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Democracia não superou a desumanização, diz Marina Silva em lançamento de 'A Palavra e o Poder'

Durante debate sobre o livro "A Palavra e o Poder", realizado nesta quinta-feira (30), em Brasília, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) exaltou as virtudes da democracia. Ela disse que é da natureza desse sistema político que ele não seja estável, mas afirmou que a brasileira, em particular, não conseguiu superar a desumanização –a "ninguendade", lembrou, citando conceito do sociólogo Darcy Ribeiro.

"Isso a Nova República talvez não tenha entregado, um compromisso de maioria, que não tolere nenhum tipo de 'ninguentude'", afirmou, argumentando que entregas maiores não seriam possíveis sem uma mudança de mentalidade.

O debate foi mediado pelo professor e colunista do jornal Rodrigo Tavares, que organizou o livro ao lado dos jornalistas Flávia Lima e Naief Haddad. A obra é uma coletânea de 40 artigos escritos na Folha ao longo dos 40 anos de democracia, acompanhados de outros 40 artigos de comentário.

Além da ministra, participaram do debate Ana Flavia Magalhães Pinto, professora do departamento de história da Universidade de Brasília (UnB); Marcos Terena, líder indígena; e Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha.

Terena ressaltou a dificuldade do Estado brasileiro em efetivar a demarcação dos territórios indígenas —algo que ele atribui à falta de escuta. "A Nova República não teve tempo de conversar com a gente e por isso não teve responsabilidade sobre esse tema."

Ana Flávia lembrou da operação policial no Rio de Janeiro que, mirando o tráfico de drogas, vitimou 121 pessoas nesta terça-feira (28), no Rio de Janeiro, tornando-se a mais letal da história do país.

"Fica muito complicado nós falarmos que estamos vivendo uma democracia quando a maioria da população brasileira não tem assegurada nem mesmo a condição de humanidade", afirmou a professora da Universidade de Brasília.

O contraponto veio do secretário de Redação da Folha, Vinicius Mota. "Na minha avaliação, a Nova República entregou o que podia entregar: um instrumento para o autogoverno", disse. "Na democracia somos nós que temos que nos organizar para fazer as coisas andarem."

Ele reconheceu que todas essas aspirações —demarcações de terras indígenas, fim da truculência policial— são urgentes, e que não deveríamos estar falando delas 40 anos depois, mas argumentou que as leis são plenamente reformáveis.

A ministra do Meio Ambiente afirmou que, além de estabelecer um mapa para implementar decisões de anos anteriores, a conferência do clima da ONU, que acontecerá em novembro, na cidade de Belém do Pará, deve tratar de metas nacionais de redução de emissões, as NDCs.

"Infelizmente, até agora são pouco mais de 60 países que apresentaram suas NDCs e provavelmente elas não estarão alinhadas com a meta [de não aquecimento da terra acima] de 1,5 °C", disse. "Para além dos temas mandatados, não tem como não endereçar as NDCs [metas de redução de emissões de países] insuficientes", disse a ministra.

Marina também afirmou que a conferência sofreu com o que ela classificou como uma "extorsão" nos preços das acomodações.

"Geralmente o aumento é de no máximo 5 vezes mais, no Pará chegou a 15 vezes mais", disse.

Ela afirmou que os governos federal e estadual lançaram todos os meios de que dispõem para solucionar o problema dentro da lei, mas que os mecanismos disponíveis não são velozes.

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