De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor Peic) deste mês, o percentual de famílias brasileiras que afirmam ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) diminuiu, representando cerca de 76,9% das famílias do país. Com a quarta queda consecutiva do ano, o volume de endividados chegou ao menor nível desde fevereiro de 2022. As informações são apuradas mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC).
Comparado ao mesmo período do ano anterior, os números apontam que o risco de inadimplência diminuiu e menos pessoas atrasaram o pagamento de suas dívidas em outubro, 29,7% do total de famílias, ante 30,2% em setembro deste ano e 30,3% em outubro de 2022. Essa melhora é visível entre as famílias de baixa renda e renda média baixa. No entanto, nas famílias com renda média entre cinco e dez salários mínimos, o número de inadimplentes cresceu, indicando que para este grupo a gestão financeira continua sendo um desafio. Embora o volume de consumidores que relatam não ter condições de pagar dívidas atrasadas referentes a meses anteriores permaneça elevado, segue estável com 13% das famílias, o que demonstra que as reduções das taxas de juros e as renegociações de dívidas começam a surtir efeito. No entanto, quase metade (48,5%) dos consumidores com atrasos ainda possui dívidas atrasadas por mais de 90 dias, uma proporção que continua crescendo.
"As condições de consumo estão mais favoráveis, com a inflação mais baixa, mercado de trabalho formal absorvendo trabalhadores de menor instrução e juros em processo de queda. Esses fatores estão ajudando a melhorar as condições financeiras dos lares, reduzindo a necessidade de recorrer ao crédito", diz a economista da CNC Izis Ferreira. "As políticas de transferência de renda, como a valorização do Bolsa Família e os saques alternativos do FGTS, têm contribuído para aumentar a renda disponível e reduzir o número de consumidores endividados", completa. A Peic de outubro revela ainda que o cartão de crédito segue como a principal fonte de endividamento entre as famílias brasileiras, representando 87% do total de devedores. O crédito pessoal e o consignado bem como dívidas fora do sistema financeiro tradicional avançaram, ao passo que as outras modalidades perderam representatividade na carteira dos consumidores.
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