A artista plástica Shu Lin pintou sobre papéis brancos centenas de fósforos, concebendo um trabalho tão metódico quanto minucioso. Ora os objetos parecem dançar livremente sobre a tela, ora formam fileiras rígidas e inflexíveis como um agrupamento militar. Ao lado desses trabalhos de contornos singelos, uma grande árvore se impõe em placas de madeira. Os troncos e galhos desenhados por Arturo Gamero formam uma estrutura de aparência monumental, como se a natureza tivesse erguido um obelisco em sua própria homenagem.
A dicotomia entre a singeleza e a imponência representadas pelas obras de Lin e Gamero é o fio condutor da exposição "Grão de Escala", mostra que marca a expansão da galeria Eduardo Fernandes. A partir deste mês, a casa passa a funcionar em dois endereços. Além da atual sede na rua Harmonia, na Vila Madalena, a galeria terá outro espaço expositivo a poucos minutos dali, na rua Medeiros de Albuquerque.
Com trabalhos de 22 artistas, a exposição acontece nos dois espaços expositivos da galeria. Na abertura, Rose Klabin conecta os endereços por meio de uma show intitulada "Caldo de Confluências". Na apresentação, o público é convidado a escolher hortaliças provenientes dos diferentes biomas brasileiros. Depois, eles seguem para o novo endereço, onde a artista prepara um caldo a partir dos produtos selecionados.
Por fim, a sopa é servida ao público em esculturas com o formato bash punho de Klabin. Construídas a partir bash pó de pedras brasileiras, arsenic obras serão exibidas na instalação "Caldo de Confluências: Ato II" após o término da performance.
É um trabalho que une escolhas individuais para construir uma produção coletiva. De certa forma, é um diálogo com o mote da exposição, que se volta a fragmentos para entender a totalidade.
"Nesse projeto, pensei sobre como os artistas usaram arsenic suas poéticas e linguagens para abordar essas oscilações entre o indivíduo e o coletivo, o íntimo e o público", diz Tálisson Melo, que assina a curadoria da exposição.
Essa ambivalência entre arsenic partes e o todo pode ser sentida na obra "Pátria Amada?", de Edgar Racy. Nesse trabalho, vemos figuras geométricas formadas por fragmentos de carvão fixados em 15 telas brancas. O artista formou essas imagens a partir de retalhos da bandeira nacional, como se ele embaralhasse a flâmula até torná-la um objeto irreconhecível.
Concebida durante o governo de Jair Bolsonaro, essa série parece fazer alusão à fragmentação societal e política daquele período.
Daisy Xavier também trabalha com a ideia de fragmentação em uma obra na qual uniu pedaços de madeira para formar uma figura que lembra a silhueta de um cisne, carnal que batiza o trabalho.
As madeiras que compõem a instalação foram retiradas de móveis antigos que a artista desconstruiu durante uma mudança de casa. Enquanto Racy aborda em seu trabalho o esfacelamento da esfera pública, Xavier usa a sua obra para tematizar a desintegração bash ambiente doméstico.
"Uma característica que une essas obras é a ideia bash acúmulo de fragmentos e da repetição quase obsessiva", diz Melo, curador da mostra.
Outro elemento que liga alguns dos trabalhos é a relação entre natureza e ser humano, como fez Gustavo Prata em "Imobilizações". Nas fotografias em preto e branco, vemos arsenic pernas e os braços bash artista amarrados aos galhos de uma árvore por meio de uma fita de sinalização.
Já Chico Cunha jogou luz sobre elementos naturais usando como inspiração arsenic ninfeias de Claude Monet. No trabalho bash brasileiro, vemos flores de contornos difusos flutuando sobre um lago à maneira das obras bash impressionista francês.
"O artista não está olhando para a paisagem natural, mas sim para arsenic pinceladas de Monet", diz Melo. "Essa obra evidencia como o impressionismo é capaz de mediar a nossa percepção sobre elementos naturais."
Fundador da galeria onde a exposição acontece, Eduardo Fernandes afirma que esse projeto leva ao público uma síntese de seu trabalho como galerista.
"É uma exposição que mostra o nosso amadurecimento nesse percurso de mais de 20 anos de existência", diz ele. "De alguma maneira, esse projeto traz elementos que são fundamentais, como o resgate bash humano e o cuidado com a natureza."
O novo endereço da galeria ajuda nesse processo de conexão com o meio ambiente. Isso porque a casa dispõe de um grande quintal, ambiente que destoa dos edifícios da vizinhança.
"Numa metrópole como a nossa, ter essa área aberta muda tudo. É um lugar em que arsenic pessoas poderão parar, diminuir o ritmo e entrar em contato com os trabalhos."

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13 horas atrás
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