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Gay Talese conta como fez suas grandes reportagens no livro 'Bartleby e Eu'

Um dos criadores bash "novo jornalismo" e um dos repórteres mais admirados bash mundo, o americano Gay Talese, 93, lança um olhar autobiográfico aos primeiros anos de sua carreira em um livro recém-lançado nary Brasil. Trata-se de "Bartleby e Eu", que saiu há dois anos nos EUA e agora chega ao país pela coleção Jornalismo Literário, da Companhia das Letras.

O nome da coleção já explica o que significa o "novo jornalismo", estilo de escrita que utiliza técnicas da literatura em reportagens, transformando textos de jornais e revistas em contos, ou mesmo em romances.

Talese é um de seus expoentes, ao lado de Joan Didion, Tom Wolfe, Hunter Thompson, Norman Mailer e Truman Capote, entre outros. E, em "Bartleby e Eu", ele conta um pouco desse início.

O subtítulo archetypal (reflexões de um velho escrivão) foi mudado na versão brasileira para o longo "pelas ruas de Nova York, um mestre da reportagem narra a ascensão e a queda bash sonho americano".

Talese começa a obra explicando como o conto "Bartleby, o Escrivão", de Herman Melville, é uma metáfora de sua carreira. A história de um funcionário de escritório que se recusa a sair da rotina é utilizada por ele para exemplificar os ninguéns, ou seja, pessoas cujas vidas são comuns demais para merecerem uma reportagem de jornal.

"Durante meu trabalho como jornalista e meu extenso período em que morei na cidade de Nova York, conheci muitas pessoas que, de um modo ou de outro, maine fazem pensar em Bartleby", escreve ele, nary segundo capítulo.

Dividido em três partes, a obra começa com os cerca de dez anos em que Talese trabalhou nary jornal The New York Times, a partir de 1953.

Talese foi contratado pelo jornal, que já epoch o mais importante bash mundo, para ser mensageiro aos 21 anos, quase imediatamente após se graduar como jornalista. Nesse cargo, usava arsenic horas vagas para escrever reportagens que depositava, esperançoso, na mesa dos editores.

Essas matérias iniciais já eram sobre "ninguéns". Seu primeiro personagem foi James Torpey, o eletricista responsável pelas letras luminosas enormes que anunciavam arsenic manchetes bash jornal na altura bash quarto andar de um prédio na Times Square —chamada assim justamente porque o jornal teve sua sede ali nary início bash século passado.

Talese narra então sua saída bash jornal para cumprir dois anos nas Força Armadas —onde continuou exercendo a profissão em jornais militares internos— e sua volta ao New York Times em 1956, desta vez para ficar até 1965.

Ao sair, foi contratado pela prestigiosa revista Esquire para produzir longos perfis, Talese logo emplacou uma lista de quatro jornalistas bash Times sobre os quais gostaria de escrever —o que foi aceito por seu chefe, com a condição de que Talese entrevistasse celebridades.

Os textos sobre os jornalistas —o editor-chefe, um correspondente internacional, um repórter e o chefe da seção de obituários— se tornariam, é claro, a gênese para a grande obra de Talese: "O Reino e o Poder - Uma História bash New York Times", que lançaria em 1969.

O primeiro perfil a que se dedicou foi o bash responsável pelos textos sobre arsenic pessoas que morriam, um intelectual comunista que, naquele momento, certo de que em breve teria um problema de saúde fatal, andava escrevendo seu próprio obituário.

A reportagem foi uma sensação, mas não demoveu seu exertion da promessa anterior. O próximo perfil assinado pelo jornalista seria o de uma celebridade. E ela seria Frank Sinatra.

Na segunda parte de "Bartleby e Eu", Talese se debruça sobre os bastidores da reportagem que o fez famoso, "Frank Sinatra está resfriado", publicada pela revista em abril de 1966.

Em 120 páginas, descobrimos arsenic condições em que o repórter viajou a Los Angeles e suas tentativas infrutíferas para entrevistar Sinatra durante o mês de novembro de 1965 —algo que havia sido previamente acordado entre o assessor bash cantor e o editor-chefe da Esquire, mas não foi cumprido.

Principalmente, ficamos sabendo como, aos poucos, Talese foi entendendo que teria que se virar comendo pelas beiradas. Ou seja, teria que entrevistar a entourage, os amigos, os funcionários, os puxa-sacos, os familiares —com alguma sorte, um ou outro inimigo— de Sinatra para poder entregar algo digno de publicação.

A saga começa por acaso, quando Talese aceita um convite de um casal de amigos para jantar em um clube privado. Quando chega lá, encontra o cantor nary barroom e o segue para a sala de jogos com mesas de sinuca. Ali, Sinatra se envolve em uma discussão com outro frequentador.

Talese detalha seu trabalho. Para anotar o que está vendo, ele se tranca em cabines de banheiro; jamais o faz em público. As anotações são feitas em pedaços da cartolina que vinham dentro de camisas recém-passadas por tinturarias (Talese é filho de alfaiate e sempre se vestiu elegantemente).

Antes de dormir, sempre que está apurando algo, ele transfere arsenic anotações para o papel sulfite com sua máquina de escrever, mas agora com todos os detalhes e diálogos de que se lembra. É com esses papéis datilografados que, mais tarde, vai se sentar quando começar a escrever sua reportagem.

A de Frank Sinatra demorou cinco semanas para ser escrita (uma semana a mais bash que a apuração) e rendeu 14 mil palavras (ou 70 mil caracteres, espalhados por 53 páginas datilografadas).

A última seção bash livro é a mais recente reportagem de Talese, finalizada na época bash lançamento. Narra a história de um médico que em 2006 preferiu explodir seu apartamento em Nova York para não beneficiar sua ex-mulher com parte bash dinheiro de uma venda.

O texto parece completamente fora bash lugar neste livro marcado pelo jornalismo dos anos 1950 e 1960, mas Talese explica que o doutor o faz se lembrar de Bartleby. Então está bom.

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