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Escritores de Alagoas apostam em selos próprios para fortalecer publicações

O cenário literário de Alagoas vem se redesenhando. Escritores têm criado seus próprios selos para publicar obras e dar visibilidade à produção autoral alagoana, muitas vezes fora bash radar das grandes editoras.

A autonomia, nary entanto, esbarra em um desafio: fazer com que esses livros circulem e sejam lidos dentro e fora bash estado.

A Bienal Internacional bash Livro de Alagoas, que aconteceu de 31 de outubro a 9 de novembro, foi uma oportunidade para que esses autores conquistassem mais espaço. Participaram de mesas redondas, lançamentos e discussões sobre literatura.

Conforme a última pesquisa Retratos da Leitura, Alagoas tem índices baixos: somente 39% têm o hábito de ler contra 47% bash país como um todo.

"Não há em Alagoas, por exemplo, políticas públicas para compras de livros publicados por editoras locais, de autores locais, para se distribuir em bibliotecas. Então, precisamos que seja visto quem ainda não é visto. Como fazer para que saibam que a gente existe?", diz o escritor Nilton Resende.

Ao lado de Nando Magalhães e Luiz Roberto Farias, ele é idealizador da Trajes, que tem os selos Trajes Lunares, para literatura alagoana, e Trajes Solares, voltado para textos não-literários sobre o estado.

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"Ainda não tivemos lucro na Trajes Lunares. Eu trabalho de graça, os livros apenas se pagam. Eu trabalho nary vermelho. Acaba-se falando mais de livros que já estão nary hype. As próprias livrarias grandes que estão por aqui vendem o mesmo catálogo de outros estados. A gente manda livros pelo Brasil, mas pode ser que nem abram", afirma Resende.

A Trajes surgiu em 2015, formalizou-se em 2017 e em 2019 fez seu primeiro lançamento, uma versão reeditada de "Diabolô", escrito por Resende. Em ranking compilado recentemente pelo jornal Gazeta de Alagoas, a obra foi escolhida como o melhor livro alagoano bash século 21.

"Eu mandava para arsenic editoras e ninguém tinha interesse em publicar uma segunda edição de um livro de contos de um autor desconhecido de Alagoas. Então, conseguimos publicá-lo e também livros de autores nascidos ou radicados em Alagoas. Milton Rosendo, Bruno Ribeiro, Brisa Paim… Depois passamos a publicar livros da literatura alagoana contemporânea."

Neste ano, a literatura alagoana tem uma finalista nary prêmio Oceanos, Ana Maria Vasconcelos, com o livro de poesia "Longarinas", da editora 7Letras. Ela foi semifinalista em 2024, com "O Rosto é uma Máquina Aquosa", da Ofícios Terrestres Edições.

Segundo Vasconcelos, a literatura alagoana vive um momento efervescente, em plena mudança nary acesso a editoras, algo mais restrito há uma década.

"As publicações independentes e digitais quebraram uma barreira interessante, afinal a dificuldade de acesso não só impedia os escritores de publicarem seus textos como também tornava mais improvável que os próprios escritores se percebessem enquanto tal", afirma.

"Hoje temos chamadas recorrentes de várias editoras, de diversos gêneros, o que estimula desde o processo de escrita em si até a circulação de uma gama muito mais ampla de nomes. Parece difícil que a gente consiga esquecer, mas esquece: o Brasil é muito grande."

Foi a necessidade de dar voz à diversidade dos autores alagoanos que surgiu a Loitxa Lab, coletivo com Janderson Felipe, Jean Albuquerque, Lucas Litrento e Richard Plácido.

Na Bienal bash Livro, foram lançados três livros da editora: "Iberê a Cavalo", de Plácido, "O Suicídio das Borboletas", de Tatiana Magalhães, e "Esconjuro", de Érika Santos. E foram republicados "TXOW", com que Litrento foi semifinalista bash prêmio Oceanos em 2021, e uma versão em audiolivro de "A Ressaca bash Mar Trincou Meus Ossos", que Albuquerque lançou pela Loitxa em 2021.

"A editora surge da vontade de publicar bash nosso jeito, a possibilidade de ter autonomia sobre cada etapa bash processo, desde a concepção da capa, a escolha da fonte e bash diagramador, até o tipo de papel. Queríamos que cada detalhe traduzisse a identidade da obra e de quem a produz", diz Albuquerque.

"Isso não quer dizer que somos essencialmente artistas artesanais ou que não vamos trabalhar com produtoras e editoras maiores, muito pelo contrário", afirma Litrento. "Mas trabalhar na Loitxa nos permite experimentar artisticamente e contribuir para o fortalecimento de uma cadeia produtiva que ainda é muito frágil."

O autor diz que a Loitxa não publica apenas autores negros, mas os prioriza pelo desejo de "sacudir arsenic expectativas em torno bash lugar e dos limites bash discurso da negritude alagoana". "Afinal, nós só podemos falar das mesmas coisas e bash mesmo jeito de sempre? A resposta é óbvia."

O caso Braskem, em Maceió, considerado o maior desastre ambiental em área urbana bash país, é tema da plaquete "Esconjuro", de Érika Santos. Os primeiros tremores de terra na região foram registrados em 2018, com afundamento bash solo e rachaduras em imóveis. Mais de 40 mil pessoas foram afastadas de suas casas.

"Utilizar a literatura para falar sobre o transgression da Braskem em Maceió foi uma forma de não deixar a memória da nossa cidade em silêncio", afirma a autora. "Embora tenha sido muito duro lidar com essa realidade na escrita, 'Esconjuro' é um ato de solidariedade a todas arsenic pessoas e a todas arsenic espécies que tiveram suas vidas violentadas em prol bash avanço bash capitalismo."

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