É difícil o artista se enxergar como produto, diz fundadora de agência

Ainda à frente da área comercial da B+CA, Ruiz explica que o início da agência coincidiu com a chegada do digital, exigindo adaptação e aprendizado conjunto de artistas e empresários no novo cenário da música.

Eu comecei de uma forma experimental, gravando bandas underground aqui em São Paulo mesmo, da nossa cena. Isso foi, de certa forma, se profissionalizando... Depois disso, com o Cine, a coisa teve já uma cara profissional, os primeiros cachê sendo pagos ainda com caráter de frilaBruno Trindade Ruiz

Mas a carteira com artistas de reconhecimento não foi o suficiente para Carol deixar o seu trabalho fixo como social media. Bruno teve que insistir para que sua sócia ficasse apenas nos trabalhos na agência e, assim, assumir que eles tinham um negócio para administrar.

Publicitária, Caroline ressalta que viver de arte exige profissionalização e estratégia comercial, com o artista atuando em diversas frentes para garantir renda e sustentabilidade. É parte do trabalho da agência mostrar para os artistas e empresários como ferramentas do marketing contribuem com o sucesso da carreira de música.

Tentamos traduzir todos esses objetivos da maneira mais tangível possível e explicar bem no bê-a-bá mesmo. 'ó, essa campanha que a gente fez, que a gente fez tais ações, isso aqui deu certo, esse aqui o nosso objetivo era vender ingresso e conseguimos ou não [...] mas temos agora essa outra ideia aqui para a gente continuar alavancando essa campanhaCaroline Steinhorst

Transformar seguidores e visualizações em público real continua sendo um dos maiores desafios do marketing musical, afirma Caroline Steinhorst. "Essa é uma grande diferença também do passado para hoje, porque uns anos atrás, com a grande era das gravadoras ali, a gravadora fazia tudo pro artista, né? Diziam, ó, compareça neste dia para gravar o clipe, né? E nesses dias entrevistas, e aí você vai no Faustão, né? Você tinha todo o negócio ali".

Para conduzir o seu trabalho com qualidade, pensando no conteúdo e na estratégia de marketing dos cantores, a B+CA negocia nas primeiras reuniões comerciais a disposição que o artista tem para se divulgar, explica Bruno Ruiz. A agência já chegou a negar clientes por entender que não teriam condições de trabalhar em prol do melhor resultado.

Para gente poder fazer diferença num artista, num projeto qualquer, a gente precisa de entendimento, a gente precisa de aval, né? Então, justamente pra ele estar com a B+CA, ele precisa entender a diferença que a gente pode fazer na carreira dele e isso tá muito em como a gente divulga o trabalho.Bruno Trindade Ruiz