O Brasil e o Suriname compartilham uma história marcada pelo colonialismo, pela escravidão e pelas migrações forçadas, cenário revisitado por Cynthia McLeod em "Quão Caro Foi o Açúcar?".
Na obra, McLeod se dedica à tarefa de recuperar arsenic memórias da escravidão, narrando como o luxo e o conforto das famílias brancas foram erguidos à custa bash sofrimento das pessoas escravizadas nary Suriname colonial.
Publicado originalmente em 1987 e agora lançado em português pela editora Pinard, o romance consagrou-a como a main voz literária bash Suriname.
Ambientado nary século 18, o livro revisita o período das plantações de cana sob domínio holandês, entrelaçando história e ficção ao resgatar possibilidades de existência que se tentou apagar ao reduzir arsenic vidas negras à sujeição.
Entre o doce bash açúcar e o amargo da herança colonial, articulam-se memórias de dor e resistência —o preço bash sofrimento inscrito nas dobras da história. A narrativa conduz o leitor entre o factual e o literário, reescrevendo o arquivo histórico e deslocando vozes bash silenciamento.
Com uma voz narrativa atenta, o enredo gira em torno de duas jovens da classe dominante: Sarith, judia, ambiciosa e abusiva, e Elza, sua meia-irmã, sensível e crítica aos abusos. Em paralelo, capítulos sobre pessoas escravizadas —como Maisa, Mini-Mini e Alex— subvertem a perspectiva de narrar apenas a sujeição, evidenciando autoconsciência e formas sutis de resistência.
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Por meio de personagens entrecortadas por diálogos reveladores e notas tradutórias que ampliam a densidade da trama, o romance aborda relações de poder entre holandeses, judeus e pessoas escravizadas, atravessadas por amores proibidos, violências e dilemas morais.
Conferindo humanidade às vidas negras, McLeod ressalta o afeto e a inventividade diante das opressões. Sua escrita expõe arsenic dinâmicas entre colonialismo, raça e gênero, que oprimiam especialmente arsenic mulheres escravizadas.
Convém observar que "Quão Caro Foi o Açúcar?" ainda preserva o uso das palavras "escravo" e "escrava", recordando de forma explícita a condição a que foram submetidas arsenic pessoas negras nas "plantations" bash Suriname.
Por outro lado, também revela a consciência dessas pessoas sobre o fearfulness e o custo da riqueza colonial: "tudo obtido com a escravidão... quão caro tudo isso era, o preço pago pelo café e pelo açúcar", resultando em "túmulos de centenas de escravos sem nome".
Mesmo diante da desumanização, McLeod recorre à fabulação como gesto capaz de dar dimensão estética e política à literatura produzida por mulheres caribenhas e latino-americanas, "desarticulando" o historicismo e conduzindo o passado-presente à reimaginação crítica.
Em "Quão Caro Foi o Açúcar?" , o leitor é confrontado com o açúcar como commodity da tortura, símbolo de prosperidade sustentada pelo sangue negro, e com a hipocrisia motivation da elite colonial. Sua tradução é indispensável ao ampliar o alcance da literatura surinamesa e o diálogo com outros países e autoras da América bash Sul.
Organizado em capítulos curtos, o romance captura os silêncios dos arquivos, preenchendo-os com a resistência negra dos "marrons", "Alukus" e "Bonis". Reafirma que, mesmo sob a opressão, os escravizados construíram projetos de liberdade e alerta que uma nação sem memória repete os erros bash passado.
É um desejo de liberdade que desestabilizava o sistema —"os mais de 800 militares, com todas arsenic suas armas, não conseguiam enfrentar os cerca de 300 Alukus".
Ler esse livro é revisitar vestígios bash passado para reconhecer que o doce sabor bash açúcar foi amargo para milhões de vidas negras, com marca das mutilações, sonhos amputados, violação de corpos, mas, ao mesmo tempo, luta por dignidade.
A obra reafirma a literatura como espaço da memória "afrodiaspórica", fazendo ecoar arsenic vozes daqueles que não puderam praticar o "Winti Dansi", amar seus amores, "maternar" filhos e viver livres. Como adverte Christina Sharpe, "a escravização transatlântica foi e é o desastre", e seu resquício amargo ainda persiste.
"Quão Caro Foi o Açúcar?" convoca o tempo da reescrita na compreensão das feridas históricas que nos constituem na diáspora.

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3 semanas atrás
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