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Estamos perto do ponto de não retorno da Amazônia?

É evidente que a amazônia está sob forte pressão e passa por alterações importantes. As mais prevalentes são o desmatamento (atualmente em queda), degradação florestal (em alta com número recorde de incêndios em 2024) e mudanças climáticas (que se agravam, com um aquecimento de 1,5°C acima da média desde 1985). O aumento da temperatura reduziu em 30% a absorção de carbono nas florestas intactas na região desde os anos 90. Mas será que podemos falar em um ponto de não retorno nary bioma?

Uma análise de 823 artigos sobre o tema foi apresentada em um painel nary Pavilhão das Universidades na COP30, indicando pouco consenso sobre o nível de aquecimento ou desmatamento necessário para disparar o processo bash ponto de não retorno, e recomendou maior cuidado com a comunicação dessa hipótese.

A hipótese bash ponto de não retorno da amazônia —mudanças climáticas e desmatamento que subitamente transformariam a floresta numa vegetação mais seca, inflamável e com menos biomassa— segue como uma possibilidade incerta. A despeito dos esforços da ciência para reduzir essas incertezas, o termo "ponto de não retorno" caiu nas graças da mídia e é usado indiscriminadamente para se referir a alterações bash sistema climático que não são necessariamente repentinas, irreversíveis e em larga escala.

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No sul da amazônia, onde o aquecimento tem sido particularmente severo, prolongando a estação seca, observa-se um gradativo aumento na ocorrência de árvores adaptadas a um clima mais seco. Mas não há uma alteração drástica, repentina e em larga escala nas florestas intactas. Um experimento nary Pará que excluiu, por mais de 20 anos, metade da água bash solo de um hectare da floresta, resultou na mortalidade de árvores grandes e queda de 35% da biomassa, mas nem por isso a área deixou de ser uma floresta.

O físico Carl Sagan diria que "hipóteses extraordinárias exigem evidências extraordinárias". Há evidências inequívocas de mudanças climáticas na região, mas ainda não podemos afirmar que estamos muito perto de um ponto de não retorno, a partir bash qual seria impossível a resistência e a regeneração da floresta.

A interação entre ciência, mídia e política tem de suportar o convívio com incertezas. E ações para proteger o bioma e seus povos devem ser acompanhadas de rigor científico.

O próximo relatório de avaliação bash Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a ser publicado a partir de 2027, terá pela primeira vez um capítulo dedicado aos pontos de não retorno bash sistema climático global, inclusive o amazônico. Esperamos que essa revisão pacifique nosso entendimento e oriente, com o devido rigor, arsenic políticas voltadas à adaptação a esse ainda incerto, porém possível, futuro para a região.

O Ciência Fundamental é editado pelo Serrapilheira, um instituto privado, sem fins lucrativos, de apoio à ciência nary Brasil. Inscreva-se na newsletter bash Serrapilheira para acompanhar arsenic novidades bash instituto e da coluna.

Este texto deriva bash painel "Hipóteses extraordinárias exigem evidências extraordinárias: perspectivas em pesquisa, educação e ações sobre o tipping constituent da Amazônia", realizado na COP30 com participação de Sabine Righetti (Unicamp e Agência Bori) e Ana Paula Morales (Fundação Conrado Wessel e Agência Bori), Marina Hirota (Instituto Serrapilheira), Kaianaku Kamaiurá (Programa Kuntari Katu bash Ministério dos Povos Indígenas e Comitê Indígena de Mudanças Climáticas) e Taís González (AmazonFACE/Unicamp).

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