nos últimos anos pulou para 90% a 100% por conta dessa adesão maior de esportistas”.

O aumento das corridas de rua também é positivo para a recuperação dos setores afetados pelas cheias. ”A expectativa é de que esses eventos se mantenham e, através deles, os menores se espalhem no calendário da cidade. Essa iniciativa é super positiva, porque gera receita de algo que não existia antes”, celebra Snel.

Além dos hotéis, os restaurantes surfam na onda da popularização do esporte. O head de relacionamento do 20/9, Rodrigo Rech, também observa que a mudança do cenário após a pandemia foi substancial, mas entende que o pós-enchente foi ainda mais impactante.

“Acho que a corrida está conseguindo uma coisa importante, que é furar a bolha de quem pratica. Quando se consegue democratizar um esporte, se consegue fazer com que ele seja capaz de atingir outras pessoas além dos praticantes. Despertou um senso de comunidade”, reflete. Ele também relata que o restaurante, com duas sedes em pontos de grande circulação durante os eventos — no Cais Embarcadero e no Pontal Shopping — mapeia todas as corridas do ano e prepara uma operação especial na Maratona de Porto Alegre.

“Vem muita gente em grupo de 40 a 50 pessoas, e acabamos deixando a operação em alguns momentos até um pouco mais informal — com DJs e espaços para ficar em pé —, para que a turma possa comemorar e celebrar esse momento legal, de frente para o Guaíba, que é um dos grandes cartões postais da cidade”, explica.

Rech entende que 2025 está sendo o ano das corridas. Ele relata um mês de agosto bem movimentado e espera que setembro também seja muito positivo com a Poa Night Run, uma prova que já está bem consolidada na Capital.

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