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Golpe da 123 Milhas? Revisão de créditos acaba em breve; veja como agir

A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) emitiu um alerta urgente aos consumidores atingidos pelo colapso da 123 Milhas: há apenas dois dias para revisar créditos na plataforma oficial do processo de recuperação judicial. O prazo termina em 10 de dezembro de 2025, e a participação é obrigatória para quem deseja garantir seus direitos no processo que envolve cerca de 800 mil credores e dívidas de R$ 2,4 bilhões.

A Fase Administrativa de Revisão de Crédito deve ser feita exclusivamente pelo site rj123milhas.com.br, sem custo. Pedidos enviados diretamente ao processo judicial serão rejeitados. A DPMG reforça que não é necessário contratar advogado para esta etapa. Tudo pode ser feito digitalmente pelo próprio consumidor. Veja o passo a passo a seguir.

 consumidores têm até 10/12 para conferir e corrigir valores na plataforma oficial antes da consolidação dos créditos — Foto: Mariana Saguias/TechTudo 123 Milhas: consumidores têm até 10/12 para conferir e corrigir valores na plataforma oficial antes da consolidação dos créditos — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

Como revisar os créditos da 123 Milhas

A Defensoria Pública orienta que todos os consumidores lesados sigam este passo a passo:

Entre em rj123milhas.com.br e localize a lista de credores. Verifique se seu nome consta no cadastro.

Analise se o valor e a classificação do crédito atribuído estão corretos. Se estiverem, não é necessário fazer nada nesta fase — basta aguardar os próximos passos do processo.

3. Em caso de erro ou ausência

Se houver inconsistências nos valores ou se seu nome não aparecer na lista, será preciso juntar documentos que comprovem a dívida:

  • Vouchers de compra
  • Comprovantes de Pix ou transferências bancárias
  • Faturas de cartão de crédito
  • E-mails de confirmação de reserva

Envie os documentos pela plataforma e solicite a revisão ou inclusão do crédito. Lembre-se: qualquer pedido enviado diretamente ao processo judicial não será aceito.

Questão dos chargebacks ainda sem solução

A DPMG informou que foi instaurada uma mediação específica para definir o destino dos valores retidos por bancos após consumidores contestarem compras via chargeback (estorno no cartão de crédito). A mediação envolve as empresas do grupo, instituições financeiras, bandeiras de cartão e entidades de defesa do consumidor. Novas informações serão divulgadas quando houver avanços nas negociações.

Relembre: o que aconteceu com a 123 Milhas

Em 18 de agosto de 2023, a 123 Milhas surpreendeu o mercado ao anunciar a suspensão imediata dos pacotes e passagens da linha "PROMO", que oferecia datas flexíveis com preços muito abaixo do mercado. A medida atingiu viagens já programadas para o período entre setembro e dezembro de 2023.

A empresa justificou a decisão alegando fatores econômicos adversos: pressão da demanda, aumento expressivo no preço das tarifas aéreas e juros elevados. Na prática, a 123 Milhas não conseguia mais encontrar passagens e hospedagens nos valores promocionais oferecidos aos clientes.

O impacto foi devastador: estima-se que entre 800 mil e 1 milhão de consumidores foram prejudicados. Muitos só descobriram o cancelamento quando estavam a caminho do aeroporto ou já haviam chegado ao destino e foram barrados nas hospedagens.

Reembolso ilegal e reação das autoridades

Como forma de compensação, a empresa ofereceu apenas vouchers não acumulativos — uma prática considerada ilegal pela legislação brasileira, já que o cancelamento partiu da própria 123 Milhas e não dos clientes. Pela lei, consumidores têm direito ao reembolso integral em dinheiro.

A reação das autoridades foi imediata:

  • 21 de agosto de 2023: O Procon-SP notificou a empresa exigindo esclarecimentos
  • Ministério do Turismo: Suspendeu o cadastro da 123 Milhas no Cadastur, impedindo acesso a linhas de crédito de bancos públicos
  • CPI das Pirâmides Financeiras: Investigou a empresa por indícios de operação em esquema fraudulento

Recuperação judicial e demissões em massa

Em 31 de agosto de 2023, apenas 13 dias após anunciar a suspensão dos serviços, a 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte aceitou o pedido de recuperação judicial da 123 Milhas. O processo envolveu também outras empresas do grupo:

  • Art Viagens (HotMilhas)
  • Novum (holding controladora)
  • Maxmilhas
  • LH Lance Hotéis

O valor inicial da recuperação foi estimado em R$ 2,3 bilhões, posteriormente atualizado para R$ 2,4 bilhões. O processo enfrentou duas suspensões — entre setembro e dezembro de 2023, e novamente em janeiro de 2024 — devido a disputas sobre a escolha dos administradores judiciais.

