De Caxias do Sul
Com a expectativa do fim do ciclo da globalização intensiva, a economia mundial deve ser conduzida pela geopolítica, que já começa a se manifestar por meio das medidas do atual governo dos Estados Unidos. A análise foi feita pelo empresário, cientista social, diplomata e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do BRICS, Marcos Prado Troyjo, na solenidade de abertura da Mercopar, na terça-feira (14), em Caxias do Sul. "Neste momento é preciso entender as forças da micro geopolítica, que se estende por quatro a cinco anos, e da macro geopolítica, que é de longo prazo, de 20 a 25 anos", explicou.
A micro geopolítica se caracteriza pelo momento atual, definido por Troyjo, como a trumpulência, uma mescla de turbulência, opulência e incoerência. Para ele, as medidas adotadas pelo presidente norte-americano não devem dar certo no médio prazo. "A economia dos Estados Unidos não está em declínio. Em 2025, a renda per capita do norte-americano era 10% superior à da Zona do Euro; em 2025 é o dobro. No ranking das 10 maiores empresas do mundo, quatro eram norte-americanas, quatro europeias e duas asiáticas. Hoje, nove são dos Estados Unidos e uma é árabe", frisou.
No entendimento do cientista político, o maior problema é a incoerência das medidas pela adoção de uma política restritiva, o que leva à instabilidade das regras. Projeta que o objetivo de atrair o retorno das empresas não deve ser atingido pela necessidade de grandes investimentos que cada uma terá de fazer. Mas a saída de empresas da China, segundo Troyjo, vai ocorrer em função da nova política adotada pelo governo de estimular o consumo interno.
Neste movimento, de acordo com o economista, reside a grande oportunidade de o Brasil atrair parte destes investimentos. Mas atentou para um problema que pode se tornar obstáculo: a carga tributária. Mesmo com a reforma, o Brasil seguirá tendo índices elevados, na casa dos 33%, abrindo espaço para outros países atraírem os investimentos. O próprio Estados Unidos, que deve reduzir sua carga de 22% para 17% em três anos. "A competitividade industrial do Brasil será afetada. Se nada for feito vamos perder estas oportunidades", registrou.
Na análise da macro geopolítica, Troyjo destaca que quatro países têm condições de atender, principalmente, a necessidade de alimentar a população mundial, que sairá dos 8 bilhões para 10 bilhões de habitantes em 2050, crescimento concentrado em nove países, como Índia, Paquistão, Indonésia, Estados Unidos, Tanzânia, Nigéria e Congo. Dos quatro países capazes de suprir esta população, apenas o Brasil está apto para atender a demanda. Os demais – Índia, China e Estados Unidos – apresentam problemas que dificultam o aumento da produção da agroindústria.
Outro aspecto da macro geopolítica é conhecido por Highlander, filme de 1986 que mesclava momentos atuais com as dificuldades de infraestrutura da era medieval. O diplomata destacou que a situação de hoje é semelhante: a robótica, a digitalização e a inteligência artificial se consolidam no mundo atual, mas elevando, de forma significativa, a necessidade de energia. "Água, mineração e energia são demandas deste novo momento de centros de dados espalhados por todo o mundo. E o Brasil é detentor de grandes estoques de fontes renováveis. As oportunidades estão aí, mas os grandes desafios são internos", assinalou.
Vice-governador cobra igualdade em benefícios entre os estados

Vice-governador Gabriel Souza defendeu a necessidade de o Rio Grande do Sul também ser contemplado com um fundo constitucional ZE CARLOS DE ANDRADE/DIVULGAÇÃO/JC
Na solenidade de abertura, o vice-governador Gabriel Souza defendeu a necessidade de o Rio Grande do Sul também ser contemplado com um fundo constitucional ou com incentivos fiscais, como ocorre com outros estados. "Não é uma reclamação, somente uma constatação de um problema que vem de vários governos", argumentou.
O vice-governador destacou que 84% do território gaúcho sofreu, nos últimos anos, com enchentes e estiagem. Ainda cobrou do governo federal uma ação mais contundente em relação aos 3 mil quilômetros de ferrovias do Estado, dos quais apenas 920 estão em uso. Fez referência à liderança nacional do Rio Grande do Sul em inovação, citando o investimento do governo, neste ano, de R$ 360 milhões na área, cinco vezes maior do que média histórica dos últimos anos.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Cláudio Bier, ressaltou a grandiosidade da feira desde a sua criação, em 1992, com a superação dos momentos de crise, como pandemia e enchentes, e ampliando os resultados aos expositores em períodos de prosperidade. Anunciou que micro e pequenas indústrias terão gratuidade garantida na próxima feira de Hannover com incentivos do Sebrae Nacional. O presidente do Sebrae RS, Luiz Carlos Bohn, participou por meio de uma mensagem gravada. Também estiveram presentes o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, e o presidente do Conselho Deliberativo Nacional, José Zeferino Pedrozo; e o vice-presidente executivo da Confederação Nacional da Indústria, Jamal Jorge Bittar.
A 35ª edição já tem data marcada: 20 a 23 de outubro de 2026. A feira prossegue até sexta, no Parque de Eventos da Festa da Uva, das 13h às 20h. O acesso é gratuito, mediante inscrição: https://mercopar.com.br/app/evento/paginas/inscricao.

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