O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Sul superou o do Brasil no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto o aumento no índice nacional foi de 2,5%, o regional registrou um salto de 3,5%. A cifra foi puxada pelo Paraná, seguido por Santa Catarina. O Rio Grande do Sul, por sua vez, embora tenha contribuído para o dado positivo, teve um desempenho pior que os estados vizinhos. Os dados são do Núcleo de Contas Nacionais do FGV IBRE (NCN).
Conforme aponta a coordenadora do NCN, Juliana Trece, os três grandes setores econômicos (serviços, indústria e agropecuária) cresceram na Região Sul de uma maneira geral. Assim, o PIB paranaense cresceu 5,4%, o catarinense 4,2% e o gaúcho, em um desempenho mais modesto, 0,6%. A diferença entre o Rio Grande do Sul em relação aos demais estados, para a pesquisadora, se dá por uma dependência da agropecuária.
“É muito por conta do desempenho da agropecuária e da questão da soja, que é uma lavoura super importante para o Estado, representando pouco menos da metade do setor. Então, é óbvio que, se a gente tem a soja mal no Rio Grande do Sul, a gente vai ter uma queda na agropecuária. Mas é algo muito específico e muito pontual. O restante da agropecuária veio muito bem no Estado e a indústria e o setor de serviços também vieram com desempenhos positivos. Apesar dessa queda na agropecuária, eu ainda assim sinalizo o Rio Grande do Sul com um desempenho bom, embora seja menor que o dos outros estados da região”, avalia Juliana.
Uma das questões que impactam nos valores é a questão climática. Em maio de 2024, a enchente não trouxe um impacto tão significativo no PIB da agropecuária. Afinal, o principal produto, a soja, é colhida até abril e não foi impactada. Entretanto, a necessidade de reconstrução aqueceu o setor de serviços, que seguiu crescendo em 2025, assim como a indústria passou por um leve declínio mas se recuperou e aumentou seu percentual econômico neste primeiro semestre do ano.
O clima, aliás, foi também o responsável por reduzir a participação gaúcha no PIB nacional. Afinal, não apenas a enchente, mas as sucessivas estiagens dos últimos anos ocasionaram perdas nas lavouras que refletiram em desafios em toda a cadeia do agronegócio.
“É claro que isso é um ponto de destaque, mostrando o quanto o contexto de mudanças climáticas pode tornar a economia gaúcha vulnerável ao longo do tempo. A indústria de alimentos também é importante para o Estado e acaba tendo uma relação com a agropecuária, por conta dos produtos que vão para a indústria para serem transformados. Então, se a agropecuária não vai muito bem, também pode afetar a indústria no contexto do agronegócio”, acrescenta Juliana.
Por outro lado, a indústria gaúcha possui outros setores relevantes — não à toa, apesar da retração do agronegócio, o Estado cresceu 4% no PIB da indústria, pouco mais do que Santa Catarina (3,9%) e Paraná (3,7%) no período analisado pelo estudo sob uma perspectiva interanual. É o caso da indústria de maquinários e automotiva, que são segmentos vistos pela pesquisadora do NCN como menos vulneráveis às questões climáticas.
A questão, aponta Juliana, é estrutural. “O Rio Grande do Sul tem mostrado uma dificuldade de crescimento em comparação ao que a gente vê no Paraná e em Santa Catarina, que são estados que têm uma estrutura um pouco semelhante. É importante entender o que acontece neles”, explica a pesquisadora.
Para reverter esse cenário, Juliana considera que é importante apostar em ampliar a diversificação das atividades econômicas gaúchas, evitando uma dependência excessiva da agropecuária, mais suscetível às mudanças climáticas.
“Quando a agropecuária vai muito bem, ela vai puxar o PIB para cima, mas, quando vai mal, se torna um ponto de vulnerabilidade. E a indústria, por mais que seja desenvolvida, pode talvez aumentar a diversificação para outros segmentos, talvez alguns que estão em alta agora, ligados à tecnologia da informação, e que possam aquecer a economia”, avalia Juliana, acrescentando que a verticalização da produção agrícola também pode ser um caminho neste sentido, visto que pode agregar valor à produção do campo.
Em comparação, é possível observar o que está sendo feito em termos de diversificação em Santa Catarina: “a metalurgia está ficando bastante forte lá, assim como a parte de máquinas e equipamentos, (setor) de veículos e os serviços. O estado é considerado um polo de inovação e está investindo em tecnologias como um todo. Vemos que tem várias frentes acontecendo e isso torna a economia menos vulnerável. Porque, se tiver algum problema específico em algum dos segmentos, tem outros que estão fortalecidos”, acrescenta a pesquisadora.

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