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Embarques por Rio Grande têm contratos sob revisão após tarifa dos EUA

Embora o ritmo de embarques de produtos para exportação pelo Porto do Rio Grande tenha mantido, no primeiro semestre do ano, média semelhante à verificada no ano passado, a perspectiva da entrada em vigor da nova tarifa imposta pelo governo de Donald Trump ao Brasil, de 50%, estabeleceu uma nova realidade nas últimas semanas. O que se vê é um momento de reavaliação silenciosa por parte de empresas que vendem para os EUA. Exportadores gaúchos se veem diante de contratos sob revisão e mercadorias em risco de encalhe.

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Embora o ritmo de embarques de produtos para exportação pelo Porto do Rio Grande tenha mantido, no primeiro semestre do ano, média semelhante à verificada no ano passado, a perspectiva da entrada em vigor da nova tarifa imposta pelo governo de Donald Trump ao Brasil, de 50%, estabeleceu uma nova realidade nas últimas semanas. O que se vê é um momento de reavaliação silenciosa por parte de empresas que vendem para os EUA. Exportadores gaúchos se veem diante de contratos sob revisão e mercadorias em risco de encalhe.

Segundo o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, cerca de 800 mil toneladas das 25 milhões de toneladas exportadas pelo complexo portuário de Rio Grande no último ano tiveram como destino os EUA – volume que deve se repetir em 2025, conforme a parcial do primeiro semestre. As cargas incluem celulose, sebo, utensílios domésticos, cutelaria, borracha, fumo e alimentos.

Não tivemos uma corrida para antecipar embarques, como se viu em Santos. O que há é um momento intenso de revisão de contratos e rediscussão comercial com os americanos”, relata Klinger. “Nossos clientes estão analisando impacto de preços e como assumir os custos do tarifaço. É um momento de reflexão, não de desespero.”

No Porto de Santos, o principal do País, que movimenta 30% da corrente de comércio exterior brasileira, houve um aumento de 96% nos embarques de proteína animal por contêineres nas duas primeiras semanas de julho após o anúncio da tarifa do governo Trump. Também cresceram 17% os embarques de café, e foram enviadas 49,4 mil toneladas de celulose, volume recorde. O tráfego de caminhões aumentou cerca de 70%, impulsionado pela pressão para antecipar envios.

A aceleração tinha como objetivo escapar da tributação. Mas, mesmo enviando cargas agora, não haveria tempo suficiente para que elas desembarquem antes de 1º de agosto, dada a duração da viagem marítima, entre 14 e 18 dias.

Um dos setores que mais sentiram a antecipação da medida foi o de carne bovina. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) compilados pela Abiec, os embarques para os EUA despencaram 61,9% desde abril – quando entrou em vigor uma tarifa extra inicial de 10% – até junho. No quarto mês de 2025, o Brasil enviou 47,8 mil toneladas aos americanos. Em junho, o número caiu para 18,2 mil toneladas. E às vésperas de encerrar este mês de julho, são cerca de 10 mil mil toneladas, apenas, comercializadas.

Apesar da valorização do preço médio pago pelos importadores – de US$ 5.200,00 a tonelada para US$ 5.850,00 (+12%) –, o presidente da Abiec, Roberto Perosa, aponta perdas iminentes.

Temos cerca de 30 mil toneladas em risco. Com a nova tarifa, a exportação se torna inviável. O impacto pode chegar a US$ 160 milhões em produtos já produzidos ou em trânsito.

De acordo com a Farsul, o RS exportou US$ 39 milhões em carne bovina para os EUA entre janeiro e junho de 2025. O produto respondeu por 14,7% do valor e 12% do volume das proteínas embarcadas pelo Estado ao mercado norte-americano. A carne in natura representou 16,6% do faturamento e 16,4% do volume; a carne industrializada, 13,5% e 9,3%, respectivamente.

Diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle alerta que a imposição de tarifas pelos EUA poderá gerar um forte impacto sobre a cadeia da carne no Brasil, com reflexos diretos no RS. Segundo ele, frigoríficos do Centro-Oeste concentraram grande parte de sua produção para o mercado norte-americano, mas, caso o tarifaço seja mantido a partir do dia 1º de agosto, cargas em trânsito poderão ser devolvidas e redistribuídas internamente, provocando uma superoferta.

"Isso já tem pressionado os preços do boi para baixo, inclusive no RS, onde produtores tentam vender com urgência para evitar perdas ainda maiores. Além disso, o consumo doméstico segue fraco, dificultando o escoamento da produção."

Para o dirigente, o redirecionamento das exportações não ocorrerá de forma simples ou rápida, o que poderá agravar a crise setorial. O ritmo de abates nos frigoríficos gaúchos, por ora, segue normal, disse Moussalle. Mas já se vislumbra uma desaceleração, especialmente em estabelecimentos voltados exclusivamente à exportação para os EUA. 

Impasse gera apreensão em diversos setores do RS

Outros segmentos tradicionais do RS também veem a América como um mercado-chave e acompanham a crise entre Brasil e EUA com apreensão. Para o setor coureiro, o mercado americano representam 25% das vendas externas gaúchas. Entre os produtos em destaque são os couros do RS, que têm alto valor agregado no revestimento interno de veículos nos EUA. A estimativa é de uma perda potencial de até US$ 147 milhões a esse segmento, caso a tarifa seja mantida e novos contratos não sejam fechados.

Já a indústria de base florestal tem 26% de suas exportações destinadas aos EUA. Segundo a Ageflor, somente no primeiro semestre, o valor foi de US$ 145 milhões.

O presidente da entidade, Daniel Chies, expressa forte preocupação com os impactos econômicos e sociais decorrentes da elevação de tarifas impostas. Segundo ele, empresas do setor madeireiro já começam a reduzir produção, jornadas de trabalho e conceder férias para mitigar prejuízos diante da retração esperada nas exportações.

Não é momento de bravatas ou confrontos”, afirmou Chies, ao cobrar do governo federal uma postura mais responsável e madura.

Para ele, apenas uma solução negociada poderá evitar “consequências muito graves” para a indústria nacional e para a população afetada pelo encolhimento da atividade econômica.

Outros segmentos tradicionais do RS também veem a América como um mercado-chave. Para o setor coureiro, o mercado americano representam 25% das vendas externas gaúchas. A estimativa é de uma perda potencial de até US$ 147 milhões, caso a tarifa seja mantida e novos contratos não sejam fechados.

Já a indústria de base florestal tem 26% de suas exportações destinadas aos EUA. Segundo a Ageflor, somente no primeiro semestre, o valor foi de US$ 145 milhões.

O presidente da entidade, Daniel Chies, expressa forte preocupação com os impactos econômicos e sociais decorrentes da elevação de tarifas impostas. Segundo ele, empresas do setor madeireiro já começam a reduzir produçãojornadas de trabalho e conceder férias para mitigar prejuízos diante da retração esperada nas exportações.

Não é momento de bravatas ou confrontos”, afirmou Chies, ao cobrar do governo federal uma postura mais responsável e madura.

Para ele, apenas uma solução negociada poderá evitar “consequências muito graves” para a indústria nacional e para a população afetada pelo encolhimento da atividade econômica.

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