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'Gera um liberou geral que vai afetar a anistia pretendida por Bolsonaro', diz jurista sobre asilo a ex-primeira-dama do Peru

Nadine é esposa de Ollanta Humala, que presidiu o país de 2011 a 2016. Os dois foram condenados a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um caso envolvendo a construtora brasileira Odebrecht (atualmente Novonor) e o governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.

Para Maierovitch, a decisão de abrigar a ex-primeira-dama pode gerar reflexos na tentativa de anistia para condenados do 8 de janeiro.

"Essa decisão de acolhimento gera um liberou geral que vai afetar a anistia pretendida pelo Bolsonaro usando como massa de manobra aqueles que estão condenados pelo 8 de janeiro. É uma porta aberta, é um liberou geral", diz o jurista.

De acordo com ele, a condenação de Nadine envolve caixa 2 em uma eleição, o que significa que ela atentou contra a democracia e ao estado democrático de direito. Assim sendo, segundo o jurista, há certa correlação com os envolvidos no 8 de janeiro.

"Nós temos que nos situar no tempo. O que nós vivemos no Brasil? Nós tivemos uma reação e ainda estamos tendo que reagir nos ataques contra a democracia, o estado democrático de direito. É o 8 de janeiro, onde se teve uma tentativa de golpe [de estado]", compara.

As defesas dos réus pela tentativa de golpe de Estado e pelos ataques do 8 de janeiro alegam, assim como Nadine, que eles são vítimas de perseguição política.

Maierovitch detalha que o direito internacional possibilita casos de asilo político desde a metade do século passado. No entanto, avalia que este caso não se enquadra nas possibilidades previstas.

"O que está escrito na Convenção das Nações Unidas, que é de 1954, é que só cabe asilo político para perseguidos. Não se abre nenhuma outra exceção para que ocorra o acolhimento. Então, perseguição política [à ex-primeira-dama do Peru], evidentemente, não há", disse.

Nadine Heredia e Ollanta HumalaDireito de imagemAFP/GETTY IMAGES Image caption Casal responde por associação criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo doações irregulares da construtora brasileira Odebrecht — Foto: Reuters/Mariana Bazo

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Peru, Nadine Heredia se dirigiu à embaixada brasileira em Lima para solicitar asilo. Quando houve a comunicação entre os dois governos, ela já havia sido condenada.

Procurado, o Itamaraty não confirma oficialmente o status dado a Nadine Heredia. Fontes na diplomacia dizem que o status poderá ser de "asilada política" ou "refugiada".

Ex-primeira dama do Peru pede asilo em embaixada do Brasil

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