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Entenda por que a China não recua em cabo de guerra com os EUA

Motivo dessa atitude pode ser explicado por meio da VDC (Visão de Desenvolvimento da China) 2020-2050. A VDC foi citada em um artigo publicado na revista Tempo do Mundo, em 2020, onde os pesquisadores Xie Wenze e Li Hui explicam que a estrutura do plano é baseada em dois eixos: o horizontal, que representa a modernização econômica e a integração global; e o vertical, que visa à construção de uma "comunidade humana com destino comum". Para isso, o país aposta em três pilares: urbanização, industrialização e cultura de poupança; e em três princípios norteadores: abertura, compartilhamento e inclusão.

China quer, até 2050, se tornar uma economia avançada e de alta renda, projetando crescimento baseado em inovação tecnológica, fortalecimento do mercado interno e reformas estruturais. A urbanização crescente, a modernização industrial e a alta taxa de poupança são tratados como alicerces desse avanço, conforme o artigo.

"Este tipo de resposta enérgica deixa claro que a China não cederá à pressão unilateral, alavancando a posição como principal economia emergente e grande parceiro comercial de dezenas de países", aponta Barreto. Na prática, país apenas segue o plano de depender menos de importações, e menos ainda das que vem dos Estados Unidos, conforme o professor. Após anos de aprendizado desde o início da guerra comercial em 2018, o país investe em estimular o consumo doméstico, inovação tecnológica e cadeias de suprimentos autônomas.

Mudança já começou. País busca a autossuficiência em setores estratégicos, como semicondutores, baterias e inteligência artificial. O professor de Administração explica que o resultado dessa mudança econômica, chamada de "estratégia de dupla circulação", já começa a mostrar resultados. Em 2024, o consumo interno superou o investimento e as exportações como principal motor do crescimento, e mercados emergentes da Ásia e África passaram a representar mais da metade do comércio exterior chinês, diluindo o peso dos EUA. O PIB (Produto Interno Bruto) chinês subiu 5% no ano passado, dentro da expectativa do governo.

Isso indica a formação de um mercado doméstico muito maior, com uma economia mais orientada ao mercado doméstico. Com uma base de consumidores de 1,4 bilhão de pessoas e cadeias produtivas cada vez mais independentes, a China se capaz de absorver choques externos e manter o desenvolvimento mesmo sob tarifas altas.
Rodrigo Barreto, economista e professor de Administração da FEI (Fundação Educacional Inaciana)

Outro passo é a criação do "yuan digital", para reduzir a dependência do dólar. Por exemplo, os acordos feitos pela China com Rússia, Arábia Saudita, Irã e Brasil podem criar um ecossistema alternativo onde o dólar não é mais necessário. "Isso pode parecer sutil, mas é uma das estratégias mais ousadas do século 21", argumenta Carlos Rifan, presidente da Anapri (Associação Nacional dos Profissionais de Relações Internacionais), considerando que essa é uma forma de desacoplar pouco a pouco a economia chinesa do sistema financeiro controlado pelo ocidente, especialmente se acordos feitos dentro do conceito dos Brics (grupo de países de mercado emergente em relação ao desenvolvimento econômico) forem referenciados nessa moeda.

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