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Criptomoedas de IA disparam mais de 7.000%: hype ou oportunidade?

Representação digital de criptomoedas
Representação digital de criptomoedas Imagem: Art Rachen/Unsplash

O acelerado crescimento da IA (inteligência artificial), com potencial de movimentar R$ 27 trilhões até 2033, também sacudiu o mercado de criptomoedas. Tokens ligados ao setor dispararam nos últimos anos, alguns registrando valorização de 7.000% ou até mais.

Apesar do brilho das altas, o cenário é desigual: enquanto parte dos projetos realmente aplica inteligência artificial em soluções digitais, outros apenas surfam na onda sem entregar utilidade concreta ou robustez de longo prazo.

"Hoje predomina o componente especulativo", diz João Martins, gerente de produtos da plataforma de negociação Foxbit.

Segundo o especialista, essa disparada de preços ocorre porque há forte interesse por IA e porque a narrativa em torno do setor é amplificada nas redes sociais. Além disso, esses projetos costumam ter liquidez reduzida, o que gera oscilações mais frequentes (tanto para cima como para baixo).

Rony Szuster, diretora de pesquisa do Mercado Bitcoin, afirma que o movimento atual nas criptos de IA é semelhante ao das memecoins (tokens sem fundamento baseados em meme) no passado.

No entanto, disse, trata-se de especulação porque a tecnologia está em fase inicial, não porque falta potencial. "A perspectiva para o futuro é promissora — o que falta é a aplicação concreta que marque esse ponto de virada", diz.

Além do hype: como separar o joio do trigo

O grande desafio para o investidor interessado em navegar nessas criptos nesse momento, segundo especialistas, é identificar quais projetos podem sobreviver.

"À medida que a inteligência artificial se consolida como uma indústria trilionária, os projetos que oferecem utilidade concreta e parcerias sólidas têm potencial para gerar valor sustentável, indo além do entusiasmo passageiro", diz Vugar Usi Zade, diretor de operações da Bitget.

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No geral, vale ficar de olho nas criptos que oferecem infraestrutura crítica para o avanço da IA. Entre os nichos mais promissores estão: redes de GPUs descentralizadas, governança em IA, computação em nuvem em blockchain, marketplaces de algoritmos, curadoria de dados e tokens que representam agentes de IA conectados a modelos de linguagem (LLMs) e arquiteturas como RAGs, voltadas à otimização de projetos.

É um trabalho que depende de pesquisa, porque hoje, segundo a plataforma CoinGecko, há cerca de 1.000 tokens ligados à IA. Juntos, somam um valor de mercado de US$ 30,2 bilhões (cerca de R$ 160 bilhões).

"Se você se interessou por um token, pesquise quem é a equipe por trás, quais ferramentas ele oferece e, no caso de agentes de IA, quais funcionalidades já estão disponíveis. Sempre que possível, priorize projetos mais consolidados", diz Szuster.

Quais criptomoedas de IA estão no radar?

O UOL perguntou para os três especialistas consultados quais são as criptos de IA do momento. Veja abaixo alguns dos nomes, preços e performances.

  • Virtual Protocol (VIRTUAL): plataforma para criação e evolução de agentes de IA. Negociado a US$ 1,03 (R$ 5,13) nesta segunda-feira (29). Cai 11% nos últimos 30 dias, mas acumula alta de 7.040% desde o lançamento, em dezembro de 2023.
  • Render (RNDR): conecta usuários a uma rede descentralizada de GPUs para renderização e IA. Negociado a US$ 3,40 (R$ 18,10). Recua 3,2% no mês e sobe 6.524% desde junho de 2020, quando foi listado em exchanges.
  • Fetch.ai (FET): permite a criação de agentes autônomos baseados em IA para negociações em blockchain. Cotado a US$ 0,58 (R$ 3,09). Cai 8% nos últimos 30 dias, mas acumula avanço de 60% desde sua listagem, em fevereiro de 2019.
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Riscos: da volatilidade à puxada de tapete

Zade, da Bitget, diz que a volatilidade continua sendo o maior risco, com preços frequentemente oscilando em ciclos de hype. Também pesam o escrutínio regulatório em torno da ética da IA e os desafios técnicos de integração para protocolos mais novos, falou.

Martins, da Foxbit, alerta para o risco de bolha em ativos que prometem mais do que entregam. Já Szuster, do MB, menciona o risco de golpes, como o rug pull (puxada de tapete, na tradução para o português).

Nesse tipo de fraude, criadores lançam um token, atraem grande volume de compradores, inflando o preço, e depois vendem suas participações na alta. O resultado é a queda brusca do valor e prejuízo para os investidores.

Vale investir?

Como a maioria desses ativos digitais ainda está em fase inicial de estruturação e aprimoramento, eles são investimentos de alto risco. "Portanto, devem representar apenas uma pequena parcela estratégica da carteira [cripto]. A maior parte deve permanecer em ativos consolidados, como bitcoin e ethereum", diz Martins.

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Szuster afirma que, em carteiras mais conservadoras, não recomenda alocação em criptos de IA. Já nas mais arrojadas — principalmente na parte de altcoins (termo usado para identificar qualquer cripto diferente do bitcoin) — as alocações variam entre 1% e, no máximo, 10% do portfólio.

Em geral, especialistas recomendam que os criptoativos representem apenas de 1% a 5% da carteira total de investimentos. As sugestões de exposição às criptos de IA, portanto, estão dentro desse intervalo.

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