Paralelamente, em 28 de agosto de 2023, a empresa promoveu demissões em massa. Mais de mil funcionários foram desligados de forma abrupta, em um movimento que a direção classificou como "reestruturação interna".

 Mariana Saguias/TechTudo 123 Milhas: Defensoria de MG alerta consumidores sobre prazo final para revisar créditos; entenda o que fazer — Foto: Mariana Saguias/TechTudo

O plano de recuperação judicial

Protocolado em 26 de dezembro de 2024, o plano de pagamento estabelece diferentes modalidades para quitar os credores:

Classe Trabalhista (ex-funcionários)

Pagamento integral em 12 parcelas mensais corrigidas pelo IPCA, a partir da homologação do plano.

Classe Quirografária (consumidores, fornecedores e bancos)

Os credores desta classe, que representa a maioria dos 800 mil atingidos, podem escolher entre três opções:

Opção A – Pagamento integral com cashback

  • 100% do valor devido em 12 parcelas semestrais
  • Início: 6 anos e meio após a homologação do plano
  • Benefício adicional: cashback mínimo de 4% para compras futuras de passagens, hospedagens ou intermediação de milhas

Opção B – Pagamento com desconto

  • Desconto de 40% sobre o valor total devido
  • Pagamento em 12 parcelas semestrais
  • Início: 1 ano e meio após a homologação

Opção C – Pagamento antecipado limitado

  • Valor máximo de R$ 450 por credor
  • Pagamento em 10 parcelas semestrais
  • Início: 2 anos e meio após a homologação
  • Limitado a R$ 120 milhões no total (quando atingir esse teto, a opção se encerra)

Situação atual: o que mudou desde 2023?

Dois anos após o início da crise, o caso da 123 Milhas é considerado a maior recuperação judicial do Brasil em número de credores. No entanto, os avanços práticos para os consumidores ainda são limitados:

  • Nenhum pagamento foi realizado até o momento
  • Não há prazo definido para o início das quitações
  • O processo continua em fase de ajustes e validação de créditos

Segundo a própria empresa, desde agosto de 2023, o Grupo 123 passou por intensa reestruturação operacional e conseguiu embarcar quase 3 milhões de pessoas em voos adquiridos após a crise — um sinal de que mantém operações, ainda que em escala reduzida.

Termo de adesão: agilizar ou aguardar?

Paralelamente à fase de revisão de créditos, os consumidores também podem optar por aderir antecipadamente ao plano de pagamento proposto pela 123 Milhas. A adesão não é obrigatória e não está vinculada ao prazo de 10 de dezembro.

Quem concordar com alguma das três opções de pagamento pode assinar o Termo de Adesão pela plataforma digital. Essa assinatura implica aceitação integral do plano e dispensa a participação na futura Assembleia Geral de Credores (AGC), onde o plano será votado.

Por outro lado, quem discordar das condições oferecidas deve aguardar a AGC, momento em que o plano poderá ser discutido, alterado, aprovado ou rejeitado pelos credores presentes. O sistema de votação será híbrido, permitindo participação presencial ou virtual.

Com o prazo se encerrando em 10 de dezembro, a DPMG reforça três pontos essenciais:

  1. A Revisão Administrativa é obrigatória para quem deseja garantir seus direitos no processo
  2. A plataforma digital "rj123milhas.com.br" (sem aspas) é o único canal válido — pedidos por outros meios serão ignorados
  3. A falta de conferência pode deixar o consumidor sem direito a valores futuros, mesmo que ele tenha sido lesado

Para quem tiver dúvidas sobre o processo, a Defensoria Pública disponibiliza canais de atendimento e já publicou cartilhas explicativas sobre como proceder em cada etapa da recuperação judicial.

O caso da 123 Milhas permanece como um dos maiores escândalos do setor de turismo brasileiro, expondo fragilidades na regulação de agências online e deixando lições sobre os riscos de ofertas que parecem boas demais para ser verdade.

  • Acesse: rj123milhas.com.br
  • Prazo final: 10 de dezembro de 2025

A administração judicial não liga, não manda WhatsApp, não pede senha, código ou dados bancários. Qualquer contato dessa maneira é fraude. A Defensoria Pública de Minas Gerais preparou orientações gratuitas. Acesse o site "defensoria.mg.def.br" (sem aspas) e pesquise por "123 Milhas".

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