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Em ato unificado, centrais sindicais celebram e refletem o Dia do Trabalhador

Diversas centrais sindicais realizaram nesta quinta-feira (01), na Casa do Gaúcho, um ato unificado alusivo ao Dia do Trabalhador. O evento intercalou apresentações musicais com falas de representantes sindicais, partidários e de movimentos sociais. Entre os discursos, prevaleceu a reivindicação pelo fim da escala 6x1 — em que o trabalhador tem uma folga a cada seis dias de atuação — e por melhores condições laborais.

“Unificamos nossas pautas, como a redução da jornada de trabalho com o fim da escala 6x1 e melhores salários. Não dá só para reduzir jornada, tem que melhorar as condições salariais e de trabalho para as pessoas. Também buscamos a taxação das grandes fortunas, a isenção dos trabalhadores que recebem até R$ 5 mil do imposto de renda, com correção da tabela e lutamos contra qualquer tipo de anistia aos golpistas”, resume o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, Amarildo Cenci.

A organização buscou, mais do que organizar uma manifestação, contribuir também com um espaço de confraternização para a militância, em que pudesse ter a discussão de ideias e a reflexão. “A classe trabalhadora muitas vezes não tem condições de ter uma atividade social, então achamos importante propiciar isso no Dia do Trabalho, fazendo um momento de congregação em que o trabalhador trouxesse sua família ao mesmo tempo em que pudéssemos dar o nosso recado, unindo a luta e o direito à arte, à cultura e à diversão”, explica o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Rio Grande do Sul, Guiomar Vidor.

Brunno Mattos, diretor-geral da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa) foi um dos participantes do evento. Para ele, o saldo foi positivo: “No ano passado, teve a enchente e os trabalhadores não conseguiram se reunir para festejar o seu dia e, neste ano, a gente consegue fazer isso com muito esmero. Tem mais de sete ônibus aqui de diversas comunidades de Porto Alegre e eu acredito que é daqui que vamos tirar as próximas lutas, porque esse momento nos reenergiza para tocar as pautas nas comunidades e nos territórios”, comenta.

A percepção é compartilhada pelos organizadores do evento, que dizem observar uma maior participação dos trabalhadores em entidades sindicais. “A gente tem comentado que existe mais participação, temos feito caravanas por fábricas no interior do estado e o pessoal tem parado na porta do trabalho para ouvir e participar. Tem um despertar e isso é bom. A taxa de desemprego caiu, mas as pessoas se deram conta que o emprego que está sendo dado é de péssima qualidade. Então, o pessoal está indignado”, acrescenta Cenci.

Deputados e vereadores marcaram presença

Certamente, a figura mais reverenciada pelo público que comparecia no ato unificado era a do ex-governador gaúcho Olívio Dutra (PT, 1999-2003). Já conhecido pela militância, ele se sentou na primeira fileira onde permaneceu ao lado de colegas de partido, como os deputados estaduais Adão Pretto (PT) e Sofia Cavedon (PT), e de amigos de longa data na política, como o vereador Pedro Ruas (PSOL).

Mas, quem mais circulou pela militância foram vereadores, deputados estaduais e deputados federais das bancadas de esquerda. Do PT, a deputada federal Maria do Rosário fez uma participação discreta pela metade da tarde. Já as deputadas federais Daiana Santos (PCdoB) e Fernanda Melchionna (PSOL) buscaram utilizar o palco para se dirigir aos trabalhadores.

“Nós estamos ao lado destes que fazem a roda da economia girar. E sabemos a importância que tem a redução dessa jornada de trabalho (6x1). Sabemos a diferença que tem o fim dessa escala desumana, que retira possibilidades”, declarou Daiana no microfone principal. A deputada é autora do projeto de lei 67/2025, que busca garantir ao menos dois dias de repouso remunerado aos trabalhadores e estabelece um teto máximo de quarenta horas semanais de trabalho.

À reportagem, ela comentou, ainda, sobre as motivações que a levaram a comparecer na Casa do Gaúcho neste Dia do Trabalhador: “A gente que tem esse compromisso e sabe que precisa estar junto em todos os espaços. Eu falo iss, e, para mim, é muito sensível, inclusive, porque eu venho desse lugar. Não poderia ser diferente. Quando eu venho, quando eu falo, quando eu me movimento, quando eu me mobilizo, quando eu me coloco à disposição, é porque eu sei o valor que isso tem. Não é uma plataforma política, é responsabilidade. Responsabilidade com a sociedade”.

Por sua vez, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) exerceu críticas à composição do Congresso Nacional e ao que considera uma falta de prioridade da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em relação aos projetos que pedem o fim da escala 6x1. “Precisamos construir uma jornada de mobilização para alterar a correlação de forças a favor dos trabalhadores e da juventude para pautar (a redução da jornada de trabalho). A CCJ, nesse momento, está pautando a cassação do deputado federal Glauber Rocha (PSOL), trancar o processo de investigação contra (o ex-presidente Jair) Bolsonaro (PL) e anistiar os golpistas A gente precisa lutar para que a pauta da Câmara se altere”, defendeu à reportagem.

Já a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) buscou relembrar que, além da luta, o Dia do Trabalhador também conta com celebrações. “É um dia cheio de simbolismos, e a gente festeja também porque temos grandes conquistas, como o baixo desemprego e o fato de termos um trabalhador metalúrgico como presidente do Brasil. Mas, acima de tudo, a manutenção da democracia. Existem países que vivem sob o jugo militar, sob a guerra e sob apartheid. Nós não, nós estamos vivendo a democracia. Essa é a grande conquista do povo trabalhador brasileiro”, explica.

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