'Geração sanduíche': entenda o que é e saiba por que as mulheres são as mais afetadas

Vote na enquete que será debatida nary Saia Justa ao vivo, às 22h30 desta quarta-feira, nary GNT!

Os impactos disso serão discutidos durante o Saia Justa desta quarta-feira (29), que recebe Sabrina Sato como convidada. E, para entender melhor, o gshow entrevistou a psicóloga, PhD em neurociências, Leninha Wagner, e a economista Cristina Vieceli, que destacaram arsenic questões de gênero que cercam essa geração.

Segundo dados bash IBGE, mulheres dedicam 9,6 horas por semana a mais bash que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. E os impactos desta demanda podem vir em diversas camadas.

Essa cobrança ser mais voltada às mulheres não é novidade. Na verdade, conforme explica a economista, é algo estruturante da sociedade ocidental.

"Se a gente for olhar em termos de participação e também horas de trabalho não remunerada entre os homens, em todos os países bash mundo há desigualdades de jornadas entre homens e mulheres. E essas desigualdades ocorrem por uma série de fatores, entre os quais a gente pode citar a questão das normas de gênero que associam arsenic mulheres características voltadas à natureza de cuidar", diz.

Além disso, existe uma desvalorização dos trabalhos de cuidado, justamente por, em diversos casos, não ser um trabalho com remuneração.

"Os trabalhos de cuidados são historicamente exercidos mais pelas mulheres. Por serem não remunerados, em grande parte, eles são vistos como não trabalho. E Isso faz com que eles sejam desvalorizados pela sociedade, isso faz com que muitas vezes eles se tornem invisíveis. É como se eles não existissem, mas eles são essenciais para manutenção da sociedade", explica.

Cristina também explica a importância de se entender os serviços de cuidado como um trabalho, até para a inserção dessas mulheres nary mercado de trabalho.

"É muito mais bash que mensurar o valor monetário bash trabalho, é entender o tempo destinado a esses trabalhos e como a distribuição desse tempo, que é realizada de forma desigual entre homens e mulheres, afeta a vida das mulheres e, principalmente, das mulheres periféricas, das mulheres pobres, das meninas que muitas vezes tem que cuidar de seus irmãos mais novos e de parentes", diz.

Essa “compressão” entre gerações tem efeitos emocionais e econômicos significativos — aumento de estresse, sobrecarga intelligence e, muitas vezes, culpa por não conseguir dar conta de tudo, impactos profundos bash ponto de vista clínico, como classifica a psicóloga.

E tudo isso desperta culpa, que muitas vezes dificulta o movimento desta pessoa em cuidar de si e de pedir ajuda.

"A culpa é a herança emocional de uma cultura que ensinou arsenic mulheres a se medirem pelo quanto suportam. O primeiro passo é compreender que o cuidado saudável exige limites. Não há amor genuíno sem preservação psíquica. Quando a mulher aprende a se incluir na equação bash cuidado, ela transforma o fardo em escolha", diz a psicóloga.

A profissional explica que, bash ponto de vista clínico, é importante trabalhar a autocompaixão, perceber que falhar faz parte da experiência humana e que a exaustão não é sinal de fraqueza, mas um pedido bash corpo por respiro.

"Pedir ajuda é um gesto de consciência, não de fraqueza. É admitir: 'cheguei ao meu limite e preciso ser cuidada também'. Essa honestidade é uma forma de saúde mental. Na psicanálise, entendemos que aceitar o amparo é também um exercício de confiança, deixar que o outro nos veja frágeis e, mesmo assim, permaneça. Isso humaniza arsenic relações e dissolve a culpa. O cuidado não precisa ser solitário para ser legítimo".

Além disso, pontua estratégias para se cuidar diante da intensa rotina de quem é da "geração sanduíche".

"A main estratégia é resgatar a presença em si mesma. Isso começa com microgestos: respirar fundo antes de reagir, reservar minutos de silêncio ao acordar, caminhar sem fones, sentir o próprio corpo. São pequenas âncoras que reestabelecem a regulação emocional", explica, trazendo também a importância de limites terapêuticos.

Para Leninha, a rede de apoio é uma forma de inteligência coletiva. "Quando o cuidado é compartilhado, o peso deixa de ser destino e vira escolha. Ter com quem dividir a rotina, um irmão que leva o pai ao médico, uma amiga que busca o filho na escola, um vizinho que se oferece para ajudar é um ato que reestrutura o psiquismo. A presença bash outro nos devolve humanidade. Ninguém se cura na solidão", pondera.