A decisão também desgastaria a imagem de Lula, que internacionalmente busca o papel de líder ambiental.
Lula acaba de enterrar sua pretensão de ser líder climático no fundo do oceano na foz do Amazonas.
Suely Araújo, ex-chefe do Ibama

O climatologista Carlos Nobre lembrou que a decisão pode acelerar a 'savanização' da Amazônia. Ela "está muito próxima do ponto de não retorno, que será irreversivelmente atingido se o aquecimento global atingir 2°C e o desmatamento ultrapassar 20%", diz ele, que é copresidente do Painel Científico para a Amazônia. Desde o período pré-industrial, o planeta já aqueceu aproximadamente 1,1 °C. "Além de zerar todo desmatamento, degradação e fogo na Amazônia, torna-se urgente reduzir todas as emissões de combustíveis fósseis."
A opção pelo petróleo contraria a necessidade de investir em energia renovável. "O Brasil tem a oportunidade de explorar seu enorme potencial de geração energética solar e eólica e se tornar uma potência mundial em energias sustentáveis. Não devemos desperdiçar essa oportunidade", diz Paulo Artaxo, físico, integrante do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), especializado em crise climática e Amazônia. "Abrir novas áreas de produção de petróleo vai auxiliar a agravar ainda mais as mudanças climáticas e certamente isso vai contra o interesse do povo brasileiro."

Cientistas e ambientalistas afirmam que o governo não investe o suficiente em energia renovável. "Ao contrário do que alegam, os recursos do petróleo pouco investem na transição, sendo apenas 0,06%", afirma Clara Junger, Coordenadora de Campanha no Brasil (iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis).
O Observatório do Clima promete recorrer à Justiça: "O governo será devidamente processado por isso nos próximos dias", diz a ex-presidente do Ibama.
"Vamos operar com segurança"
A Petrobras nega que a exploração colocará a foz do Amazonas em risco. "Vamos operar na Margem Equatorial com segurança, responsabilidade e qualidade técnica", disse em nota a presidente da estatal, Magda Chambriard.

Foram quase cinco anos até a obtenção da licença. "Nesse processo, a companhia pôde comprovar a robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente que estará disponível durante a perfuração em águas profundas do Amapá", escreveu a empresa em nota.
O ministério de Minas e Energia também diz que a região será preservada. "Fizemos uma defesa firme e técnica para garantir que a exploração seja feita com total responsabilidade ambiental, dentro dos mais altos padrões internacionais", afirmou o ministro Alexandre Silveira após a decisão. "O nosso petróleo é um dos mais sustentáveis do mundo, com uma das menores pegadas de carbono por barril produzido, assim como a nossa matriz energética altamente renovável, que é exemplo para o mundo."
O petróleo da Margem Equatorial servirá "para a segurança energética nacional", defende Silveira. "O Brasil não pode abrir mão de conhecer seu potencial", afirmou.
O plano de investimento da Petrobras 2025-2029 prevê US$ 3 bilhões na Marquem Equatorial. O valor inclui a perfuração do poço liberado hoje pelo Ibama. A perfuração "está prevista para ser iniciada imediatamente, com a duração estimada de cinco meses", diz a empresa.
A perfuração buscará informações geológicas. A avaliação dirá se há petróleo e gás suficiente na região para exploração econômica. Só depois dessa confirmação, haverá produção de petróleo na foz do Amazonas.

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2 semanas atrás
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