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Empresas do Grupo Isdra pedem recuperação judicial para renegociar dívidas

Quatro empresas do Grupo Isdra - Fibraplac, Isdralit, Astir e Platamon - entraram em recuperação judicial, com dívida no valor de R$ 567.177.492,99, segundo o administrador judicial José Paulo Japur. "A lista provavelmente sofrerá alterações ao longo do processo. Além disso, foram declaradas dívidas não sujeitas, como tributárias, no valor total de R$ 1.489.773.524,45", destaca o advogado.

Por meio de nota, o Grupo Isdra informa que, com o objetivo de reservar a continuidade das atividades econômicas e a manutenção dos empregos e compromissos assumidos com fornecedores, clientes e parceiros, protocolou, na Justiça de Porto Alegre pedido de recuperação judicial para quatro empresas - Fibraplac, Isdralit, Astir e Platamon. O texto afirma que para dar continuidade à reestruturação que já vem desenvolvendo, protocolou o pedido de recuperação judicial para parte de suas empresas, "o que se fez necessário diante de um cenário de instabilidade financeira, causado por uma sequência de fatores nos últimos anos, que levaram à suspensão das operações de algumas empresas por tempo indeterminado".

O processo está em fase de constatação prévia, que consiste em uma diligência feita nas unidades produtivas por perito judicial. O pedido, segundo o Grupo Isdra, se fez necessário diante de um cenário de instabilidade financeira, causado por uma sequência de fatores nos últimos anos, como o aumento da taxa de juros, a demora na regularização de passivo com a União e os eventos climáticos que assolaram o Rio Grande do Sul em 2024.

O grupo possui fábricas de MDF e telhas de fibrocimento no Rio Grande do Sul e Paraná. Além de atuar na indústria, também tem negócios no ramo da hotelaria, incorporação e shopping center, sendo composto pelas empresas Fibraplac, Isdralit, Rua da Praia Shopping, Astir Incorporadora e Rede Master Hotéis.

A Isdralit, a Fibraplac e a Astir possuem seus centros administrativos localizados na Rua dos Andradas, Centro de Porto Alegre, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes de 2024, que levaram à suspensão das operações das empresas por tempo indeterminado.

Já a Platamon, que atua no setor de hotelaria, teve suas atividades gravemente afetadas pela queda abrupta no turismo, especialmente em razão do fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre, no ano passado.

No nota divulgada à imprensa, o Grupo Isdra afirma que desde 2023 vem buscando sua reestruturação financeira, assessorado pela Iwer Capital e pelo escritório de advocacia Biolchi. "O processo de reestruturação de um grupo empresarial do nosso porte configura um desafio de longo prazo, e que é feito em camadas. Iniciamos com o remédio mais brando, da recuperação extrajudicial, que trouxe avanços e aprendizados fundamentais, mas que deixou lacunas a serem endereçadas, que exigiam um tratamento mais frontal e de maior eficácia, e que se somaram a desafios novos", afirma o diretor-presidente do Grupo Isdra, Eduardo Isdra Záchia, que é neto do fundador Abraham Isdra e membro da terceira geração da empresa.

O próximo passo no processo é a apresentação do plano de recuperação, que será negociado com os credores.

Juliana Biolchi, diretora-geral do escritório de advocacia Biolchi, diz que a recuperação judicial será o caminho e o instrumento essencial para viabilizar a reestruturação do Grupo Isdra e a manutenção das atividades das empresas, preservando não apenas sua viabilidade econômica, mas também seu importante papel no setor produtivo e social.

Segundo Artur Lopes, sócio da Iwer Capital, para que a operacionalidade do grupo - e os empregos diretos e indiretos que dela decorrem – não fossem ameaçados, optou-se por um remédio jurídico mais assertivo que pudesse organizar e tratar o passivo das empresas. 

 Plano deve ser apresentado até o mês de setembro

O administrador judicial José Paulo Japur disse que as empresas deverão apresentar um plano de recuperação judicial até o dia 22 de setembro deste ano, contemplando os meios de reestruturação. Em havendo objeção de credores, será convocada uma assembleia para deliberação. Aprovado o plano em assembleia e homologado pela Justiça, a recuperação judicial será concedida e as empresas deverão cumprir com os termos acordados junto a seus credores.

Segundo Japur, de acordo com a lista de credores apresentada pelas empresas, a dívida sujeita à recuperação judicial perfaz a importância de R$ 567.177.492,99 na data da distribuição da tutela cautelar antecedente - 15 de maio de 2025.

Japur informa que as empresas em conjunto declararam a existência de 1.165 funcionários, assim distribuídos: Astir (18), Fibraplac (494), Isdralit (299) e Platamon (354). Ainda não foram apresentadas as listas de colaboradores das empresas Olímpia, Terras Verdes e Grupo Isdra. A Administração Judicial desconhece notícias sobre futuras demissões.

Japur disse que as empresas declararam como causas da crise as seguintes razões: eventos climáticos extremos ocorridos no ano de 2024 no Rio Grande do Sul, elevação da taxa básica de juros (Selic) e demora na apreciação dos pedidos de transação tributária junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Negócios seguirão funcionando

As empresas, conforme o administrador judicial José Paulo Japur, ajuizaram tutela cautelar em caráter antecedente ao pedido de recuperação judicial no dia 15 de maio. Posteriormente, no dia 23 de junho, formularam o pedido principal de recuperação judicial.

No dia 21 de julho de 2025, o Poder Judiciário efetivamente deferiu o processamento da recuperação judicial.

O administrador judicial explica que empresas seguirão funcionando regularmente, sob fiscalização da administração judicial enquanto perdurar o processo de recuperação judicial. "O propósito da recuperação judicial é viabilizar a superação da crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores", acrescenta.

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