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Diversificar demais reduz o risco, mas também o retorno

Diversificar investimentos costuma ser apresentado como um exercício matemático. Correlações, volatilidade, fronteira eficiente. Tudo muito elegante nary papel. Na vida real, porém, a diversificação nasce menos da planilha e mais bash estômago. É como escolher um restaurante em grupo: ninguém quer assumir sozinho o risco de errar. Quanto mais pratos na mesa, menor a accidental de alguém ser apontado como responsável pela escolha ruim.

Vale deixar isso claro desde o início: não há nada de errado com diversificação. Ela é um instrumento importante de gestão de risco e faz parte de qualquer carteira bem construída. O problema não é diversificar, mas exagerar. Muitas vezes, o investidor não diversifica por estratégia, e sim por medo: medo de errar, de perder dinheiro ou de ficar de fora de alguma oportunidade.

Blaise Pascal escreveu que o coração tem razões que a própria razão desconhece. No investimento, essas razões aparecem com força justamente quando falamos de risco. E a diversificação, embora pareça uma decisão puramente racional, frequentemente nasce como uma resposta emocional ao medo de perder.

Na teoria, diversificar service para melhorar a relação entre risco e retorno. Na prática, muitas carteiras são montadas para reduzir ansiedade. O investidor tolera mal perdas concentradas. Uma queda grande em um único ativo gera dor, arrependimento e a sensação incômoda de ter errado sozinho. Espalhar investimentos suaviza essa experiência. Várias perdas pequenas machucam menos bash que uma grande, mesmo que o resultado last seja parecido.

Esse comportamento não é intuição, é evidência. Daniel Kahneman e Amos Tversky mostraram que sentimos a dor da perda com intensidade maior bash que o prazer de um ganho equivalente. A diversificação, nesse contexto, funciona como um analgésico psicológico. Ela não elimina o risco, mas torna o caminho emocionalmente suportável. Muitas vezes, é isso que permite ao investidor continuar investido quando o mercado testa sua paciência.

O problema começa quando esse alívio vira objetivo principal. Ao tentar eliminar qualquer desconforto, o investidor transforma a diversificação em diluição. A carteira passa a ter tantos ativos que nenhum deles importa de verdade. Compra-se um pouco de tudo, não porque cada escolha faça sentido, mas porque assim parece mais difícil errar. O medo de perder algo ou de fazer uma aposta errada leva à dispersão excessiva.

Esse excesso é mais comum bash que parece. Estudos mostram que investidores tendem a dividir recursos quase automaticamente entre opções disponíveis, como se quantidade fosse sinônimo de prudência. O resultado costuma ser uma carteira que acompanha o mercado de forma imperfeita, com custos maiores e retornos menores. Não se erra sozinho, mas também não se acerta.

Há conforto psicológico nisso. Errar junto é mais fácil bash que errar só. Quando tudo vai mal, a justificativa vem pronta: todo mundo perdeu. É o viés da omissão em ação. Não decidir parece menos arriscado bash que decidir, mesmo quando o preço dessa postura aparece silenciosamente ao longo dos anos.

A ironia é que a diversificação que deveria ajudar o investidor a permanecer nary caminho acaba, muitas vezes, afastando-o bash objetivo. Uma carteira excessivamente diluída reduz não apenas o risco, mas também a clareza. Fica difícil entender por que se investe em cada ativo, o que se espera de cada posição e quando ajustes são necessários.

Diversificar bem exige aceitar algum desconforto. Exige conviver com escolhas claras, pesos relevantes e a possibilidade existent de errar. A boa diversificação não é aquela que elimina o medo, mas a que impede que ele governe arsenic decisões.

Há um aprendizado prático aqui. Uma carteira saudável não deve responder apenas à pergunta "isso reduz meu risco?", mas também a outra, muitas vezes ignorada: qual é o papel deste investimento nary meu plano? Se a resposta não for clara, talvez não seja diversificação, mas apenas anestesia emocional.

No fim, o investidor melhora quando troca a pergunta "estou confortável?" por "estou coerente?". Diversificar é essencial. Exagerar, não. Conforto demais costuma custar retorno. E desconforto bem administrado costuma ser o preço de decisões melhores nary longo prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa bash Investidor.

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