As pesquisas preveem uma disputa muito acirrada. Afilhado político do ex-presidente José "Pepe" Mujica, o opositor de esquerda Yamandú Orsi enfrenta o governista de centro-direita Álvaro Delgado, ex-secretário da Presidência de Lacalle Pou.
Os centros de votação abriram às 08h (mesmo horário em Brasília) e vão fechar às 19h30 — se neste horário ainda houver eleitores na fila dos centros de votação, eles poderão votar.
A Corte Eleitoral espera ter um resultado oficial às 22h, mas se a diferença de votos estiver muito apertada, não será possível determinar o vencedor até o fim da noite de domingo.
Mais de 2,7 milhões de uruguaios estão habilitados a votar no segundo turno, no qual o vencedor será definido por uma maioria simples. No Uruguai, o voto é obrigatório e não existe o voto consular, razão pela qual é aguardada a vinda de milhares de uruguaios residentes na vizinha Argentina.
Eleitores votam para decidir o próximo presidente do Uruguai, em 24 de novembro de 2024 — Foto: Dante Fernandez/AFP
A situação econômica e a criminalidade dominam as preocupações dos eleitores do país agropecuário, que tem 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado.
"Para os trabalhadores, estes cinco anos não foram nada bons", disse à AFP Gustavo Maya, um distribuidor de botijões de gás de 34 anos. "Ando todo dia na rua e o que me preocupa é a insegurança. Vejo muitos assaltos e homicídios, mas pouca polícia."
William Leal, um pedreiro de 38 anos, disse que votará em Delgado: "Quero que este governo continue porque, no setor da construção, houve muito mais trabalho".
O ex-presidente do UruguaiJosé Mujica espera para votar durante o segundo turno da eleição presidencial em Montevidéu, em 24 de novembro de 2024. — Foto: Santiago Mazzarovich / AFP
Mujica: 'Me interessa o destino dos jovens'
Em 27 de outubro, Orsi obteve 43,9% dos votos, muito à frente de Delgado (26,7%), embora este agora conte com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, que juntos obtiveram 47,7% dos votos.
Orsi lidera todas as pesquisas, mas seguido de perto por Delgado, por uma diferença que diminuiu nos últimos dias e se situa dentro das margens de erro.
"É um cenário muito competitivo", informou à AFP o sociólogo Eduardo Bottinelli, diretor da consultoria Factum.
A Frente Ampla espera voltar ao governo, perdido em 2020 após três mandatos consecutivos — um deles com Mujica. Aos 89 anos, o ex-guerrilheiro se recupera de um câncer no esôfago e foi votar cedo em Montevidéu.
Apesar da saúde frágil, Mujica teve uma participação ativa no final da campanha. Em reuniões com moradores e várias entrevistas, ele criticou a avareza de alguns políticos, as corporações e o presidente em fim de mandato Lacalle Pou. Também questionou o "consumismo abominável", e falou sobre seu legado em uma espécie de despedida que emocionou muitas pessoas.
O ex-presidente do UruguaiJosé Mujica espera para votar durante o segundo turno da eleição presidencial em Montevidéu, em 24 de novembro de 2024. — Foto: Santiago Mazzarovich / AFP
'Governabilidade' e 'maioria silenciosa'
Orsi, que foi intendente do departamento de Canelones durante uma década, assegurou ter a "governabilidade" para impulsionar "as transformações de que o país precisa".
"Queremos ir ao encontro e buscar linhas de acordo", disse Delgado, ex-secretário da Presidência de Lacalle Pou, confiando em que "uma maioria silenciosa" lhe dará a vitória porque o Uruguai está "melhor" do que em 2019.
Vença quem vencer, não se antecipa uma reviravolta. Orsi prometeu "uma mudança segura, que não será radical", e Delgado prometeu avançar na via atual.
Yamandú e Delgado disputam presidência do Uruguai
No entanto, o tema dos impostos gerou atritos no único debate realizado durante a campanha. Ambos candidatos se comprometeram a não aumentar a carga tributária, mas Delgado questionou a promessa do adversário, afirmando que o programa da Frente Ampla o prevê.
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