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Discurso de Trump: Brasil precisará equilibrar postura firme e cuidadosa em relação a tarifas, dizem diplomatas

Diplomatas ouvidos pela GloboNews avaliaram nesta quarta-feira (5) que o Brasil precisará, ao longo das próximas semanas, equilibrar uma postura "firme", mas, ao mesmo tempo, "cuidadosa" em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e às tarifas eventualmente a serem impostas a produtos do país exportados para o mercado americano.

Governo Trump cita Brasil ao criticar multas aplicadas a empresas americanas

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Ainda na campanha, o então candidato prometeu adotar uma política mais protecionista sob o argumento de que países ao redor do mundo lucram com os Estados Unidos.

De forma reservada, um diplomata ouvido pela GloboNews afirmou que a atitude do governo já tem sido cuidadosa em relação a Trump para não agravar a situação, acrescentando que "prudência não é deixar de responder", mas, sim, "saber o momento de responder".

"Era só o que faltava, discurso do Trump pautar a política externa brasileira", afirmou.

Um outro diplomata defende que o Brasil não tente "apagar o fogo colocando gasolina" porque isso poderia piorar a situação.

Na mesma linha, um integrante do Palácio do Planalto disse que a estratégia neste momento deve ser manter uma postura "cuidados, mas responsiva". Isto é, segundo ele, "prudente e firme" ao mesmo tempo.

Conforme avaliação desse integrante do governo, o Itamaraty precisará ser prudente para "não escalar" a situação de forma desnecessária, respondendo de forma "firme" somente "se for preciso".

Brasil não deve aceitar provocações

O diplomata Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina, disse em entrevista à GloboNews avaliar que o discurso de Trump "não foi promissor" porque o atual presidente dos Estados Unidos tem "convicções agressivas" e defende medidas como se o país fosse "vítima da sociedade internacional".

Conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Azambuja também disse que Trump tentou colocar o Brasil numa espécie de "lista de espera" de países que poderão ser atingidos por "severa resposta americana", o que exige do Brasil uma postura "cuidadosa".

"O Brasil tem que ficar em alerta, atento e cuidadoso, sobretudo, porque o Trump tem uma agressividade natural, dele, uma violência contida nele, de modo que o Brasil tem que agir com grande firmeza, mas com grande prudência. O adversário é forte, as acusações dele não se fundamentam em nada que se justifique, mas ele tem hoje na China, Índia e Brasil a ideia de que seremos [...] os novos países a serem punidos", declarou.

Para Azambuja, a diplomacia brasileira precisará equilibrar uma posição "firme", "clara" e "articulada" de um lado, mas não deve provocar nem aceitar provocações do governo dos Estados Unidos, evitando "animosidades" nas relações entre os dois países.

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